domingo, 22 de novembro de 2015

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Dia Mundial da Filosofia na Escola Secundária Madeira Torres (2)

Algumas fotos da nossa exposição na BECRE

Cartaz da celebração na nossa escola, Mensagem de 2015 da Diretora Geral da UNESCO e texto «Porquê um dia mundial da Filosofia»


Exposição de trabalhos dos alunos -visão panorâmica




Filmes para Pensar


Caverna Contemporânea - Instalação

terça-feira, 17 de novembro de 2015

DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA 2015 (1)

Celebra-se esta quinta feira, dia 19 de novembro, o Dia Mundial da Filosofia.




Dia Mundial da Filosofia

Pluralidade das linguagens e dos lugares da filosofia

19 novembro 2015

Mensagem de Mme Irina Bokova
Directora geral da UNESCO,
por ocasião do Dia Mundial da Filosofia

A convicção de que a filosofia pode trazer uma contribuição essencial ao bem-estar da humanidade, esclarecer os desafios complexos e fazer progredir a paz está no centro do Dia Mundial da Filosofia.(…)
A UNESCO considera a filosofia como um vetor de emancipação individual e coletiva. Pois pensar, refletindo sobre o pensamento, é filosofar, e nós fazemo-lo constantemente, movidos pelo (…) espanto. A filosofia é o diálogo suscitado por este espanto, que é mantido de época para época com a arte e a literatura, que anima os debates consagrados aos desafios sociais e políticos, e que é praticado por todos, sem formação especializada, muito para além das salas de aula. Tal é a mensagem da UNESCO hoje: devemos celebrar alto e bom som os méritos da filosofia, a fim de acordar o interesse de cada mulher e de cada homem e, sobretudo, de cada jovem. Devemos dar a conhecer em maior escala, e de maneira diferente, as maravilhas da filosofia. (…)
Trabalhamos para que a filosofia, a mais antiga das disciplinas, toque um público mais amplo graças às tecnologias de ponta, por exemplo, os instrumentos de ensino on line inspirados no Manuel de philosophie : une perspective Sud-Sud da l’UNESCO(2015) (…).
A UNESCO foi criada há setenta anos, num mundo em reconstrução após uma guerra devastadora, na base de uma nova conceção de futuro, ancorada na paz e assente na solidariedade intelectual e moral dos povos.
A filosofia esteve sempre no centro do mandato da Organização, sendo o seu objetivo oferecer a cada um, homens e mulheres indistintamente, ocasião de auto descoberta e de descoberta dos outros, de compreender as mudanças e de tirar partido delas para tornar possível um futuro melhor para todos.
Mahatma Gandhi disse um dia: «Toda a nossa filosofia é tão seca como poeira  se ela não se traduz imediatamente em atos ao serviço da vida»
Sempre foi esta a mensagem da UNESCO, e ela nunca foi tão importante como hoje.
Irina Bokova

(tradução do francês da responsabilidade do Grupo Disciplinar de Filosofia da Escola Secundária de Madeira Torres)

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Fernando Gil


Fernando Gil (1937-2006)
(imagem retirada de https://www.fct.pt/apoios/premios/fernando_gil/)

Todos os anos surge a pergunta:
- Há filósofos portugueses?
Este ano não foi exceção.
Por acaso, após resposta afirmativa, o primeiro nome que me surgiu foi o de Fernando Gil.

Não por acaso, encontro no blogue Páginas de Filosofia (http://www.paginasdefilosofia.net/na-logica-de-fernando-gil/), publicado hoje, a seguinte referência

 Fernando Gil (1937 – 2006) foi filósofo e ensaísta, autor de vários livros em português e francês que abarcam temas como a epistemologia ou estética, a filosofia moral e política. É um dos grandes nomes do pensamento filosófico português do século XX, que se dedicou ao estudo da objetividade do conhecimento. Frequentou cursos em universidades da África do Sul, Portugal e França. Estudou sociologia, direito e filosofia. Doutorou-se na Sorbonne com a tese “La logique du Nom”, publicada em 1972. Traduziu vários autores estrangeiros, entre eles Karl Jaspers. Uma das suas obras mais marcantes é o ensaio “Mimésis e Negação” de 1984. Foi alvo de várias distinções portuguesas e estrangeiras. Após a sua morte, o Governo Português criou o Prémio Internacional Fernando Gil em Filosofia da Ciência.

Esta notícia, por sua vez, foi retirada de http://ensina.rtp.pt/artigo/na-logica-de-fernando-gil/, onde se pode ver um pequeno video sobre Fernando Gil.


Fernando Gil é irmão de José Gil, que é também filósofo. Este último, em 2005, foi considerado pela revista francesa Le Nouvel Observateur um dos 25 grandes pensadores de todo o mundo. Muito em breve, dedicar-lhe-emos uma publicação no nosso blogue.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

III Edição do Prémio Nacional do Ensaio em Ética e Filosofia






Do site da DGE (http://www.dge.mec.pt/noticias/ensino-secundario/iii-edicao-do-premio-nacional-do-ensaio-em-etica-e-filosofia) retirámos esta notícia, que pode interessar aos nosso alunos.

Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática - APEFP, com o objetivo de sensibilizar os jovens para a reflexão e a criatividade, lança, este ano letivo de 2015/2016, a III Edição do Prémio Nacional do Ensaio em Ética e Filosofia Prática.
Este concurso destina-se a alunos e alunas dos Cursos Científico-Humanísticos do ensino secundário dos estabelecimentos de ensino públicos e do ensino privado e cooperativo.
O Prémio tem como objetivo eleger, sob um critério de mérito, o melhor ensaio, submetido pelas escolas a concurso, sobre um problema ético e/ou filosófico prático, ou seja, remetendo para questões que interessam a toda a sociedade, e este ano é subordinado ao tema:
O que pode fazer a Filosofia pela Tolerância e Paz Mundial?
As candidaturas poderão ser apresentadas pelas escolas à APEFP até ao dia 31 de março de 2016.
Destacando a importância das duas edições anteriores, divulga-se esta iniciativa, relembrando a possibilidade serem entregues aos concorrentes:
- Prémios monetários para o Ensaio vencedor e para o Ensaio com Menção Honrosa.
- Publicação dos Ensaios em Livro, a editar em Junho de 2016.
- Diplomas.
- Entrega dos Prémios em Cerimónia Pública.
Para mais informações, consultar o Regulamento em: http://www.apefp.org/


sábado, 26 de setembro de 2015

O primeiro filósofo

Tales de Mileto





Na nossa última publicação, ficámos com a pergunta que os primeiros filósofos fizeram

Haverá um elemento primordial a partir do qual tudo é gerado?

imagem retirada de http://www.infopedia.pt//apoio/recursos/rfa_2035.jpg
Quem primeiro respondeu a esta pergunta, segundo sabemos, foi Tales.
Tales, nascido na colónia grega de Mileto, no século VII a. C.. Tales de Mileto, portanto.
Tales é também conhecido como astrónomo e matemático. Quem não conhece (pelo menos de nome!) o teorema de Tales? Mas Tales não se ficou apenas (!) pela resolução de problemas particulares, como por exemplo, calcular a altura de uma pirâmide no Egipto ou prever um eclipse do Sol. Não, Tales queria encontrar resposta para um problema bem mais complexo como o da origem do Cosmos, palavra grega que continua a significar para nós Mundo ou Universo. O que o distingue como filósofo é precisamente esta necessidade de encontrar uma explicação total, que possa dar conta da existência do universo e das coisas nele existentes. Rejeitou as explicações míticas, as explicações que reconduziam a origem do universo e das coisas a uma ação de elementos acima da natureza (dizemos sobrenaturais). Baseado na observação dos fenómenos naturais e confiante na sua própria e humana capacidade de compreensão e de explicação, dizemos, na razão, Tales teria considerado que tudo teria tido origem na água e que a água seria elemento constituinte de todas as coisas.  Assim, a água seria o elemento primeiro (arquê) do qual tudo se teria originado e a água estaria presente em todas as coisas. Enquanto elemento constituinte de todas as coisas a água seria entendida como substância, quer dizer aquilo que subjaz em tudo e aquilo que permanece. Diremos, então, que para os primeiros filósofos há uma matéria de que todas as coisas são feitas e há um princípio de onde todas derivam. Para Tales, teria sido a água.

Data e local de nascimento da filosofia

Quando e onde nasceu a filosofia?




Mapa da Grécia Antiga
Retirado de http://mphmtshistory.weebly.com/history-9-links.html
Já aqui temos falado de «O Mundo de Sofia» de Jostein Gaarder. Decidimos, a partir de hoje, transcrever regularmente alguns excertos, com algumas adaptações. Comecemos com as origens históricas desta área de saber a que damos o nome de Filosofia.

«Vemos a filosofia como uma forma completamente diferente de pensar, que surgiu aproximadamente em 600 a.C. na Grécia. (...)
Para compreendermos o pensamento dos primeiros filósofos, temos de compreender igualmente o que significa ter uma conceção mítica do mundo. Tomaremos como exemplo algumas conceções míticas da Europa do Norte.(...)
Certamente já ouviste falar de Thor e do seu  martelo. Antes de o cristianismo chegar à Noruega, os homens, aqui no Norte, acreditavam que thor viajava pelo céu num carro puxado por dois bodes. Quando ele brandia o seu martelo, seguiam-se raios e trovões. (...)
Quando troveja ou relampeja, também chove. Isso podia ser indispensável à vida para os camponeses da época dos Vikings. Por isso, Thor era venerado como deus da fertilidade.
A resposta mítica à pergunta porque é que chove, era: Thor brandiu o seu martelo. E quando a chuva vinha, as sementes germinavam e cresciam nos campos. (...)
Passámos um olhar sobre a mitologia nórdica, mas havia representações míticas como estas em todo o mundo antes de os filósofos começarem a criticá-las. Também os Gregos tinham uma conceção mítica do mundo, quando surgiram os primeiros filósofos. Durante séculos, uma geração transmitia à seguinte as histórias dos deuses. Na Grécia, as divindades chamavam-se Zeus e Apolo, Hera e Atena, Dionísio e Asclépio, para citar apenas alguns. (...)
Nesta época, os Gregos fundaram muitas cidades-estado na Grécia e nas suas colónias da Itália meridional e da Ásia Menor. Aí os escravos executavam todo o trabalho físico, e os cidadãos livres podiam dedicar-se à política e à cultura. Com estas condições de vida, a maneira de pensar dos homens mudou: cada indivíduo podia colocar a questão de como a sociedade devia ser organizada. Do mesmo modo, podia também colocar questões filosóficas, sem ter de recorrer aos mitos tradicionais.
Dizemos que se deu um desenvolvimento de um modo de pensar mítico para um género de reflexão baseada na experiência e na razão. O objetivo dos primeiros filósofos gregos era encontrar explicações naturais para os fenómenos da natureza. (...)

