sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Frei Bento Domingues - Para um mundo melhor (4)

No que podemos considerar a última parte da sua comunicação, Frei Bento Domingues parece encaminhar-se para fechar com esta ideia fundamental de que todos, qualquer que seja o nosso lugar na sociedade, devemos contribuir para um mundo melhor. Aborda a questão da Política, cuja ação se situa num plano coletivo implicando a vida dos homens em sociedade e que deve ter como orientação o Bem Comum; aborda a incompatibilidade entre a Religião e Fé como resultado de um equívoco; apela ao contributo "das Artes, Filosofia, Ciência, Técnica, Religião" e à formação de "investigadores, cientistas, políticos, filósofos competentes" para que se desenvolva uma aliança de todos os saberes para "tornar o mundo melhor". 

E, desta vez, terminamos republicando um excerto de um artigo do próprio Frei Bento Domingues «Quem desafia quem», publicado no Jornal «Público» de 10 de dezembro de 2017 (já aqui publicado em parte em post de 14 de novembro p.p.).

«Hoje, existem bastantes pessoas com preparação científica e teológica para não se fazer de uma teoria científica e de uma convicção de fé religiosa um campo de batalha. Na religião não vale tudo. (...) 
Hoje, apercebemo-nos de que os grandes princípios e os conceitos essenciais são constantemente postos em questão, inclusive com base num maior conhecimento da complexidade da condição humana. Exigem novos aprofundamentos. Por outro lado, as mudanças socioeconómicas, os deslocamentos de populações, os confrontos interculturais, a propagação de uma cultura global e, sobretudo, das incríveis descobertas da ciência e da técnica inscrevem-se num contexto mais fluido e mutável. (...)

Não estamos no pior nem no melhor dos mundos. Os progressos científicos e tecnológicos são incontestáveis, mas a quem aproveitam? Quem são os seus beneficiários? Servem para o bem da humanidade inteira ou criam novas desigualdades? As grandes decisões sobre a orientação da pesquisa científica e sobre os investimentos que exigem devem ser tomadas pelo conjunto da sociedade ou ditadas apenas pelas regras do mercado ou pelo interesse de poucos?»
Imagem retirada de https://www.publico.pt/autor/frei-bento


Frei Bento Domingues - Da Religião e da Ética (3)

Numa época em que os conflitos ditos religiosos atingem extremos de violência, Frei Bento Domingues aborda a religião e a do seu fundamento numa perspetiva diametralmente oposta - através da ideia de Amor. Falar de amor é muito difícil... Não vivemos sem ele, privamos com ele (ou com a sua falta) diariamente e, no entanto, dificilmente, desde as neurociências à religião, passando pela  filosofia, pela psicologia, pela literatura, pela música (pelas artes no geral), encontramos uma definição ou abordagem que dele dê conta de forma completa. Frei Bento Domingues escolheu a ideia de amor enquanto pura gratuidade. Ao considerar que o fundamento da religião está no amor assim concebido, e opondo "amor" a "condenação" ("somos amados e não condenados") releva a ideia de reciprocidade, de abertura ao outro, de compromisso ético. Deste modo, transporta-a para os dias de hoje como um lugar onde os homens se podem encontrar, e não como um lugar onde se digladiam, estabelecendo uma relação de continuidade entre a Religião e a Ética.

Para finalizar este post, recorremos a um texto de Fernando Savater, filósofo espanhol contemporâneo.
« Ninguém chega a tornar-se humano se está só: tornamo-nos humanos uns aos outros. A nossa humanidade foi-nos "contagiada": é uma doença mortal que nunca teríamos desenvolvido se não fosse a proximidade dos nossos semelhantes! Passaram-no-la de boca em boca, pela palavra, mas antes ainda pelo olhar: quando ainda estávamos muito longe de saber ler, já tínhamos lido a nossa humanidade nos olhos dos nossos pais ou de quem, em seu lugar, nos deu atenção. É um olhar que contém amor, preocupação, reprovação ou troça: isto é, possui significados. E que nos tira da nossa insignificância natural para nos tornar humanamente significativos.»

Fernando Savater, ((1999) As perguntas da vida. Lisboa: D. Quixote, p.191.

Imagem retirada de https://www.fronteiras.com/portoalegre/conferencia/fernando-savater




Frei Bento Domingues - Da Filosofia (2)

Na continuidade do post anterior...


