segunda-feira, 29 de junho de 2015

Hannah Arendt e a Banalidade do Mal

Despedimo-nos deste ano letivo com textos da responsabilidade de alunos de Filosofia. Penso que não há melhor maneira de acabar do que esta, com a palavra dos alunos, aqueles que são a justificação de todo o nosso trabalho.
Imediatamente após ter publicado dois textos dos alunos João Silva e Renato Silva, respetivamente, publicamos o da aluna Adriana Fernandes sobre o conceito de «banalidade do mal», da filosofia de Hannah Arendt, filósofa a que também já aqui fizemos referência (post de 7 de março). Todos estes textos foram escritos pelos alunos com a finalidade de serem aqui publicados.


Hannah Arendt e a Banalidade do Mal
Já alguma vez parou para pensar em todas as atrocidades cometidas durante a 2ª Guerra Mundial? Certamente que sim, já todos o fizemos. Um dos aspetos mais chocantes que encontramos são as ações das pessoas envolvidas, atrocidades que nós consideramos completamente imorais e impensáveis mas que alguém foi capaz de cometer.
É exatamente sobre este assunto que a filósofa Hannah Arendt se vai debruçar. Hannah Arendt nasceu na Alemanha (1906), filósofa de origem judaica, passou os seus primeiros 30 anos de vida na Alemanha Nazi, até que saiu ilegalmente do país e emigrou para os EUA (1940). Foi nos EUA que lhe apareceu uma das maiores oportunidades da sua carreira: cobrir jornalisticamente o julgamente de Adolf Eichmann, em Jerusalém, para o jornal New Yorker. (Adolf Eichmann – membro do partido nazi, responsável pelo transporte de prisioneiros judeus dos territórios ocupados para os campos de extermínio).
Durante o decorrer do julgamento, este afirma não ser antissemita, que no final da 2ª Guerra sentiu medo daquilo que se seguiria por não ter mais ordens e diretivas para seguir, falava com frases feitas, colocava o dever acima da sua própria consciência e assumia a culpa do transporte de judeus mas não do extermínio em si. Hannah Arendt surpreende-se então por estar perante um homem comum, que não era um monstro nem um indivíduo demoníaco e que, tal como muitos dos envolvidos no Holocausto, não era sádico nem pervertido, mas sim “assustadoramente normal”.
É neste momento que Hannah Arendt coloca uma das suas maiores e mais importantes questões: O que levará um homem aparentemente normal a cometer tamanhas atrocidades?
Para começar, Hannah Arendt procura entender quais as condições que estiveram na origem deste estado totalitário. Vivia-se, na Alemanha, uma crise económica e política (Pós 1ª Guerra Mundial) onde se encontravam indivíduos isolados, sem terem qualquer noção de comunidade que ansiavam por algo que desse sentido à sua vida. Neste contexto, o líder totalitário apercebe-se desta situação e vai transformar uma sociedade comum num estado totalitário. Como? Alterando completamente os valores da sociedade. A particularidade de Hitler foi que implementou o regime nazi como a única alternativa possível e viável e todo este processo foi feito com um toque e aparência de normalidade. Assim, nesta nova sociedade com os valores completamente pervertidos, as palavras de Hitler passam a ser a lei e ninguém desobedece nem sequer as põe em causa. Esta lei passa a ser o dever dos cidadãos, que obedecem sem questionar.
Deste modo, Hannah Arendt conclui que a inversão dos valores da sociedade ocorre principalmente ao nível da lei moral. Enquanto que, hoje em dia, a nossa moralidade nos diz “Não matarás”, na altura dizia “Matarás”. É sob estas circunstâncias que o Mal vai perder a sua característica que o torna reconhecível: ser uma tentação. Enquanto que nós sabemos que não devemos roubar, a tentação é para roubar mas resistimos à tentação, por ser errado. Da mesma forma, naquela altura a moral afirmava que deviam roubar e a tentação era para não roubar, mas eles não cediam à tentação. O mal vai então entrar nesta sociedade sem qualquer reconhecimento. As pessoas tornam-se incapazes de distinguir o bem do mal, renunciando àquilo que os torna ‘pessoas’: a capacidade de pensar.
É a este fenómeno que Hannah Arendt vai chamar de Banalidade do Mal, o aparecimento do mal numa sociedade como uma coisa banal e trivial, sem ser reconhecido por aqueles que o praticam, que se encontram incapazes de fazer juízos morais. Foi esta ‘incapacidade de pensar’ que levou muitos homens comuns a cometer atrocidades numa escala monumental nunca antes vista.
Hannah Arendt conclui assim que o mal não é radical, como o havia considerado, mas sim extremo, isto é, o mal é algo superficial que não tem raízes. Instaura-se  numa sociedade tal como um fungo que se espalha à superfície, influenciando tudo e todos mas que não tem um fundamento, é cometido por pessoas que não têm uma índole demoníaca nem quaisquer más intenções.
Hannah Arendt considera fundamental refletir sobre estas questões e sobre todo este processo, para que, caso um dia se voltem a reunir condições como idênticas, consigamos apercebermo-nos e evitar que uma catástrofe igual se repita.
Gostaria apenas de concluir com uma passagem do seu livro Eichmann em Jerusalém, sobre a qual todos deveríamos refletir:
“Politicamente falando, a lição é que em condições de terror, a maioria das pessoas se conformará, mas algumas pessoas não, da mesma forma que a lição dos países aos quais a Solução Final foi proposta é que ela "poderia acontecer" na maioria dos lugares, mas não aconteceu em todos os lugares