    Haverá um elemento primordial a partir do qual tudo é gerado?

GAARDER, J. O Mundo de Sofia, Lisboa, Editorial Presença, 1998, pp. 26-32

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A Grécia Antiga em 5 minutos

Não há aluno de Filosofia que não tenha referências da Grécia Antiga, que não tenha, pelo menos, ouvido falar de Sócrates, de Platão, de Aristóteles... E muito provavelmente ouviu o seu professor(a) falar com entusiasmo daqueles tempos em que a filosofia circulava pelas ruas e em que os homens tomavam decisões, em conjunto, sobre assuntos que a todos diziam respeito. Os homens, sim, que às mulheres estava vedado o exercício da cidadania (não podemos exigir tudo!). Um povo que nos deu as primeiras explicações racionais sobre o universo, que nos deixou as bases do nosso sistema de pensamento, lógico e matemático, que ainda hoje nos deslumbra com a sua arquitetura e estatuária, que nos deixou obras que nos continuam a interpelar é uma referência na nossa cultura. E não, não são só os professores de filosofia a deixarem-se maravilhar pelas conquistas do povo grego...

Neste pequeno video, produzido pela RTP, podemos, em menos de 5', menos tempo do que aquele que demora a fazer a chamada dos alunos em aula, ter uma visão das coisas extraordinárias que os gregos nos deixaram e da admiração que têm suscitado.
E começa com um poema de Sophia de Mello Breyner...


http://ensina.rtp.pt/artigo/a-grecia-como-farol-da-cultura-ocidental/


Imagem do Partenon, cidade de Atenas, séc. V a.c. 

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Neuroplasticidade

Cada vez mais os investigadores confirmam a extraordinária capacidade de adaptação do cérebro, reorganizando-se para ultrapassar lesões ou incapacidades. Este é mais um estudo, realizado pela Universidade de Coimbra, que comprova a neuroplasticidade cerebral, neste caso, referente a alterações no córtex auditivo em situações de surdez congénita.
Notícia transcrita daqui: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=60473&op=all

Ver com “olhos de ouvir”

Estudo liderado pela UC revela forte plasticidade
cerebral em pessoas surdas

2015-09-07
Os surdos congénitos apresentam uma grande neuroplasticidade (capacidade do cérebro se modificar) de longo prazo, fazendo com que o seu córtex auditivo aloje propriedades visuais típicas do córtex visual, revela um estudo internacional liderado pelo investigador Jorge Almeida, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (UC).

Os resultados da pesquisa, já aceite para publicação na Psychological Science, revista internacional de referência na área da psicologia, poderão ser determinantes«para explorar novas abordagens terapêuticas para tratar lesões cerebrais e doenças neurodegenerativas baseadas na neuroplasticidade, e serão centrais para o desenvolvimento de novas gerações de implantes cocleares mais eficazes», nota o coordenador do estudo.

«Os actuais dispositivos», clarifica o investigador, «estão pensados para explorar a organização típica do córtex auditivo, mas o estudo provou alterações na estrutura, passando o córtex auditivo a deter informação relativa à visão. Será assim necessário repensar a concepção dos implantes cocleares de modo a que estes explorem também a nova organização cerebral».

Financiado pela Fundação BIAL e por uma bolsa Marie-Curie (na primeira fase), o estudo foi realizado ao longo dos últimos quatro anos e envolveu um grupo de surdos congénitos e um grupo de normo-ouvintes (pessoas sem surdez) Chineses.

Jorge Almeida
Jorge Almeida
Para perceber os mecanismos de receção e reação do córtex auditivo, ambos os grupos foram sujeitos a diferentes estímulos visuais durante a realização de uma ressonância magnética, tendo os investigadores verificado que, no caso dos surdos, o córtex auditivo herda o tipo de processos e potencialmente organização que vemos no córtex visual dos normo-ouvintes.

Estas modificações neuroplásticas «deverão ser responsáveis pela percepção visual periférica superior normalmente apresentada por surdos congénitos», explica Jorge Almeida.