2) Da Filosofia - A Filosofia põe tudo em causa, é uma interrogação contínua, não nos permite repousar em falsas evidências com falta de fundamentos. Na Filosofia não se utilizam procedimentos de verificação [como nas ciências], mas põe-se tudo em causa para combater as idolatrias. 
Kant formula três questões fundamentais “Que posso saber?”, “Que devo fazer?”; “Que me é permitido esperar?”, que no fundo se reduzem a uma “O que é o Homem?”, pois é para esta última questão que todas as outras se orientam.
Ciência e Filosofia são oposições “tontas”, constituem sim diferentes métodos, diferentes caminhos de abordar e transformar a realidade.


Sob sugestão de Frei Bento Domingues, finalizemos este post com mais algumas ideias da filosofia de Kant (1724-1804). 

À questão "Que posso saber" responderia, segundo Kant, a Metafísica investigando as possibilidades de conhecimento humano. Opondo-se ao optimismo cartesiano quanto às possibilidades de conhecimento, Kant conclui que a Razão humana não pode conhecer tudo. Opondo-se aos empiristas, como Hume, que determinam os dados sensíveis - a experiência - como ponto de partida absoluto de todo o conhecimento, Kant considera que "se todo o conhecimento começa com a experiência, não deriva todo dela." 
À questão " Que devo fazer" responderia a Ética. Kant considera a existência de imperativos categóricos, absolutos e incondicionais, com origem na Razão Pura Prática, que aparecem à consciência moral sob a forma do dever ordenando a ação como boa em si mesma. A ética de Kant é classificada como uma ética deontológica, cujo critério assenta na ideia do cumprimento do dever (imperativo categórico) e opõe-se às éticas consequencialistas, cujo critério assenta na ideia das consequências das ações. 
À questão "O que posso esperar?" responderia a Religião e à última "O que é o Homem", responderia a Antropologia, sendo que esta última questão engloba todas as outras.
Acrescentemos que a ideia de dignidade humana, fundamental em Kant, é um conceito essencial na Declaração dos Direitos Humanos de 1948 e sempre que procuramos um estatuto diferenciado para o que é humano. É, nomeadamente, em nome do que designamos como "dignidade" que atos como a escravatura, o comércio de seres humanos, o tráfico de órgãos nos aparecem não apenas como chocantes, mas como racional e concetualmente errados. O conceito de "dignidade humana" permite justificar porque é que nem tudo se pode submeter às leis do mercado e há bens cujo valor não tem preço. Um mundo humano não é um mundo de meras trocas onde tudo pode ser convertido numa mercadoria ou num número.
E mesmo para acabar este post que já vai longo, dando sequência a esta ideia, fiquemos com um pequeno texto de M. Sandel, filósofo americano contemporâneo:

«O altruísmo, a generosidade, a solidariedade e o espírito cívico não são similares a mercadorias que se esgotam com o uso. São mais músculos que se desenvolvem e fortalecem com o exercício. Um dos defeitos de uma sociedade regida pelos mercados é que permite que estas virtudes definhem. Para podermos renovar a nossa vida pública, precisamos de as exercer com uma tenacidade cada vez maior.» Michael J. Sandel (2015) O que o dinheiro não pode comprar. Lisboa: Presença, p. 135). 
Imagem retirada de https://www.fronteiras.com/noticias/justica-como-fazer-a-coisa-certa-conheca-michael-sandel-1427124358

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Frei Bento Domingues - Da ciência, da Religião e da Arte (1)


De acordo com o que temos vindo a noticiar, realizou-se no passado dia 15 a conferência de Frei Bento Domingues no Salão dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras. Foi uma iniciativa do Rotary Club de Torres Vedras, em parceria com o Grupo Disciplinar de Filosofia no âmbito das celebrações do Dia Mundial da Filosofia, contando igualmente com a participação ativa dos alunos do Curso Profissional de Turismo. Com esta atividade procurámos, tal como em anos anteriores, criar uma oportunidade de formação para os nossos alunos, no quadro da finalidades definidas pela UNESCO para este Dia, das finalidades do ensino da Filosofia e, mais proximamente, no quadro de referências para a educação em Portugal que dá pelo nome de Perfil do Aluno para o século XXI (consultar em http://www.dge.mec.pt/noticias/perfil-dos-alunos-saida-da-escolaridade-obrigatoria.)


Apresentamos, de seguida (em vários posts), de forma sintética, reorganizada, sem preocupação de reprodução exata e integral, algumas das ideias que Frei Bento Domingues expressou com o entusiasmo e a vivacidade habituais. 