A Globalização da Indiferença

A voracidade do tempo nos media substitui rapidamente umas notícias por outras. Mas o tempo do pensamento é outro. Pode ser lento e pode agir a longo prazo. Refletir é exatamente re- fletir, voltar de novo a pensar e, assim, recuperar e criar novos sentidos.
A partir de um acontecimento a que aqui fizemos referência (vd. posts de 20 novembro, 2014), o aluno Renato Silva elaborou este texto reflexivo que intitulou A Globalização da Indiferença :

«Passaram seis meses, desde o momento em que a “guerreira” Margarida perdeu a batalha da vida, dezanove dias depois de ter nascido prematuramente, com 25 semanas de gestação e 410 gramas de peso.
Provavelmente muitos já não se lembrarão, mas infelizmente este trágico desfecho relembra-nos que apesar dos extraordinários avanços alcançados na medicina, o ser humano mantém uma dimensão biológica que não lhe permite ultrapassar alguns constrangimentos, próprios do mundo natural do qual faz parte.
Mas este acontecimento tornou-se também notícia por outros factos, que nos devem levar a refletir sobre a natureza humana e a vida em sociedade. O ser humano é, por definição, uma espécie animal da ordem dos primatas, e nessa qualidade temos muitos pontos em comum com todas as outras espécies animais que habitam o nosso planeta.  Mas o Homem é um animal racional, e este “pequeno” pormenor distingue-nos de todos os outros animais. Racional é o ser que pensa, raciocina, que age segundo a razão.
Esta capacidade para pensar libertou-nos de uma dimensão meramente instintiva, e permite-nos agir e não apenas reagir. Foi esta esta capacidade para moldar a natureza, a natureza em geral, mas também a sua própria “natureza”, que permitiu ao Homem impôr-se aos demais.
Identificamo-nos com comportamentos de outras espécies animais, que por vezes parecem ir para além do mero instinto, quer se trate da “solidariedade” e “altruísmo” das formigas e das abelhas, quer se trate do “amor maternal” e “coesão familiar” nas baleias, nos primatas, nos elefantes.
Muitos defendem que o “instinto maternal” e o “espírito de grupo” entre alguns animais parece, afinal, bem mais puro que o “amor pelo próximo” e a “solidariedade de grupo” demonstrado pelos humanos, neste mundo contemporâneo,  onde se incentiva o “individualismo” primário, como que num regresso a um passado de “cada um por si”.
A capacidade para “pensar mais além” distingue-nos  das outras espécies animais e, desde cedo, o ser humano percebeu que teria mais hipóteses de sobreviver em grupo, do que isoladamente, num ambiente hostil. Os primeiros pequenos grupos nómadas evoluíram e cresceram ao longo do tempo, até às modernas e complexas formas de Estado e Comunidade Internacional.  Como indicaram Hobbes, Locke e Rousseau, através de um contrato social, o indivíduo prescindiu de parte das suas liberdades individuais, para numa vida em sociedade alcançar objetivos mais vastos.
Mais recentemente, após a segunda Grande Guerra vingou a ideia de Estado social, ou se preferirmos Estado providência ou Estado de bem estar. Depois de um período de guerras destrutivas, confrontos sociais e crises económicas graves, tornava-se necessária uma solidariedade institucionalizada pelo Estado, e porque não uma solidariedade institucionalizada entre Estados, que levasse a cabo a tarefa de redistribuição dos benefícios gerados pela comunidade nacional, ou internacional.
O mundo atual é o mundo da globalização. Falamos de globalização económica, globalização social, globalização cultural, globalização política. O desenvolvimento dos meios de comunicação e das tecnologias de informação tornou o nosso mundo mais pequeno. Esta globalização caracteriza-se pela diminuição das distâncias e do tempo, fenómeno a que David Harvey chamou compressão espaço-tempo. Tornou-se possível a difusão de notícias e conhecimentos de forma instantânea, possibilitando a transposição de barreiras físicas e políticas em todo o mundo. Não é negligenciável o papel que o desenvolvimento das tecnologias de informação tem tido na aproximação entre povos e na denúncia das injustiças e atrocidades cometidas um pouco por todo o mundo.