Entender os «mecanismos que o sistema nervoso central dispõe para se 'reprogramar', modificando o funcionamento do cérebro, é essencial para o desenvolvimento de modelos que expliquem o fenómeno de neuroplasticidade a longo-prazo, ou seja, a compreensão do modo como o cérebro se transforma e adapta a longo prazo, e para a aplicação de terapias baseadas nestes modelos», conclui o líder do estudo, que contou ainda com a participação de investigadores da Universidade do Minho, de duas universidades Chinesas e uma dos Estados Unidos da América.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Hannah Arendt e a Banalidade do Mal

Despedimo-nos deste ano letivo com textos da responsabilidade de alunos de Filosofia. Penso que não há melhor maneira de acabar do que esta, com a palavra dos alunos, aqueles que são a justificação de todo o nosso trabalho.
Imediatamente após ter publicado dois textos dos alunos João Silva e Renato Silva, respetivamente, publicamos o da aluna Adriana Fernandes sobre o conceito de «banalidade do mal», da filosofia de Hannah Arendt, filósofa a que também já aqui fizemos referência (post de 7 de março). Todos estes textos foram escritos pelos alunos com a finalidade de serem aqui publicados.


Hannah Arendt e a Banalidade do Mal
Já alguma vez parou para pensar em todas as atrocidades cometidas durante a 2ª Guerra Mundial? Certamente que sim, já todos o fizemos. Um dos aspetos mais chocantes que encontramos são as ações das pessoas envolvidas, atrocidades que nós consideramos completamente imorais e impensáveis mas que alguém foi capaz de cometer.
É exatamente sobre este assunto que a filósofa Hannah Arendt se vai debruçar. Hannah Arendt nasceu na Alemanha (1906), filósofa de origem judaica, passou os seus primeiros 30 anos de vida na Alemanha Nazi, até que saiu ilegalmente do país e emigrou para os EUA (1940). Foi nos EUA que lhe apareceu uma das maiores oportunidades da sua carreira: cobrir jornalisticamente o julgamente de Adolf Eichmann, em Jerusalém, para o jornal New Yorker. (Adolf Eichmann – membro do partido nazi, responsável pelo transporte de prisioneiros judeus dos territórios ocupados para os campos de extermínio).
Durante o decorrer do julgamento, este afirma não ser antissemita, que no final da 2ª Guerra sentiu medo daquilo que se seguiria por não ter mais ordens e diretivas para seguir, falava com frases feitas, colocava o dever acima da sua própria consciência e assumia a culpa do transporte de judeus mas não do extermínio em si. Hannah Arendt surpreende-se então por estar perante um homem comum, que não era um monstro nem um indivíduo demoníaco e que, tal como muitos dos envolvidos no Holocausto, não era sádico nem pervertido, mas sim “assustadoramente normal”.
É neste momento que Hannah Arendt coloca uma das suas maiores e mais importantes questões: O que levará um homem aparentemente normal a cometer tamanhas atrocidades?
Para começar, Hannah Arendt procura entender quais as condições que estiveram na origem deste estado totalitário. Vivia-se, na Alemanha, uma crise económica e política (Pós 1ª Guerra Mundial) onde se encontravam indivíduos isolados, sem terem qualquer noção de comunidade que ansiavam por algo que desse sentido à sua vida. Neste contexto, o líder totalitário apercebe-se desta situação e vai transformar uma sociedade comum num estado totalitário. Como? Alterando completamente os valores da sociedade. A particularidade de Hitler foi que implementou o regime nazi como a única alternativa possível e viável e todo este processo foi feito com um toque e aparência de normalidade. Assim, nesta nova sociedade com os valores completamente pervertidos, as palavras de Hitler passam a ser a lei e ninguém desobedece nem sequer as põe em causa. Esta lei passa a ser o dever dos cidadãos, que obedecem sem questionar.
Deste modo, Hannah Arendt conclui que a inversão dos valores da sociedade ocorre principalmente ao nível da lei moral. Enquanto que, hoje em dia, a nossa moralidade nos diz “Não matarás”, na altura dizia “Matarás”. É sob estas circunstâncias que o Mal vai perder a sua característica que o torna reconhecível: ser uma tentação. Enquanto que nós sabemos que não devemos roubar, a tentação é para roubar mas resistimos à tentação, por ser errado. Da mesma forma, naquela altura a moral afirmava que deviam roubar e a tentação era para não roubar, mas eles não cediam à tentação. O mal vai então entrar nesta sociedade sem qualquer reconhecimento. As pessoas tornam-se incapazes de distinguir o bem do mal, renunciando àquilo que os torna ‘pessoas’: a capacidade de pensar.
É a este fenómeno que Hannah Arendt vai chamar de Banalidade do Mal, o aparecimento do mal numa sociedade como uma coisa banal e trivial, sem ser reconhecido por aqueles que o praticam, que se encontram incapazes de fazer juízos morais. Foi esta ‘incapacidade de pensar’ que levou muitos homens comuns a cometer atrocidades numa escala monumental nunca antes vista.
Hannah Arendt conclui assim que o mal não é radical, como o havia considerado, mas sim extremo, isto é, o mal é algo superficial que não tem raízes. Instaura-se  numa sociedade tal como um fungo que se espalha à superfície, influenciando tudo e todos mas que não tem um fundamento, é cometido por pessoas que não têm uma índole demoníaca nem quaisquer más intenções.
Hannah Arendt considera fundamental refletir sobre estas questões e sobre todo este processo, para que, caso um dia se voltem a reunir condições como idênticas, consigamos apercebermo-nos e evitar que uma catástrofe igual se repita.
Gostaria apenas de concluir com uma passagem do seu livro Eichmann em Jerusalém, sobre a qual todos deveríamos refletir:
“Politicamente falando, a lição é que em condições de terror, a maioria das pessoas se conformará, mas algumas pessoas não, da mesma forma que a lição dos países aos quais a Solução Final foi proposta é que ela "poderia acontecer" na maioria dos lugares, mas não aconteceu em todos os lugares