1) Da Ciência, da Religião e da Arte -  Palavra de Deus não é para descrever o mundo, a natureza. Não é um livro de Ciência. É um livro de LiteraturaA ciência remete-nos para uma linguagem técnica e rigorosa, bem como para procedimentos de verificação que aferem a verdade dos enunciados científicos. A existência das ciências significa que o mundo é inteligível, que está sujeito a leis que se podem conhecer, que se podem descobrir.
A Religião é portadora de uma linguagem simbólica, tal como a Literatura, a Música, a Poesia...
Na escola lê-se Poesia, onde nos deparamos com a linguagem simbólica. Por exemplo, a linguagem da Música é fantástica, mas não tem uma correspondência no mundo exterior. A linguagem das artes, da Poesia, da Música, da Pintura cria um mundo outro. É uma produção de pura beleza, mediante sons. Diferentemente do que acontece com as ciências, a Música, a Pintura, a Poesia agradam ou não, são belas ou feias, do ponto de vista estético. E não são uma imitação do real exterior. A Música não se parece com nada, mexe com as nossas emoções, com o nosso coração (embora tenha por detrás um grande trabalho intelectual). Os poemas de Eugénio de Andrade, por exemplo, são uma explosão de alegria na poesia, constituem um jogo de palavras, que são uma explosão de beleza.


Sigamos, então, a sugestão de Frei Bento Domingues, finalizando este primeiro post com um poema de Eugénio de Andrade (1923-2005).
O amor 
É uma ave a tremer
nas mãos de uma criança,
serve-se de palavras por ignorar
que as manhãs mais limpas não têm voz

(Poema Quase nada, retirado de https://www.escritas.org/pt/t/2487/quase-nada, consulta a 22 de novembro, 2018)


quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Escola Secundária de Madeira Torres - Dia Mundial da Filosofia 2018



Perante os desafios do mundo contemporâneo, perante as possibilidades abertas pelo desenvolvimento da ciência e da tecnologia, surgem perguntam que nos interpelam enquanto homens. Quando as nossas perguntas se referem ao mundo em que habitamos e que queremos habitar, ao mundo pelo qual somos responsáveis, todos somos poucos para encontrar as melhores respostas. 
Ouçamos, por exemplo, Frei Bento Domingues:
«Não estamos no pior nem no melhor dos mundos. Os progressos científicos e tecnológicos são incontestáveis, mas a quem aproveitam? Quem são os seus beneficiários? Servem para o bem da humanidade inteira ou criam novas desigualdades? As grandes decisões sobre a orientação da pesquisa científica e sobre os investimentos que exigem devem ser tomadas pelo conjunto da sociedade ou ditadas apenas pelas regras do mercado ou pelo interesse de poucos?»
E para quem possa pensar ainda que na abordagem dos desafios do mundo contemporâneo a ciência e a religião estão em conflito, também nos diz Frei Bento Domingues:
«A guerra de insultos entre ciência e religião só pode ser alimentada e divulgada pelo persistente desconhecimento da natureza destas duas atitudes e práticas, igualmente humanas e diversas. Não são concorrentes, pois não brotam das mesmas perguntas, nem seguem os mesmos caminhos. Uns são os métodos da investigação científica, outros os percursos da experiência religiosa.» (Frei Bento Domingues, «Quem desafia quem», in Público de 10 de dezembro de 2017)


Madeira Torres - Cartaz do Dia Mundial da Filosofia 2018

   
A aventura intelectual que a ciência e a filosofia representam teve início por volta do século VII a. C., na Grécia Antiga, num ambiente de relativo bem estar económico, paz e liberdade de pensamento. Hoje, tal como ontem, a ciência e a filosofia alimentam-se da liberdade e, ao mesmo tempo, preservam-na. Nenhum processo de investigação - científica, filosófica, política ou religiosa - pode dispensar o diálogo no qual as ideias se abrem ao confronto, à expressão pública, à exigência de clarificação e de avaliação do seu alcance e limites. Não é por acaso que todos os autoritarismos se dão mal com a liberdade de pensamento, seja qual for o seu lugar de origem.
É também na escola que aprendemos o valor do pensamento e que desenvolvemos a capacidade de viver em conjunto. A escola continua a ser esse lugar «onde se aprende a discutir, a aceitar a opinião divergente, a combater com argumentos, por exemplo, em vez de ser com insultos», nas palavras do filósofo Eduardo Lourenço (ver aqui publicação de 16 de abril de 2015, etiqueta Filósofos portugueses). É também sob esta inspiração que temos vindo a celebrar, de há muito e sob diversos modos, o Dia Mundial da Filosofia na nossa escola. 


terça-feira, 13 de novembro de 2018

Dia Mundial da Filosofia 2018 - Filosofia na Antena 2

Notamos uma tendência que se tem vindo cada vez mais a acentuar, a de que em Portugal a filosofia vai ganhando espaço e visibilidade nos media e no discurso quotidiano. 