Mas talvez o maior desafio que nos espera seja o da globalização da indiferença, como insistentemente tem referido o Papa Francisco: “Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros, não nos interessam os seus problemas, nem as atribulações e injustiças que sofrem e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem”...“Esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal, que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal estar que temos obrigação, como cristãos, de enfrentar”.
Esta indiferença começa por ter uma dimensão individual, porque tal como num reality show da vida real vão desfilando diariamente, de forma vertiginosa, uma sucessão de episódios da mais inusitada violência, quer sejam agressões entre colegas de escola, violência doméstica, atos de terrorismo, o drama dos que morrem nas rotas de imigração ilegal em busca de uma vida melhor, ou as imagens daqueles que sofrem a exclusão social, ou que nem sequer têm como se alimentar, e vamos vivendo tudo isto com uma certa normalidade, colocando-nos à margem destes acontecimentos, como se nada pudessemos fazer para os tentar alterar.
Mas esta indiferença tem também uma dimensão de Estado. O Estado, aquele pelo qual as pessoas abdicaram de parte das suas liberdades individuais, para numa vida em sociedade alcançar objetivos mais vastos, é hoje comandado pelos mercados, um Estado vergado sob as contas públicas desequilibradas e défices públicos excessivos, a braços com as exigências dos credores internacionais para pagar agora o que deve, tem tendência para olhar para as pessoas não como pessoas, mas como uma décima de ponto percentual que é preciso corrigir no défice público. Mas a indiferença entre Estados é também real e, apenas para citar um exemplo, aquela ideia de comunidade de Estados de bem estar, tão bem traduzida nas palavras de Jean Monnet “Mais do que coligar Estados, importa unir os homens”, a que se começou por chamar Comunidade Económica Europeia, e mais tarde adoptou o nome de União Europeia, cada vez mais parece correr o risco de ficar para a história como  uma miragem utópica.  
     Onde se enquadra em tudo isto a luta da “guerreira” Margarida? Emigrados em busca de um futuro melhor, o casal Eugénia e Gonçalo vivem o nascimento de Margarida, um bebé prematuro extremo (antes de 28 semanas e abaixo de 1000 gramas de peso). No Hospital privado onde a bebé nasceu, são confrontados com uma despesa de 1 000 euros por dia e, sem possibilidade de suportar tal despesa, são confrontados também com a aparente indiferença do Estado de destino (Dubai) e do Estado de origem (Portugal). Felizmente que as tecnologias de informação, e as tão propaladas redes sociais, que muitas vezes servem para veicular propósitos não muito nobres, foram afinal o motor de uma extraordinária onda de solidariedade humana, que abanou a indiferença dos Estados, e permitiu a Eugénia e Gonçalo manter a esperança durante dezanove dias.
A “guerreira” Margarida perdeu a batalha da vida, mas a sua luta, e a onda de solidariedade que se gerou em torno dela, despertou consciências e permite-nos a esperança de que a globalização da indiferença poderá ser vencida. »     
   


Determinismo e Liberdade

Perante o problema filosófico do livre-arbítrio, o aluno João Silva toma posição neste texto da sua responsabilidade. Após dois anos como aluno de Filosofia, elegeu este tema como aquele que mais o sensibilizou.