A Globalização da Indiferença

A voracidade do tempo nos media substitui rapidamente umas notícias por outras. Mas o tempo do pensamento é outro. Pode ser lento e pode agir a longo prazo. Refletir é exatamente re- fletir, voltar de novo a pensar e, assim, recuperar e criar novos sentidos.
A partir de um acontecimento a que aqui fizemos referência (vd. posts de 20 novembro, 2014), o aluno Renato Silva elaborou este texto reflexivo que intitulou A Globalização da Indiferença :

«Passaram seis meses, desde o momento em que a “guerreira” Margarida perdeu a batalha da vida, dezanove dias depois de ter nascido prematuramente, com 25 semanas de gestação e 410 gramas de peso.
Provavelmente muitos já não se lembrarão, mas infelizmente este trágico desfecho relembra-nos que apesar dos extraordinários avanços alcançados na medicina, o ser humano mantém uma dimensão biológica que não lhe permite ultrapassar alguns constrangimentos, próprios do mundo natural do qual faz parte.
Mas este acontecimento tornou-se também notícia por outros factos, que nos devem levar a refletir sobre a natureza humana e a vida em sociedade. O ser humano é, por definição, uma espécie animal da ordem dos primatas, e nessa qualidade temos muitos pontos em comum com todas as outras espécies animais que habitam o nosso planeta.  Mas o Homem é um animal racional, e este “pequeno” pormenor distingue-nos de todos os outros animais. Racional é o ser que pensa, raciocina, que age segundo a razão.
Esta capacidade para pensar libertou-nos de uma dimensão meramente instintiva, e permite-nos agir e não apenas reagir. Foi esta esta capacidade para moldar a natureza, a natureza em geral, mas também a sua própria “natureza”, que permitiu ao Homem impôr-se aos demais.
Identificamo-nos com comportamentos de outras espécies animais, que por vezes parecem ir para além do mero instinto, quer se trate da “solidariedade” e “altruísmo” das formigas e das abelhas, quer se trate do “amor maternal” e “coesão familiar” nas baleias, nos primatas, nos elefantes.
Muitos defendem que o “instinto maternal” e o “espírito de grupo” entre alguns animais parece, afinal, bem mais puro que o “amor pelo próximo” e a “solidariedade de grupo” demonstrado pelos humanos, neste mundo contemporâneo,  onde se incentiva o “individualismo” primário, como que num regresso a um passado de “cada um por si”.
A capacidade para “pensar mais além” distingue-nos  das outras espécies animais e, desde cedo, o ser humano percebeu que teria mais hipóteses de sobreviver em grupo, do que isoladamente, num ambiente hostil. Os primeiros pequenos grupos nómadas evoluíram e cresceram ao longo do tempo, até às modernas e complexas formas de Estado e Comunidade Internacional.  Como indicaram Hobbes, Locke e Rousseau, através de um contrato social, o indivíduo prescindiu de parte das suas liberdades individuais, para numa vida em sociedade alcançar objetivos mais vastos.
Mais recentemente, após a segunda Grande Guerra vingou a ideia de Estado social, ou se preferirmos Estado providência ou Estado de bem estar. Depois de um período de guerras destrutivas, confrontos sociais e crises económicas graves, tornava-se necessária uma solidariedade institucionalizada pelo Estado, e porque não uma solidariedade institucionalizada entre Estados, que levasse a cabo a tarefa de redistribuição dos benefícios gerados pela comunidade nacional, ou internacional.
O mundo atual é o mundo da globalização. Falamos de globalização económica, globalização social, globalização cultural, globalização política. O desenvolvimento dos meios de comunicação e das tecnologias de informação tornou o nosso mundo mais pequeno. Esta globalização caracteriza-se pela diminuição das distâncias e do tempo, fenómeno a que David Harvey chamou compressão espaço-tempo. Tornou-se possível a difusão de notícias e conhecimentos de forma instantânea, possibilitando a transposição de barreiras físicas e políticas em todo o mundo. Não é negligenciável o papel que o desenvolvimento das tecnologias de informação tem tido na aproximação entre povos e na denúncia das injustiças e atrocidades cometidas um pouco por todo o mundo.
Mas talvez o maior desafio que nos espera seja o da globalização da indiferença, como insistentemente tem referido o Papa Francisco: “Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros, não nos interessam os seus problemas, nem as atribulações e injustiças que sofrem e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem”...“Esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal, que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal estar que temos obrigação, como cristãos, de enfrentar”.
Esta indiferença começa por ter uma dimensão individual, porque tal como num reality show da vida real vão desfilando diariamente, de forma vertiginosa, uma sucessão de episódios da mais inusitada violência, quer sejam agressões entre colegas de escola, violência doméstica, atos de terrorismo, o drama dos que morrem nas rotas de imigração ilegal em busca de uma vida melhor, ou as imagens daqueles que sofrem a exclusão social, ou que nem sequer têm como se alimentar, e vamos vivendo tudo isto com uma certa normalidade, colocando-nos à margem destes acontecimentos, como se nada pudessemos fazer para os tentar alterar.
Mas esta indiferença tem também uma dimensão de Estado. O Estado, aquele pelo qual as pessoas abdicaram de parte das suas liberdades individuais, para numa vida em sociedade alcançar objetivos mais vastos, é hoje comandado pelos mercados, um Estado vergado sob as contas públicas desequilibradas e défices públicos excessivos, a braços com as exigências dos credores internacionais para pagar agora o que deve, tem tendência para olhar para as pessoas não como pessoas, mas como uma décima de ponto percentual que é preciso corrigir no défice público. Mas a indiferença entre Estados é também real e, apenas para citar um exemplo, aquela ideia de comunidade de Estados de bem estar, tão bem traduzida nas palavras de Jean Monnet “Mais do que coligar Estados, importa unir os homens”, a que se começou por chamar Comunidade Económica Europeia, e mais tarde adoptou o nome de União Europeia, cada vez mais parece correr o risco de ficar para a história como  uma miragem utópica.  
     Onde se enquadra em tudo isto a luta da “guerreira” Margarida? Emigrados em busca de um futuro melhor, o casal Eugénia e Gonçalo vivem o nascimento de Margarida, um bebé prematuro extremo (antes de 28 semanas e abaixo de 1000 gramas de peso). No Hospital privado onde a bebé nasceu, são confrontados com uma despesa de 1 000 euros por dia e, sem possibilidade de suportar tal despesa, são confrontados também com a aparente indiferença do Estado de destino (Dubai) e do Estado de origem (Portugal). Felizmente que as tecnologias de informação, e as tão propaladas redes sociais, que muitas vezes servem para veicular propósitos não muito nobres, foram afinal o motor de uma extraordinária onda de solidariedade humana, que abanou a indiferença dos Estados, e permitiu a Eugénia e Gonçalo manter a esperança durante dezanove dias.
A “guerreira” Margarida perdeu a batalha da vida, mas a sua luta, e a onda de solidariedade que se gerou em torno dela, despertou consciências e permite-nos a esperança de que a globalização da indiferença poderá ser vencida. »     
   