Este ano a Antena 2 vai dedicar um dia à filosofia, associando-se à celebração desta data que a UNESCO lançou em 2002.

«Desde a sua inauguração enquanto Dia da Filosofia na UNESCO em 2002 e particularmente desde a sua institucionalização em 2005 como Dia Mundial da Filosofia, esta celebração da filosofia inspirou muito entusiasmo. Criada com o fim de aproximar a filosofia de todos, professores, estudantes, assim como o grande público em geral, todos mostraram um grande interesse por esta atividade que oferece novas oportunidades e um espaço para a reflexão crítica e o debate.» 

(«La philosophie à l’UNESCO», consultado em http://portal.unesco.org a 16 de Outubro 2009, tradução do francês da responsabilidade do Grupo Disciplinar de Filosofia da Escola Secundária de Madeira Torres, Torres Vedras. Para informação mais completa, consultar aqui post de 16 de novembro de 2016, sob a etiqueta Dia Mundial da Filosofia))

A Antena 2 associa-se e celebra o Dia Mundial da Filosofia, emitindo cinco rubricas ao longo do dia. Em cada uma é colocada uma questão diferente sobre assuntos que dizem respeito a todos. Para nos fazer pensar...


Dia Mundial da Filosofia

15 Novembro
10h50 | 12h50 | 14h50 | 20h50 | 22h50


A filosofia não deveria ser um empenho puramente intelectual; deve envolver-se no dia a dia das nossas vidas e o dia a dia é repleto de eventos que levantam questões filosóficas


Na Antena 2 celebra-se o Dia Mundial da Filosofia, com 5 questões em 5 breves programas.
Ana Paula Ferreira, com estas cinco questões por base, reflete em cinco conversas com o filósofo Aires Almeida:

10h50 | Como manter a identidade num mundo cada vez mais massificado e global?

12h50 | Estão de novo a despontar ideias racistas e xenófobas... como pode a filosofia ajudar a elaborar sobre este fenómeno?

14h50 | O valor da filosofia na escola...

20h50 | Os valores que têm alicerçado a nossa sociedade (liberdade, justiça, moral...) parecem ser encarados, cada vez mais, como relativos...

22h50 | A velocidade do mundo tecnológico tem tempo para a reflexão filosófica?

Festival de Filosofia de Abrantes 2018

Novembro parece ser um mês fértil para a filosofia. Desta vez, temos a notícia do Festival de Abrantes que este ano tem como tema aglutinador "A Inteligência Artificial, o Trabalho e o Humano".


O impacto da inteligência artificial na organização do trabalho e no pensamento humano é o tema central do 2º Festival de Filosofia de Abrantes, que decorre em Abrantes, Sardoal e Mação entre 09 e 18 de novembro. Por acaso, ou não, inclui o Dia Mundial da Filosofia.
«Em nota de imprensa, a organização refere que vão ser "nove dias a refletir, a debater e a desafiar os cidadãos a tomarem posição sobre um tema emergente" - como a relação entre a inteligência artificial, o trabalho e o ser humano, e a automação e organização do trabalho -, num programa com um conjunto de conferências com intervenções de pensadores, académicos e investigadores portugueses e estrangeiros.
A dimensão política sobre os desafios da robótica no mundo do trabalho será um tema a juntar à mesma mesa representantes de todos os partidos políticos com assento na Assembleia da República.
O festival é organizado pela Câmara Municipal de Abrantes, em parceria com o Clube de Filosofia de Abrantes, as Câmaras Municipais de Mação e de Sardoal, a Palha de Abrantes - Associação de Desenvolvimento Cultural, os Agrupamentos de Escolas dos Concelhos de Abrantes, Mação e Sardoal, e a Fundação Serralves.»

