terça-feira, 17 de março de 2015

O Menino Selvagem

«L'Enfant Sauvage» de François Truffauf, um filme a preto e branco de 1970, continua a ser um filme sempre a rever! A história, as imagens, os enquadramentos, o desempenho dos atores, a música... tudo nele é apreciável.
Além disso, e apesar das interrogações que se podem levantar, não deixa de ser também uma história de ternura e de esperança.

Deixo aqui o vídeo retirado do Youtube, legendado em português do Brasil. Quem quiser ver o filme noutras condições pode requisitá-lo na BECRE da nossa escola.


A propósito, não posso deixar de referir que a obra que serviu de base ao filme existe em tradução portuguesa. Refiro-me ao livro «As crianças Selvagens», de Lucien Malson, da Livraria Civilização, que inclui os relatórios do Dr. Itard referentes ao processo de educação de Vítor, o nome que foi dado ao Selvagem de Aveyron.



quarta-feira, 11 de março de 2015

Aparência e Realidade


O filósofo britânico Nigel Warburton, que já aqui foi referido como autor de um outro vídeo sobre plasticidade cerebral, mostra-nos neste video denominado «Aparência e Realidade» quais as razões que podemos ter para duvidar. Acompanha de muito perto o percurso da dúvida cartesiana, atualizando, inclusivamente, a hipótese do Génio Maligno... e se em vez de um Génio Maligno imaginassemos um «cientista perverso» que manipulasse o nosso cérebro provocando-lhe sensações e ideias, afinal, ilusórias...?

O video pode ser visto aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=KMhigIfaKxU

Notas - Tomei conhecimento deste vídeo através deste blogue http://duvida-metodica.blogspot.pt/. Diga-se, a propósito, que é um blogue que está totalmente dirigido aos alunos de filosofia de 10º e 11º anos, contendo muito material de apoio.  Pode ser consultado com proveito. Ainda a propósito, diga-se que o professor da nossa escola, António Daniel Costa, mantém igualmente um blogue, do qual o mesmo se poderá dizer. Aqui deixo o endereço http://filosofianamadeiratorres.blogspot.pt/

Filosofia, maçãs e Descartes

Um dia destes, numa apresentação de um trabalho que versava sobre a dúvida cartesiana, os alunos trouxeram um cesto com maçãs... Procuraram, assim, seguir a metáfora de Descartes que, na sua carta ao Padre Bourdin, terá dito:

«Se tiver um cesto de maçãs das quais várias estão podres e, por isso, envenenam o resto, que fazer senão esvaziá-lo todo e retomar as maças uma a uma para voltar a pôr as boas no cesto e deitar as más para o lixo...»
                               (citado a partir de Koiré, Considerações sobre Descartes, Lisboa, Presença, p.p.49-50)

O texto de Descartes parece claro em considerar que a operação deve dar-se em dois tempos:
1º esvaziar o cesto
2º recolocar as maçãs boas.

No entanto, os nossos jovens decidiram retirar uma a uma as maçãs e verificar o seu estado sem, contudo, esvaziar o cesto.
Não me parece que tenha resultado mal. É que as maçãs eram poucochinhas, o que facilitou a tarefa. Afinal, alguém disse que era um cesto MUITO GRANDE, CHEIINHO de maçãs?

As metáforas são apenas sugestivas de modo a, através de uma realidade mais facilmente conhecida, ajudar a mente a penetrar no menos conhecido. Neste caso, mesmo com outro método de análise às maçãs, foi possível perceber que a dúvida em Descartes é o crivo pelo qual têm que passar todas as representações da mente. Só deste modo será possível assegurar o seu valor cognitivo. 

Pena que, no final, não tivessemos podido provar as maçãs... Bem que elas apareciam apetitosas!!
Mas... as maçãs na filosofia são apenas, e só, ideias. E estas, por mais belas e apelativas que possam ser ( e que as há! ) são prováveis..., 
                                                        mas não são comestíveis.

É como na Arte...
´

RENÉ MAGRITTE (1898-1967)

CECI N'EST PAS UNE POMME (isto não é uma maçã)





segunda-feira, 9 de março de 2015

Olympe de Gouges

Um dia destes, resolvi passar numa aula um excerto do filme «O Mundo de Sofia». A dado passo, assistimos a uma cena em que Sofia, a personagem principal, durante uma aula sobre a Revolução Francesa, surpreende o professor com a referência a esta mulher que foi guilhotinada em 1793, 2 anos após a Tomada da Bastilha, no período do Terror. Pela reação pouco calorosa do professor, bem se via que Olympe de Gouges não figurava nos manuais nem nas suas obras de referência!
O professor não podia imaginar que na sua viagem fantástica pela história da filosofia, entre Rousseau e Descartes, a jovem Sofia tinha assistido à decapitação desta mulher extraordinária, com uma vida intelectual ativa e interventiva fora do comum. Que teve o direito de subir ao cadafalso... como ela própria terá dito...
«as mulheres têm o direito de subir ao cadafalso, devem ter o direito de subir à Tribuna».

Imagem retirada de http://pt.wikipedia.org/wiki/Olympe_de_Gouges

Neste Dia Internacional da Mulher, neste ainda princípio do século XXI em que vivemos, parece-me bem lembrar a mulher que escreveu uma Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, em 1791, da qual transcrevemos os dois primeiros artigos:

Artigo primeiro 
A Mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos. As distinções sociais só podem ser fundamentadas no interesse comum. 


Artigo segundo 
O objetivo de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis da Mulher e do Homem. Estes direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança, e, sobretudo, a resistência à opressão.