Determinismo e Liberdade

Perante o problema filosófico do livre-arbítrio, o aluno João Silva toma posição neste texto da sua responsabilidade. Após dois anos como aluno de Filosofia, elegeu este tema como aquele que mais o sensibilizou.

«O Determinismo é a teoria filosófica que diz que para qualquer acontecimento existem condições que não poderiam ter causado qualquer outro acontecimento. Deste modo, podemos dizer que é baseado no Princípio da Causalidade, segundo o qual se considera que todos os acontecimentos têm uma causa, e por conseguinte os acontecimentos são determinados pelas suas causas e teoricamente previsíveis.
Então, como podemos pensar que temos a liberdade de escolher o que fazer? A resposta é simples, o livre arbítrio é uma ilusão que resulta de não conhecermos inteiramente as causas das nossas ações, levando-nos a pensar que não têm causa. Para ilustrar este argumento, J. Locke criou uma interessante analogia: um indivíduo a dormir é trancado numa sala escura; ao acordar ele decide permanecer na sala, não sabendo que esta está fechada à chave. No entanto, o desconhecimento da sua condição levou-o a acreditar que tem a liberdade de escolher ficar na sala.
Porém, o Determinismo tem implicações sobre a responsabilidade moral: pode-se argumentar que não podemos ser moralmente responsáveis pelas nossas ações se não temos alternativa a estas, se estamos predeterminados, ainda antes de nascer, a realizá-las. Logo, argumentar-se-ia que é injusto castigar (com penas de prisão, por exemplo) aqueles que cometem crimes, por muito graves que sejam.
É esta a linha de argumentação que seguiu o advogado C. Darrow na defesa de Leopold e Loeb em 1924, que raptaram e assassinaram um rapaz de 14 anos. C. Darrow argumentou que os criminosos não poderiam ter feito outra escolha, dados os valores da sociedade pós-guerra em que cresceram: o valor atribuído à vida humana era pouco, visto que a população se regozijava com a morte de milhares de soldados inimigos (o que dá que pensar acerca dos muitos jogos e filmes que atualmente banalizam a violência). Leopold e Loeb foram condenados a prisão perpétua.
Voltando à questão do Determinismo, a ciência, sendo também baseada no Princípio da Causalidade, tem-nos mostrado que para todo o acontecimento físico existe uma causa, que forma uma cadeia causal até ao Big Bang. Laplace chega a conjeturar que, se fosse possível conhecer a posição e velocidade de cada uma das partículas do Universo, seria possível calcular a sua posição no passado e no futuro, o que implicaria, teoricamente, a possibilidade de prever o futuro.
Todavia surgiu recentemente a mecânica quântica que explica acontecimentos ao nível subatómico como sendo baseados em probabilidade, considerando que alguns acontecimentos têm uma natureza aleatória. Esta teoria tem sido usada para argumentar contra o Determinismo, contudo admitir que os acontecimentos ocorrem aleatoriamente não implica a existência de livre arbítrio, pelo contrário, não só as ações não seriam livremente escolhidas pelo agente, como seriam escolhidas aleatoriamente. Imagina então que em vez de leres este texto como tens lido, lerias as palavras numa ordem aleatória, ou, ainda mais absurdo, que quem escreveu o texto apenas martelou aleatoriamente o seu teclado.
Concluindo, a minha opinião pessoal é que face aos argumentos que referi é difícil pensar que temos alguma possibilidade de escolha do que fazer a seguir. Dito isto, e dada a contradição com a natural crença de senso comum no livre arbítrio, não posso deixar de referir que é quase impossível acreditar a tempo inteiro que não podia ter agido de outra maneira.»