«O Determinismo é a teoria filosófica que diz que para qualquer acontecimento existem condições que não poderiam ter causado qualquer outro acontecimento. Deste modo, podemos dizer que é baseado no Princípio da Causalidade, segundo o qual se considera que todos os acontecimentos têm uma causa, e por conseguinte os acontecimentos são determinados pelas suas causas e teoricamente previsíveis.
Então, como podemos pensar que temos a liberdade de escolher o que fazer? A resposta é simples, o livre arbítrio é uma ilusão que resulta de não conhecermos inteiramente as causas das nossas ações, levando-nos a pensar que não têm causa. Para ilustrar este argumento, J. Locke criou uma interessante analogia: um indivíduo a dormir é trancado numa sala escura; ao acordar ele decide permanecer na sala, não sabendo que esta está fechada à chave. No entanto, o desconhecimento da sua condição levou-o a acreditar que tem a liberdade de escolher ficar na sala.
Porém, o Determinismo tem implicações sobre a responsabilidade moral: pode-se argumentar que não podemos ser moralmente responsáveis pelas nossas ações se não temos alternativa a estas, se estamos predeterminados, ainda antes de nascer, a realizá-las. Logo, argumentar-se-ia que é injusto castigar (com penas de prisão, por exemplo) aqueles que cometem crimes, por muito graves que sejam.
É esta a linha de argumentação que seguiu o advogado C. Darrow na defesa de Leopold e Loeb em 1924, que raptaram e assassinaram um rapaz de 14 anos. C. Darrow argumentou que os criminosos não poderiam ter feito outra escolha, dados os valores da sociedade pós-guerra em que cresceram: o valor atribuído à vida humana era pouco, visto que a população se regozijava com a morte de milhares de soldados inimigos (o que dá que pensar acerca dos muitos jogos e filmes que atualmente banalizam a violência). Leopold e Loeb foram condenados a prisão perpétua.
Voltando à questão do Determinismo, a ciência, sendo também baseada no Princípio da Causalidade, tem-nos mostrado que para todo o acontecimento físico existe uma causa, que forma uma cadeia causal até ao Big Bang. Laplace chega a conjeturar que, se fosse possível conhecer a posição e velocidade de cada uma das partículas do Universo, seria possível calcular a sua posição no passado e no futuro, o que implicaria, teoricamente, a possibilidade de prever o futuro.
Todavia surgiu recentemente a mecânica quântica que explica acontecimentos ao nível subatómico como sendo baseados em probabilidade, considerando que alguns acontecimentos têm uma natureza aleatória. Esta teoria tem sido usada para argumentar contra o Determinismo, contudo admitir que os acontecimentos ocorrem aleatoriamente não implica a existência de livre arbítrio, pelo contrário, não só as ações não seriam livremente escolhidas pelo agente, como seriam escolhidas aleatoriamente. Imagina então que em vez de leres este texto como tens lido, lerias as palavras numa ordem aleatória, ou, ainda mais absurdo, que quem escreveu o texto apenas martelou aleatoriamente o seu teclado.
Concluindo, a minha opinião pessoal é que face aos argumentos que referi é difícil pensar que temos alguma possibilidade de escolha do que fazer a seguir. Dito isto, e dada a contradição com a natural crença de senso comum no livre arbítrio, não posso deixar de referir que é quase impossível acreditar a tempo inteiro que não podia ter agido de outra maneira.»

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Uma mente brilhante que se apagou?

A semana passada os alunos de Psicologia B, 12ºano, viram o filme «Uma Mente Brilhante» que se apresenta como uma narrativa da vida de John Nash que, embora romanceada, respeita os aspetos fundamentais de uma vida ensombrada pela esquizofrenia.
A notícia da sua morte está agora nos jornais de todo o mundo.




John Nash e sua esposa em foto de 2002, na 74ª
cerimônia do Oscar
(Foto: Fred Pouser/File/Reuters)
Nash tinha 86 anos. Morreu quando o táxi onde seguia com a mulher se despistou.

