sábado, 14 de abril de 2018

A natureza do amor (1) - as experiência de Harlow com macacos rhesus



 
imagem retirada de: http://www.clinico-psicologo.com/os-estudos-de-harlow-vinculacao/


A natureza do amor... É um título atraente. Dir-se-ia de um ensaio filosófico ou de um romance com êxito de vendas garantido.
É um título ousado... O Amor está no início das primeiras grandes explicações míticas sobre o mundo como elemento gerador, está nos primeiros filósofos - séculos VII-VI a. C., como força explicativa da união e da harmonia do Cosmos... A primeira grande obra que o tem como tema central é o Banquete de Platão, filósofo grego da Antiguidade Clássica (séculos V-IV a. C.). Nela encontramos um conjunto de convivas, onde se inclui Sócrates, que vai dissertando e dialogando acerca do Amor e da sua natureza...
Mas também nas artes, do romance à poesia, da pintura à música, do teatro ao cinema,  o tema do amor tem dado origem, e continua a dar, a grandes obras que perduram e, na verdade, também a muitas outras que se vão com o tempo...

E só para dar exemplos que os nossos alunos conhecem, podemos dizer que é  sobre a natureza do Amor o poema soneto de Camões que tem como primeira estrofe
"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente,
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.
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Que é o Amor que une Baltazar e Blimunda no Memorial do Convento de Saramago...

Que é ainda o Amor que liga Carlos a Eduarda nos Maias de Eça de Queirós...

E que dizer de Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco? Que dizer de Simão e Teresa? Desse amor que nunca se consumou e se resolveu em dor e morte? E do amor devotado e sem esperança de Mariana por Simão?

A natureza do amor ( The Nature of Love ) é o título escolhido pelo psicólogo Harry F. Harlow, em 1958, para o seu artigo publicado pela revista especializada de Psicologia, The American Psychological Association, que constitui um marco histórico na psicologia genética. Nem literatura nem poesia... Temos, pela primeira vez, um estudo experimental que tem o amor como objeto. Falamos, então, de quê, quando falamos de amor? Esta pergunta pode ser difícil se pensarmos nas referências que fizemos acima, mas para a ciência as coisas tornam-se mais definidas e sem possibilidade de grande especulação. Então, o que temos a fazer em primeiro lugar é definir o conceito que utilizamos. Assim, o amor é, primeiramente, "uma ligação íntima da criança à mãe". É esta ligação, observável nomeadamente através de comportamentos de procura de proximidade, que precisa de ser explicada. Que fatores estão na sua origem? Esta ligação depende do facto da mãe alimentar o bebé, como defendia a tese psicanalítica? É a partir destas perguntas que Harlow vai conceber e realizar um conjunto de situações experimentais que permitam identificar quais são as variáveis que determinam a resposta que definimos como "amor", quer dizer, a ligação afetiva da criança à mãe.

Nota: O artigo de Harlow a que fazemos referência encontra-se traduzido em português inserido na obra As ligações Infantis, Lisboa, Bertrand, 1976, pp. 79-104.

1 comentário:

  1. Quando falamos de amor, falamos de quê?
    Falamos de um sentimento que temos em relação a outro, e esse outro pode ser um elemento da nossa família, um amigo, como pode ser um animal de estimação ou uma pessoa por quem nos apaixonemos. Todos estes tipos de amor são manifestados de maneiras diferentes, no entanto não há nenhum que seja menos importante.
    Como observamos na experiência de Harlow com os macacos Rhesus, o macacinho criou um laço afetivo muito forte com a mãe de pano, pois ela dava-lhe o conforto que ele desejava, sendo de grande importância, nesta primeira fase de vida, os laços afetivos.

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