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Uma mente brilhante que se apagou?

A semana passada os alunos de Psicologia B, 12ºano, viram o filme «Uma Mente Brilhante» que se apresenta como uma narrativa da vida de John Nash que, embora romanceada, respeita os aspetos fundamentais de uma vida ensombrada pela esquizofrenia.
A notícia da sua morte está agora nos jornais de todo o mundo.




John Nash e sua esposa em foto de 2002, na 74ª
cerimônia do Oscar
(Foto: Fred Pouser/File/Reuters)
Nash tinha 86 anos. Morreu quando o táxi onde seguia com a mulher se despistou.

John Nash, o matemático cuja vida inspirou o filme 'Uma Mente Brilhante', morreu num acidente de carro. Nash, de 86 anos, viajava com a mulher, Alicia, de 82 anos, num táxi que se despistou em New Jersey, nos Estados Unidos da América, avança o Washington Post. O condutor estaria a tentar fazer uma ultrapassagem quando perdeu o controlo do veículo.
John Nash revolucionou o estudo da teoria dos jogos na matemática, tendo sido vencedor do Prémio Nobel da Economia em 1994. Mas foi através do filme Uma Mente Brilhante, protagonizado por Russell Crowe, que a sua vida se tornou conhecida do grande público. Ao longo de 20 anos, Nash lutou contra a esquizofrenia, que o impediu de se distinguir mais cedo no seu campo de estudos. Era um teórico excecional, mas frequentemente perturbado pelas alucinações próprias da doença de que sofria.
Foi a obra de Sylvia Nasar, biógrafa de Nash e antigo membro do comité para o Nobel da Economia, que foi adaptada ao cinema - publicada em 1998 com o nome que seria dado à longa-metragem. O filme chegou ao grande ecrã três anos depois, tendo vencido quatro categorias nos Óscares da Academia de 2001: melhor filme, melhor realizador, melhor argumento adaptado e melhor atriz secundária.
O ator Russel Crowe, que interpretou o papel de Nash, lamentou no Twitter a morte do matemático. "Abalado. O meu coração está com a família de John e Alicia. Uma parceria espantosa. Mentes brilhantes, corações maravilhosos".




sexta-feira, 24 de abril de 2015

VII Encontro de Ciência, Arte e Cultura


Hoje, dia 24 de abril, a nossa escola vai estar aberta à Comunidade Educativa entre as 19:30 e as 23:30. 



O Grupo Disciplinar de Filosofia encontra-se na sala 216 com o seguinte programa:



Apresentação 1

      Projeção e possibilidade de participação no blog: http://espacocriticonaescola.blogspot.pt/


Apresentação 2

     Exposição de diálogos e temas abordados nas aulas de Pensamento Crítico
9º C e 9º F


Apresentação 3

     Projeção de vídeos de cariz filosófico sobre as mais variadas temáticas.

Apresentação 4
Exposição de livros de divulgação filosófica e de trabalhos  de alunos.



Vai acontecer...



A partir das 21. 30

Sessões de pensamento crítico :


Sobre  a Problemática da Existência de Deus.

Orador: Pedro Cachatra
11º J


«A Banalidade do Mal»

Segundo  a filósofa Hanna Arendt

Oradora:  Adriana Fernandes
11ºC


Persuasão e Manipulação no Discurso Publicitário

Oradora: Mariana Guerra
11º A




Contamos com a presença de todos e não se esqueçam de
participar deixando os vossos comentários! Não vão faltar computadores!!!

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Agradecendo a todos os que visitaram o nosso espaço, aos que assistiram às comunicações e, muito especialmente aos oradores, publicamos aqui algumas fotos.


Pedro Catracha, Sobre a Problemática da Existência de Deus


Mariana Guerra, Persuasão e Manipulação no Discurso Publicitário

Adriana Fernandes, A "Banalidade do Mal", segundo Hannah Arendt

O público assistente

quinta-feira, 23 de abril de 2015

5 minutos com um cientista

«Foi, com efeito, pela admiração que os homens, tanto hoje como no começo, foram levados a filosofar (...)» Esta afirmação é de Aristóteles, filósofo grego do século IV a. C. e podemos dizer que ela contém a chave da origem de todo o conhecimento, de qualquer conhecimento, quer seja apelidado de científico quer de filosófico.  