John Nash, o matemático cuja vida inspirou o filme 'Uma Mente Brilhante', morreu num acidente de carro. Nash, de 86 anos, viajava com a mulher, Alicia, de 82 anos, num táxi que se despistou em New Jersey, nos Estados Unidos da América, avança o Washington Post. O condutor estaria a tentar fazer uma ultrapassagem quando perdeu o controlo do veículo.
John Nash revolucionou o estudo da teoria dos jogos na matemática, tendo sido vencedor do Prémio Nobel da Economia em 1994. Mas foi através do filme Uma Mente Brilhante, protagonizado por Russell Crowe, que a sua vida se tornou conhecida do grande público. Ao longo de 20 anos, Nash lutou contra a esquizofrenia, que o impediu de se distinguir mais cedo no seu campo de estudos. Era um teórico excecional, mas frequentemente perturbado pelas alucinações próprias da doença de que sofria.
Foi a obra de Sylvia Nasar, biógrafa de Nash e antigo membro do comité para o Nobel da Economia, que foi adaptada ao cinema - publicada em 1998 com o nome que seria dado à longa-metragem. O filme chegou ao grande ecrã três anos depois, tendo vencido quatro categorias nos Óscares da Academia de 2001: melhor filme, melhor realizador, melhor argumento adaptado e melhor atriz secundária.
O ator Russel Crowe, que interpretou o papel de Nash, lamentou no Twitter a morte do matemático. "Abalado. O meu coração está com a família de John e Alicia. Uma parceria espantosa. Mentes brilhantes, corações maravilhosos".




sexta-feira, 24 de abril de 2015

VII Encontro de Ciência, Arte e Cultura


Hoje, dia 24 de abril, a nossa escola vai estar aberta à Comunidade Educativa entre as 19:30 e as 23:30. 



O Grupo Disciplinar de Filosofia encontra-se na sala 216 com o seguinte programa:



Apresentação 1

      Projeção e possibilidade de participação no blog: http://espacocriticonaescola.blogspot.pt/


Apresentação 2

     Exposição de diálogos e temas abordados nas aulas de Pensamento Crítico
9º C e 9º F


Apresentação 3

     Projeção de vídeos de cariz filosófico sobre as mais variadas temáticas.

Apresentação 4
Exposição de livros de divulgação filosófica e de trabalhos  de alunos.



Vai acontecer...



A partir das 21. 30

Sessões de pensamento crítico :


Sobre  a Problemática da Existência de Deus.

Orador: Pedro Cachatra
11º J


«A Banalidade do Mal»

Segundo  a filósofa Hanna Arendt

Oradora:  Adriana Fernandes
11ºC


Persuasão e Manipulação no Discurso Publicitário

Oradora: Mariana Guerra
11º A




Contamos com a presença de todos e não se esqueçam de
participar deixando os vossos comentários! Não vão faltar computadores!!!

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Agradecendo a todos os que visitaram o nosso espaço, aos que assistiram às comunicações e, muito especialmente aos oradores, publicamos aqui algumas fotos.


Pedro Catracha, Sobre a Problemática da Existência de Deus


Mariana Guerra, Persuasão e Manipulação no Discurso Publicitário

Adriana Fernandes, A "Banalidade do Mal", segundo Hannah Arendt

O público assistente

quinta-feira, 23 de abril de 2015

5 minutos com um cientista

«Foi, com efeito, pela admiração que os homens, tanto hoje como no começo, foram levados a filosofar (...)» Esta afirmação é de Aristóteles, filósofo grego do século IV a. C. e podemos dizer que ela contém a chave da origem de todo o conhecimento, de qualquer conhecimento, quer seja apelidado de científico quer de filosófico.  

O que nos leva a procurar o saber? O que nos faz querer saber? Este mundo onde estamos, esta bola a rodar indefinidamente no espaço sideral, esta primavera que todos os anos se renova, este sol que nos aquece... não continua este mundo a ser fonte de admiração e de interrogação permanentes? E não são essas interrogações, essas perguntas, que nos conduzem às respostas? Que nos fazem encontrar as explicações que fazem desaparecer, às vezes só provisoriamente, essas perguntas ? Parece que sim, que sempre tem sido assim. Por isso é tão importante fazer perguntas, fazer boas perguntas, fazer as perguntas que nos orientam para a resposta. Um cientista ou um filósofo são homens que são capazes de fazer «perguntas interessantes», de fazer boas perguntas!

