quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Vamos fazer um debate? (1)

imagem retirada de http://www.imagenslivres.com/troca-de-ideias-debate/




       Os nossos alunos manifestam com muita frequência a vontade de "debater". No entanto, depressa nos damos conta de que o seu entendimento de debate é frequentemente limitado à ideia de que se trata de uma maneira de expressar e defender uma qualquer opinião sem a preocupação de ouvir outras ou de clarificar sequer o assunto acerca do qual se pretende "ter opinião". Seguramente, é aqui que entra o nosso trabalho: conduzi-los à clarificação e aprofundamento das suas ideias, desenvolver a capacidade de ouvir e de reformular o seu pensamento, frequentemente pouco claro e insuficientemente sustentado, fazê-los sentir a necessidade da informação e do conhecimento sem o qual não existe pensamento estruturado e consistente, em suma, desenvolver um pensamento crítico. Não é tarefa fácil!!!

Antes de nos lançarmos à água, talvez seja bom clarificar o que entendemos por debate no contexto de sala de aula. Socorremo-nos deste texto retirado daquihttp://www.texto.pt/pt/dicas/detalhes.php?sec=7&id=41, acesso a 11 jan. 2017


Como organizar um debate

O debate é uma actividade que decorre naturalmente da vida em sociedade e que nos permite a troca de ideias, o confronto de pontos de vista e a reflexão. Além disso, a informação aumenta, aprende-se a tomar a palavra, a demonstrar e a convencer.
Para que o debate corra bem convém definir:

1. O papel de cada um dos intervenientes 

Um debate é uma troca activa, em que se recebe, ouvindo atentamente os outros, e em que se dá, exprimindo as nossas convicções sobre os temas em discussão. Para tal, é preciso:
  • Saber ouvir
Cada um tem direito à expressão. Não se deve ironizar nem cortar a palavra. Mesmo que não se partilhe da opinião expressa, deve-se respeitá-la e ouvir atentamente o que os outros têm para dizer. Ouvir bem é pensar no que o outro diz.
  • "Praticar" a expressão oral
Não se aproveita o debate se não se estiver resolvido a tomar a palavra. Esta é uma boa ocasião para se vencer a timidez. O que é preciso é exercitar cada vez mais.

Exprimir-se é expor o ponto de vista sobre cada um dos pontos abordados, pelo que deve indicar-se com nitidez a posição que se tem, tendo o cuidado de apoiar cada afirmação com um ou vários documentos/provas.

O valor de um debate reside no valor dos argumentos. Devem procurar-se, pois, provas para convencer os outros. Não se deve ter receio de mudar de opinião no decorrer do mesmo se descobrirmos que o ponto de vista defendido não é válido. Tal atitude é prova de honestidade e de coragem.

2. As etapas para a organização e realização de um debate

  • Escolher um assunto simples e que desperte interesse.

  • Na maioria das vezes, o debate ganha em animação e interesse se tiver sido preparado previamente por quem o organiza, quer a a nível da informação fornecida/adquirida quer pensando sobre o tema em questão. Para o conseguir:
- pode fazer-se um inquérito, reflectir sobre um pequeno questionário.
- estudar/criar um dossier sobre o tema, após reunir documentação sobre o mesmo.
- um grupo pode preparar uma exposição de cerca de 10 minutos que servirá de ponto de partida. Esta exposição pode assumir a forma de uma pequena representação teatral, de um pequeno filme ou uma apresentação em Power Point.


  • O debate deve ser organizado materialmente, ou seja, há que pensar sobre:
- Como se vai dispor a sala?
- Quem vai animar/moderar o debate?

  • O que faz o(a) animador(a)/moderador(a):
- lança o debate, expondo com clareza o assunto a discutir;
- dá a palavra às pessoas que a pedem e impede que a outras intervenham sem a ter pedido;
- estimula os participantes e convida-os a reagir e a exprimirem-se;
- chama a atenção para o assunto que está a ser debatido quando as intervenções dos participantes "fogem" ao mesmo;
- controla o tempo e, no fim, convida a que tirem conclusões.
Durante o debate, dois secretários tomam notas das principais ideias emitidas que permitirão fazer o balanço final.
Este conteúdo foi gentilmente cedido pelo Centro de Competência Nónio da Malha Atlântica(com ligeiras adaptações).

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Pensar é perigoso


«Não há pensamentos perigosos; pensar é perigoso em si mesmo». É com estas duas ideias de H. Arendt que se inicia o documentário Vida Ativa: O Espírito de Hanna Arendt. Mas a filósofa também nos diz que «não pensar é mais perigoso ainda». E porquê? É que a ausência de pensamento próprio e de reflexão pessoal permite o desenvolvimento de comportamentos de obediência cega e acrítica que destituem cada um da sua capacidade de agir, de pensar e de falar, e reduzem-no à condição de peça mecânica, de instrumento de um sistema de poder.

Hanna Arendt continua a estar presente na cultura atual, continua a despertar interesse para além das paredes da Universidade. Depois do filme de 2012 (estreado em Portugal em 2013) surge agora, no âmbito das comemorações dos 110 anos do seu nascimento, um documentário sobre a sua vida e o seu pensamento, da autoria da realizadora Ada Ushpid. Estreia amanhã, 5 de janeiro, em Portugal.




Nota: Para saber mais sobre a filósofa Hanna Arendt, temos neste blogue mais duas publicações. É só procurar em «Etiquetas» por H. Arendt.