O que nos leva a procurar o saber? O que nos faz querer saber? Este mundo onde estamos, esta bola a rodar indefinidamente no espaço sideral, esta primavera que todos os anos se renova, este sol que nos aquece... não continua este mundo a ser fonte de admiração e de interrogação permanentes? E não são essas interrogações, essas perguntas, que nos conduzem às respostas? Que nos fazem encontrar as explicações que fazem desaparecer, às vezes só provisoriamente, essas perguntas ? Parece que sim, que sempre tem sido assim. Por isso é tão importante fazer perguntas, fazer boas perguntas, fazer as perguntas que nos orientam para a resposta. Um cientista ou um filósofo são homens que são capazes de fazer «perguntas interessantes», de fazer boas perguntas!

Serve isto de introdução para 3 pequenos vídeos selecionados do Youtube, «5 minutos com um cientista», da responsabilidade do Museu de Ciência de Coimbra. Trata-se de uma «série de 26 episódios, onde 26 cientistas portugueses falam do que os inspirou e despertou para a ciência, da sua motivação para a investigação e das perguntas que os inquietam e fazem continuar a investigar (...)». 
Todos valem a pena. A seleção dos dois últimos vídeos pode ser considerada arbitrária. Seguimos apenas dois critérios: apresentar uma cientista e um cientista; apresentar dois cientistas com graus de experiência diferentes. Quanto ao primeiro, com o cientista Octávio Mateus, que nos fala da Lourinhã aqui tão perto e com tanto entusiasmo... era impossível resistir!





https://youtu.be/0bZw3aw7Lsk?si=_-tC5J_4eYkG1d6r

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A tragédia de Lampedusa (outra vez)

Notícia escolhida pelos alunos do 11ºG

Hoje perguntei aos meus alunos se havia alguma notícia que gostassem de colocar no blogue. Escolheram esta imagem e esta notícia.


imagem retirada de http://www.archiburgos.es/2015/04/20/lampedusa-una-herida-que-sangra-cada-vez-mas/


Naufrágio vitima mais 700 imigrantes a caminho de Lampedusa


Centenas de pessoas podem ter morrido na sequência do naufrágio de uma embarcação com 700 imigrantes ilegais que saiu da Líbia na madrugada de sábado para domingo. A notícia desta nova tragédia com imigrantes ilegais no Mediterrâneo foi avançada por um jornal de Malta, citado pela agência Reuters.
Os migrantes partiram do Egipto e foram apanhar o barco à vizinha Líbia, tendo naufragado perto da costa líbia. 49 sobreviventes já foram resgatados, de acordo com a CNN.

Está em curso uma vasta operação de resgate, citando as autoridades italianas, com navios italianos, a Marinha de Malta e navios mercantes. Segundo os órgãos de comunicação locais, os serviços da guarda costeira italianos e a marinha militar, em colaboração com a armada de Malta, terão já recolhido os corpos de 24 pessoas.
O naufrágio terá ocorrido durante a noite, segundo o testemunho de um dos 28 imigrantes salvos, cujo relato foi repetido hoje pelo porta-voz do Alto-Comissariado da ONU para os refugiados na Europa do Sul, Carlotta Sami.

A Guarda Costeira italiana recebeu o pedido de ajuda por volta da meia-noite, e pediu a um cargueiro com bandeira portuguesa, que se desviara da rota, para auxiliar a embarcação em apuros. A informação já foi confirmada à Renascença pela Marinha Portuguesa.



"A informação que eu tenho vem do Centro de Busca e Salvamento Marítimo de Lisboa, que entrou em contacto com o seu congénere italiano e que informou que se trata de um incidente que ocorreu a 70 milhas náuticas a norte da costa da Líbia, onde estão envolvidos 20 navios e três helicópteros", disse à Renascença o comandante Paulo Vicente, porta-voz da Marinha Portuguesa, que confirma que este cargueiro está registado na Madeira, mas desconhece se os tripulantes têm nacionalidade portuguesa.
"Um dos navios que está envolvido neste processo de busca e salvamento marítimo tem bandeira portuguesa. O navio é chamado King Jacob, é um tipo de cargueiro, é um navio com quase 10 mil toneladas de carregamento e foi envolvido desde ontem às 22h30", descreveu.

O barco poderá ter naufragado quando os imigrantes se deslocaram de um lado para o outro da embarcação, quando um navio mercante se aproximou.

O naufrágio ocorreu a cerca de 27 milhas da costa líbia e a 120 milhas da ilha italiana de Lampedusa.

O porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados já afirmou este domingo que esta pode tratar-se de uma das maiores tragédias humanitárias de sempre no Mediterrâneo.

No sábado, o Papa Francisco deixou o pedido às autoridades de todo o mundopara um maior empenho na solução do problema da imigração ilegal. O Papa falou do tema na audiência com o novo presidente de Itália, Sergio Mattarella.