Serve isto de introdução para 3 pequenos vídeos selecionados do Youtube, «5 minutos com um cientista», da responsabilidade do Museu de Ciência de Coimbra. Trata-se de uma «série de 26 episódios, onde 26 cientistas portugueses falam do que os inspirou e despertou para a ciência, da sua motivação para a investigação e das perguntas que os inquietam e fazem continuar a investigar (...)». 
Todos valem a pena. A seleção dos dois últimos vídeos pode ser considerada arbitrária. Seguimos apenas dois critérios: apresentar uma cientista e um cientista; apresentar dois cientistas com graus de experiência diferentes. Quanto ao primeiro, com o cientista Octávio Mateus, que nos fala da Lourinhã aqui tão perto e com tanto entusiasmo... era impossível resistir!





https://youtu.be/0bZw3aw7Lsk?si=_-tC5J_4eYkG1d6r

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A tragédia de Lampedusa (outra vez)

Notícia escolhida pelos alunos do 11ºG

Hoje perguntei aos meus alunos se havia alguma notícia que gostassem de colocar no blogue. Escolheram esta imagem e esta notícia.


imagem retirada de http://www.archiburgos.es/2015/04/20/lampedusa-una-herida-que-sangra-cada-vez-mas/


Naufrágio vitima mais 700 imigrantes a caminho de Lampedusa


Centenas de pessoas podem ter morrido na sequência do naufrágio de uma embarcação com 700 imigrantes ilegais que saiu da Líbia na madrugada de sábado para domingo. A notícia desta nova tragédia com imigrantes ilegais no Mediterrâneo foi avançada por um jornal de Malta, citado pela agência Reuters.
Os migrantes partiram do Egipto e foram apanhar o barco à vizinha Líbia, tendo naufragado perto da costa líbia. 49 sobreviventes já foram resgatados, de acordo com a CNN.

Está em curso uma vasta operação de resgate, citando as autoridades italianas, com navios italianos, a Marinha de Malta e navios mercantes. Segundo os órgãos de comunicação locais, os serviços da guarda costeira italianos e a marinha militar, em colaboração com a armada de Malta, terão já recolhido os corpos de 24 pessoas.
O naufrágio terá ocorrido durante a noite, segundo o testemunho de um dos 28 imigrantes salvos, cujo relato foi repetido hoje pelo porta-voz do Alto-Comissariado da ONU para os refugiados na Europa do Sul, Carlotta Sami.

A Guarda Costeira italiana recebeu o pedido de ajuda por volta da meia-noite, e pediu a um cargueiro com bandeira portuguesa, que se desviara da rota, para auxiliar a embarcação em apuros. A informação já foi confirmada à Renascença pela Marinha Portuguesa.



"A informação que eu tenho vem do Centro de Busca e Salvamento Marítimo de Lisboa, que entrou em contacto com o seu congénere italiano e que informou que se trata de um incidente que ocorreu a 70 milhas náuticas a norte da costa da Líbia, onde estão envolvidos 20 navios e três helicópteros", disse à Renascença o comandante Paulo Vicente, porta-voz da Marinha Portuguesa, que confirma que este cargueiro está registado na Madeira, mas desconhece se os tripulantes têm nacionalidade portuguesa.
"Um dos navios que está envolvido neste processo de busca e salvamento marítimo tem bandeira portuguesa. O navio é chamado King Jacob, é um tipo de cargueiro, é um navio com quase 10 mil toneladas de carregamento e foi envolvido desde ontem às 22h30", descreveu.

O barco poderá ter naufragado quando os imigrantes se deslocaram de um lado para o outro da embarcação, quando um navio mercante se aproximou.

O naufrágio ocorreu a cerca de 27 milhas da costa líbia e a 120 milhas da ilha italiana de Lampedusa.

O porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados já afirmou este domingo que esta pode tratar-se de uma das maiores tragédias humanitárias de sempre no Mediterrâneo.

No sábado, o Papa Francisco deixou o pedido às autoridades de todo o mundopara um maior empenho na solução do problema da imigração ilegal. O Papa falou do tema na audiência com o novo presidente de Itália, Sergio Mattarella. 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Eduardo Lourenço

Iniciamos hoje um conjunto de publicações, neste blogue, centrado em filósofos portugueses contemporâneos, preferencialmente em ligação com a sua participação nos media ou em eventos culturais. De algum modo, pretendemos responder à pergunta que muitos dos nossos alunos fazem: Não há filósofos portugueses? Há, pois. E andam por aí.