O programa pode ser consultado aqui: http://cm-abrantes.pt/index.php/agenda/535-festival-de-filosofia-de-abrantes-2-edicao. É um programa eclético, que revela abertura e grande diversidade. A filosofia, o pensamento e a cultura exprimem-se no espaço público. Destacamos a conferência inaugural por Viriato Soromenho Marques e a de encerramento por Eduardo Lourenço, filósofos de renome que já têm sido referenciados neste blogue.


sábado, 10 de novembro de 2018

Dia Mundial da Filosofia - Conferência com Frei Bento Domingues


imagem retirada de https://www.igrejaacores.pt/o-bom-humor-de-deus-reune-cronicas-de-frei-bento-domingues/
Frei Bento Domingues tem presença regular na imprensa portuguesa - é colunista do Jornal Público. Falar dele em poucas palavras é difícil. E talvez também não seja, para já, o mais importante. Tem um percurso de vida de enorme riqueza e um sentido de humanidade que concretizou não apenas em palavras, mas também em ações, algumas das quais arriscadas. Se houvesse palavra para lhe aplicar diria que é um homem livre. Possuidor dessa liberdade que é inquietação do pensamento e da ação na busca da verdade e da justiça. 
Acreditamos que a sua presença e as suas palavras no próximo dia 15 de novembro, Dia Mundial da Filosofia, no Salão dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras, não vai deixar os nossos alunos indiferentes. Mais uma vez, o Grupo Disciplinar de Filosofia da Escola Secundária de Madeira Torres associou-se ao Rotary Club de Torres Vedras para esta atividade. Também como tem sido habitual, contamos com a valiosa colaboração dos alunos do curso Profissional de Turismo. 


Para saber mais acerca de Frei Bento Domingues:
1) Há muito pouco tempo, a 15 de setembro de 2018, foi entrevistado pela TVI24, no programa Entre Tantos. Pode ser visto aqui:
https://tvi24.iol.pt/videos/entre-tantos/entre-tantos-convidado-frei-bento-domingues/5b9d79da0cf22e5fe0750884
2) O blogue da jornalista Anabela Mota Ribeiro tem também uma entrevista muito interessante (publicada originalmente no Jornal Público em 2011) https://anabelamotaribeiro.pt/56799.html 


Dia Mundial da Filosofia 2018 - Mensagem Oficial




Mensagem da Diretora Geral da UNESCO, Audrey Azoulay, por ocasião do Dia Mundial da Filosofia



A filosofia alimenta-se da necessidade que o ser humano experimenta de compreender o mundo que o rodeia e de encontrar princípios para nele conduzir a sua ação. É uma necessidade ancestral mas sempre viva: perto de 3 000 anos depois da emergência desta disciplina na China, no Médio-Oriente e na Grécia antiga, as questões da filosofia não perderam nada da sua pertinência e da sua universalidade – bem pelo contrário! Num mundo cada vez mais complexo, em que reina a incerteza, em que as evoluções societais e as revoluções tecnológicas confundem as nossas referências, em que os desafios sociais e políticos a assinalar são imensos, a filosofia permanece um recurso muito precioso – é ao mesmo tempo um espaço de retiro, de desaceleração e uma luz susceptível de nos orientar. A filosofia ajuda-nos, com efeito, a sair da tirania do instante e a perspetivar os desafios que se nos colocam com o recuo histórico e o rigor intelectual necessários. Entrega-nos chaves de interpretação e sintetiza numa linguagem acessível os saberes fragmentados em especialidades inumeráveis – biologia, genética, informática, ciências cognitivas, direito, economia, ciências políticas… Por detrás destes saberes especializados, ela consegue distinguir os desafios propriamente humanos (…). A filosofia ajuda-nos também, precisamente, a refletir sobre as normas que fundam a nossa vida coletiva: ela ocupa-se das questões da justiça, da paz, da ética, da moral. Estas questões são de uma atualidade escaldante quando os progressos realizados no domínio da inteligência artificial parecem redefinir até as fronteiras do humano. 
Enfim, a filosofia implica um percurso e uma atitude particulares: a abertura ao diálogo e à troca de argumentos, a disposição a acolher o que parece estranho e diferente, a coragem intelectual de interrogar os estereótipos e de desconstruir os dogmatismos. Por todas estas razões, a filosofia é um recurso indispensável para viver em conjunto e para toda a sociedade livre e pluralista – ou que aspira a sê-lo. (…).
Neste Dia Mundial da Filosofia, que a palavra célebre de Sócrates - «Tudo o que sei é que nada sei» - seja um estímulo para progredir em conjunto alguns passos na imensidade vertiginosa do saber.

Retirado de http://unesdoc.unesco.org/images/0026/002661/266101f.pdf, consulta a 10 de novembro, 2018 (tradução do original francês e sublinhados da nossa responsabilidade)