quarta-feira, 11 de março de 2015

Filosofia, maçãs e Descartes

Um dia destes, numa apresentação de um trabalho que versava sobre a dúvida cartesiana, os alunos trouxeram um cesto com maçãs... Procuraram, assim, seguir a metáfora de Descartes que, na sua carta ao Padre Bourdin, terá dito:

«Se tiver um cesto de maçãs das quais várias estão podres e, por isso, envenenam o resto, que fazer senão esvaziá-lo todo e retomar as maças uma a uma para voltar a pôr as boas no cesto e deitar as más para o lixo...»
                               (citado a partir de Koiré, Considerações sobre Descartes, Lisboa, Presença, p.p.49-50)

O texto de Descartes parece claro em considerar que a operação deve dar-se em dois tempos:
1º esvaziar o cesto
2º recolocar as maçãs boas.

No entanto, os nossos jovens decidiram retirar uma a uma as maçãs e verificar o seu estado sem, contudo, esvaziar o cesto.
Não me parece que tenha resultado mal. É que as maçãs eram poucochinhas, o que facilitou a tarefa. Afinal, alguém disse que era um cesto MUITO GRANDE, CHEIINHO de maçãs?

As metáforas são apenas sugestivas de modo a, através de uma realidade mais facilmente conhecida, ajudar a mente a penetrar no menos conhecido. Neste caso, mesmo com outro método de análise às maçãs, foi possível perceber que a dúvida em Descartes é o crivo pelo qual têm que passar todas as representações da mente. Só deste modo será possível assegurar o seu valor cognitivo. 

Pena que, no final, não tivessemos podido provar as maçãs... Bem que elas apareciam apetitosas!!
Mas... as maçãs na filosofia são apenas, e só, ideias. E estas, por mais belas e apelativas que possam ser ( e que as há! ) são prováveis..., 
                                                        mas não são comestíveis.

É como na Arte...
´

RENÉ MAGRITTE (1898-1967)

CECI N'EST PAS UNE POMME (isto não é uma maçã)





13 comentários:

  1. Podemos afirmar que este post é muito interessante e chama a atenção do leitor, portanto continuem postando pois este blog é bastante apelativo e ajuda-nos a compreender melhor os temas trabalhados em aula.
    Afonso e Iuri 11ºG

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    1. A Filosofia das macas em Descartes nos deixa com as duas licoes: a primeira e' esvaziar o cesto; a segunda recolocar as macas boas.
      essa licao e' sugestiva para a realidade mocambicana, realidade essa das dividas publicas. as instituicoes finaceiras internacionasis conhece muito bem as pessoas que contrairam as dividas, mas em contrapartida um povo inteiro e' punido. por que nao congelar os activos dessas pessoas e dixar as nossas institicoes a funcionar. sera' que o Ocidente nao leu ou deixou de ler Descartes ou tambem perdeu o gosto da razao publica? essas instituicoes finaceiras vem impondo policas de austeridade aos povos da periferia da Europa, como Portugal, Grecia, Espanha e outros povos.
      Joaquim Nhamire Huo

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    2. Ler os filósofos ajuda sempre a entender melhor a realidade, desenvolve o espírito crítico e alarga os nossos horizontes. Para além disso, a filosofia, enquanto pensamento racional sobre o mundo, convida a uma comunidade assente na partilha de uma razão universal. Partilho das suas inquietações.

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  2. Ambos achamos que esta metáfora é um ''instrumento'' que facilita imenso a compreensão do método utilizado por Descartes para chegar ao conhecimento. Através da comparação entre um cesto de maçãs e o conhecimento humano, é possível compreender que Descartes defendia que para chegar ao conhecimento verdadeiro era necessário o ser humano se ''livrar'' de todos os conhecimentos adquiridos na sua infância, pois muitos deles eram falsos, fazendo assim com que o ser humano nunca chegasse ao conhecimento verdadeiro, pois tinha como verdadeiro conhecimentos falsos.

    Carolina e César 11ºG

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  3. Este post está relacionado com a dúvida cartesiana, que coloca em questão todas as supostas verdades, chegando a uma verdade indubitável e primeira: o cogito. Através de uma metáfora entre ideias e maçãs, Descartes clarifica o seu pensamento. Este post está bastante interessante, uma vez que suaviza os importantes conteúdos leccionados, levando à melhor percepção dos mesmos, sendo ainda caraterizado por ser um pouco pouco cómico. Continuem a escrever!!!
    Duarte Saraiva e Ricardo Lopes (Piri) do 11ºD

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  4. Descartes, uma vez mais, dá uso a metáforas para defender as suas teses. Nesta, compara um cesto cheio de maçãs a todo o conhecimento humano, de modo a provar que se deve, de facto, duvidar de tudo em que se notar a mínima incerteza. Isto porque, segundo ele, existem muitas razões para duvidar do conhecimento adquirido até à data, tais como: a impossibilidade de distinguir a vigília do sonho, a existência de um génio maligno, os preconceitos ou juízos precipitados formulados durante a nossa infância, etc. São portanto as razões que nos impedem de possuir o conhecimento verdadeiro.
    No final, após analisar todas as maçãs, chegamos à conclusão da primeira verdade absoluta, o cogito, que vai servir de alicerce para a obtenção dos restantes conhecimento.

    André e Tiago, 11ºD

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  5. Através da metáfora do cesto de maçãs, podemos compreender melhor a Duvida Cartesiana uma vez que utiliza um exemplo mais concreto para melhor entendimento. Descartes, compara o cesto de maçãs a todo o conhecimento humano, provando assim que todos nós deveríamos de esvaziar o "nosso cesto de maçãs" e analisá-las uma a uma e excluir ao mínimo sinal de imperfeição ou incerteza, com o objetivo de não construir o conhecimento sobre juízos falsos, podendo assim chegar á verdade.

    Bruna e Afonso, 11ºD

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  6. Este blog é muito interessante, porque aborda os temas dados em aula de uma maneira diferente e apelativa! Continuem a escrever!
    PS 11ºD

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  7. A metáfora presente neste post compara as maçãs presentes no texto com as ideias do Homem. Esta metáfora fala-nos sobre separar as maçãs boas da estragadas. Isto pode ser relacionado com Descartes e com o seu cogito. O cogito de Descartes é o processo pelo qual o mesmo exclui todas as ideias e pensamentos que possam mostrar algum tipo de duvida, tal como as maçãs estragadas são excluídas do cesto e do resto das maçãs até sobrarem apenas maçãs boas, que no caso do cogito de Descartes é a ideia da sua existência apenas como ser pensante.

    TR e IM
    11ºC

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  8. Quanto a Magritte, isso realmente não é uma maça! Ou alguém duvida disso?

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