 Começamos com Eduardo Lourenço e o 3º Encontro Presente no Futuro: à procura da Liberdade, promovido pela Fundação Francisco Manuel do Santos e que se realizou a 3 e 4 de outubro de 2014, no Centro Cultural de Belém,

Cartaz retirado de http://www.presentenofuturo.pt/liberdade/downloads/programa.pdf

Este encontro reuniu cerca meia centena de oradores, portugueses e estrangeiros, dos quais destacamos Eduardo Lourenço e José Gil, filósofos portugueses, e Gilles Lipovetski, filósofo francês.
Eduardo Lourenço (n.1923) tem uma vasta obra publicada e os seus estudos sobre a cultura portuguesa são uma referência. Salientamos uma das suas obras de maior projeção, O Labirinto da Saudade - Psicanálise Mítica do Destino Português (1978).



José Gil (n.1939) tem igualmente uma vasta obra que vai desde estudos filosóficos sobre Estética, de carácter mais técnico e especializado, a ensaios mais facilmente acessíveis a um público mais vasto. Em 2005 foi reconhecido como um dos 25 pensadores mais importantes da atualidade pela revista francesa Le Nouvel Observateur. Salientamos uma das obras que mais parece ter contribuído para o conhecimento de José Gil por parte do grande público, Portugal Hoje - o Medo de Existir (2004).

A José Gil voltaremos neste blogue. E também a Gilles Lipovetski.

Retomando o 3º Encontro Presente no Futuro: à procura da Liberdade, publicamos o video, retirado do youtube, que regista a participação de Eduardo Lourenço. Carlos Vaz Marques conversa com o filósofo de forma descontraída. A conversa flui e Eduardo Lourenço surpreende e cativa pela vitalidade, naturalidade e humor. Fala-se de liberdade, viaja-se pelo seu e nosso passado, pela nossa História, mas também se fala de presente e de futuro, do futuro acerca do qual diz Eduardo Lourenço ( e com esta ideia finaliza): «a única coisa que é certa é que ele é mais imprevisível ainda do que o que podemos imaginar neste momento» . E ainda bem, acrescentamos nós!!!
Para quem não tem disponibilidade para ouvir tudo, sugiro que não perca a reflexão sobre a liberdade, logo no início, definida esta como «a forma natural de respirarmos aquilo que somos», a resposta à pergunta relativa ao «domínio da máquina sobre o homem (sensivelmente aos 49'), a referência à televisão (a partir dos 50') e a deliciosa expressão dos «teólogos a discutir futebol» (52' 40'' ),  a referência ao ensino e à escola, esse lugar «onde se aprende a discutir, a aceitar a opinião divergente, a combater com argumentos, por exemplo, em vez de ser com insultos»(1' 4'').





terça-feira, 14 de abril de 2015

Olimpíadas Iberoamericanas da Filosofia

Aqui está uma boa notícia que orgulha toda a comunidade filosófica e não só...


Filosofia: Jovens portugueses brilham nas Olimpíadas

Portugal foi o país mais premiado na segunda edição das Olimpíadas Iberoamericanas da Filosofia, com os jovens participantes nacionais a conquistarem um total de três medalhas na competição. O anúncio foi feito este domingo pela Profosos - Associação para a Promoção da Filosofia.
José Nuno Forte, aluno da Escola Secundária Dr. Ginestal Machado (Santarém), foi o grande vencedor do concurso, arrecadando o ouro. Maria Beatriz Santos, estudante da Escola Secundária Ibn Mucana (Alcabideche), ganhou uma medalha de prata e Hugo Ferreira Luzio, da Escola Secundária de Santa Maria, em Sintra, levou para casa um bronze.
No concurso participaram, também, alunos de escolas de Espanha, Costa Rica, México e República Dominicana, que completaram, nos seus países de origem, mas em simultâneo, uma prova com a duração de três horas que consistiu na elaboração de um ensaio filosófico, avaliado, depois, por um júri composto por especialistas dos países envolvidos no evento.
Numa nota publicada na sua página oficial do Facebook, a Profosos sublinha que as conquistas portuguesas são motivo de orgulho e alerta para o relevo de campos do conhecimento como a Filosofia na atualidade.
"Estes resultados confirmam, uma vez mais, a excelência dos nossos estudantes e reiteram a necessidade de não esquecermos a importância do pensamento, muitas vezes relegado para segundo plano, sob as ciências exatas, num momento que se assume crítico na História da nossa sociedade", afirma a associação.

Síndrome de Savant

Síndrome de Savant é um mistério que fascina e intriga a ciência!

O Globo lembra que o americano Kim Peek sabe de cor mais de 7500 livros aos 55 anos

2006-04-11
kim Peek
kim Peek
Os portadores de Síndrome de Savant são um mistério que fascina e intriga a ciência. Donos de uma memória extraordinária – são capazes de decorar livros inteiros depois de uma única leitura ou tocar uma música com perfeição após a primeira audição –, eles possuem ao mesmo tempo sérios défices de desenvolvimento, como uma grande dificuldade para falar e se relacionar socialmente. É assim que começa um texto da edição on-line do jornal O Globo, de quem Ciência Hoje recebeu autorização expressa para citar e reproduzir parcialmente.
Ainda segundo O Globo, a síndrome costuma aparecer em dez por cento dos autistas e também dois por cento das pessoas que sofrem algum tipo de dano no cérebro, provocado por acidente ou doenças. O mais famoso savant do mundo, o americano Kim Peek, que inspirou o director Barry Levinson a fazer o filme Rain Man, aprendeu a ler aos 2 anos e hoje, aos 55, sabe de cor mais de 7.500 livros.



«Rain Man»: a história de Kim Peek
«Rain Man»: a história de Kim Peek

«Eles desenvolvem habilidades excepcionais numa determinada área, mas mal conseguem comunicar-se e relacionar-se com as outras pessoas. Costumamos dizer que são como ilhas de excelência num mar de deficiências», conta a O Globo o psiquiatra Estêvão Valdaz, coordenador do Projecto Autismo do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.


Quem primeiro descreveu o savantismo foi o médico Langdon Down – que ficou famoso por ter identificado a síndrome de Down (vulgo mongolismo). Em 1887, Down apresentou à sociedade médica de Londres a história de dez pacientes que ele chamou, na época, de "idiots savants" ou sábios idiotas. De lá para cá, pouco se avançou no sentido de se descobrir as causas que levam essas pessoas a terem uma memória extraordinária. Muitos cientistas acreditam que a síndrome está relacionada a algum tipo de dano no hemisfério esquerdo do cérebro que forçaria o lado direito a compensar essa falha. Isto porque as habilidades desenvolvidas pelos portadores da síndrome, normalmente nas áreas de música, pintura, desenho e cálculo são todas relacionadas com esse hemisfério. Já as funções ligadas ao lado esquerdo, como a linguagem e a fala tendem a ser pouco desenvolvidas.


O uso de aparelhos que permitem «scanear» o cérebro, como a tomografia e a ressonância magnética, vem reforçando ainda mais essa teoria. O jornal O Globo refere ainda um estudo coordenado pelo americano Bruce Miller, da Universidade da Califórnia: mostrou que idosos que desenvolveram uma espectacular habilidade para a pintura depois de passarem a sofrer da doença de Alzheimer estavam com o lado esquerdo do cérebro danificado.


O psiquiatra Estêvão Valdaz conta ainda àquele jornal brasileiro que no hospital das clínicas onde trabalha, dos 1.500 pacientes autistas cerca de 150 são portadores da síndrome. A maioria tem uma incrível habilidade com os números, muitos fazem contas complicadíssimas em décimos de segundos – tão rápidos quanto uma máquina. Também são expert em calendários, conseguem calcular rapidamente, por exemplo, em que dia da semana vai cair uma determinada data, mesmo que seja um dia qualquer do próximo século.


«Apesar de possuíram uma memória espectacular, essas pessoas não sabem o que fazer com tudo aquilo o que aprendem. Não sabem como aplicar esse conhecimento na sua vida quotidiana. São, na verdade, grandes decorebas», avalia o psiquiatra nas suas declarações a O Globo.


A Síndrome de Savant, que é quatro vezes mais frequente entre os homens, pode ser congénita ou adquirida após algum tipo de dano cerebral. Não é uma doença de diagnóstico fácil. Principalmente, quando surge em consequência do autismo, que costuma se manifestar na infância. Estêvão Valdaz diz que a maioria dos pais costuma ficar tão maravilhada com as habilidades do filho que custa a crer que na verdade a criança tenha algum problema.

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