sexta-feira, 15 de abril de 2016

Os efeitos do LSD no cérebro



Por incrível que pareça, eis as primeiras imagens do cérebro sob efeito de LSD


Trabalho poderá ajudar ao uso de psicotrópicos no tratamento de problemas psiquiátricos, dizem os cientistas.

Imagens de ressonância magnética do cérebro de uma pessoa sob o efeito do LSD (à direita), onde há mais ligações entre regiões compartimentadas do cérebro, e sob o efeito de um placebo (à esquerda) IMPERIAL COLLEGE-FUNDAÇÃO DE BECKLEY/REUTERS

Pela primeira vez, obtiveram-se imagens do cérebro de pessoas sob o efeito de LSD (sigla em inglês de dietilamida do ácido lisérgico) e descobriu-se que esta droga psicadélica liberta o cérebro, tornando-o menos compartimentado e mais semelhante à mente de um bebé. Enquanto o cérebro trabalha normalmente com redes neuronais independentes que realizam funções separadas como a visão, o movimento e a audição, quando se está sob o efeito de LSD este isolamento entre redes é desmantelado, o que leva a um sistema mais unificado, adianta uma equipa liderada por cientistas do Imperial College de Londres, no Reino Unido.
“Em muitos aspectos, o cérebro sob o efeito de LSD assemelha-se ao cérebro que tínhamos quando éramos crianças: liberto e sem constrangimentos”, disse Robin Cahart-Harris, que coordenou o estudo. “Isto também faz sentido quando consideramos a natureza híper-emocional e imaginativa da mente da criança.” 
A descoberta, publicada na edição desta semana da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, também mostrou que, quando os voluntários tomaram LSD, muitas outras partes do cérebro – e não só o córtex visual – contribuíam para o processo visual. Isto pode explicar as alucinações visuais complexas que muitas vezes estão associadas aos efeitos do LSD, disse o cientista.
Esta experiência também parece estar ligada ao “melhoramento do bem-estar” depois dos efeitos da droga desaparecerem, segundo Robin Cahart-Harris, sugerindo que estes dados poderão um dia levar ao uso de compostos psicadélicos para tratar doenças psiquiátricas. Esses fármacos poderiam ser úteis em pessoas com padrões enraizados de pensamentos negativos, explicaram os cientistas, como no caso da depressão e do vício de substâncias.
“Pela primeira vez, podemos realmente ver o que se passa no cérebro durante o estado psicadélico, e podemos compreender melhor por que é que o LSD tem um impacto profundo na autoconsciência”, disse David Nute, professor de neuropsicofarmacologia que trabalhou com Carhart-Harris. Quando se perde esta sensação de autoconsciência dá-se uma “dissolução do ego”, uma dissolução do sentido do “eu” e ocorre uma mistura do “eu” com os outros e o mundo natural – um fenómeno associado ao consumo de LSD. “Isto pode ter grandes implicações para a psiquiatria.”
A equipa do Imperial College trabalhou com a Fundação de Beckley, uma organização de Oxford que apoia a investigação científica sobre o eventual benefício médico de substâncias psicoactivas. O estudo, financiado pela fundação e por doações públicas através de uma plataforma de “crowdfunding”, envolveu 20 voluntários saudáveis a nível físico e psicológico. Cada um deles tomou tanto LSD como um placebo.
Todos os voluntários já tinham tomado drogas psicadélicas. Nas experiências, que foram controladas e supervisionadas, cada voluntário recebeu uma injecção de 75 microgramas de LSD ou de um placebo. Os cérebros foram analisados usando várias técnicas, incluindo a ressonância magnética e a magneto-encefalografia. Estas técnicas permitiram aos cientistas estudar a actividade do cérebro como um todo, monitorizando a circulação sanguínea e a actividade eléctrica dos neurónios.
“Observámos mudanças no cérebro sob o efeito de LSD que sugerem que os nossos voluntários estavam a ‘ver com olhos fechados’ – apesar de estarem a ver coisas vindas da sua imaginação e não do mundo exterior”, explicou Carhart-Harris. “A força deste efeito correlacionava-se com as avaliações feitas pelos voluntários das visões complexas, semelhantes a sonhos, que tinham.”
O LSD foi produzido em 1938 por Albert Hofmann, químico suíço. Os seus efeitos só foram conhecidos anos mais tarde. Mas foi durante a década de 1960, no seio da contracultura norte-americana, que a substância se tornou famosa. Mais tarde, por causa dos seus efeitos psicotrópicos, passou a ser proibida. Esta proibição tornou impossível, durante décadas, a investigação científica sobre os efeitos desta substância. Nos últimos anos, esta tendência tem sido invertida.
A ingestão de LSD pode causar alterações de humor, um sentido de distorção do espaço e do tempo, e comportamentos impulsivos. As pessoas podem tornar-se cada vez mais desconfiadas das intenções de terceiros e agirem agressivamente, adianta por sua a enciclopédia “Britannica”. Por isso, fora de um ambiente controlado como o das experiências científicas descritas acima, os efeitos deste químico podem ter consequências perigosas.

6 comentários:

  1. De facto é incrível que uma droga, que por muitos julgada, possa abrir a mente das pessoas que a tomam, tornando-a mais una e livre, provocando também uma sensação de bem estar.
    Ao contrário de muitos medicamentos que os doentes psíquicos tomam, a LSD tem um efeito pós-toma, durando muito mais tempo do que os medicamentos "normais" (como por exemplo, os antidepressivos). O que podemos considerar mais benéfico para estes pacientes. Certamente, se as experiências com LSD, forem bem sucedidas, os cientistas irão conseguir ajudar muitos mais doentes psíquicos, no futuro.

    Catarina Plácido e Diana Oliveira, 12ºI

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  2. Acerca deste tema, tão controverso, temos como opinião que além de "abrir a mente" e de os seus utilizadores conseguirem "ver com olhos fechados", o facto de conseguirem ficar libertos e "sem constrangimentos", os usuários desta droga psicadélica (LSD) ao ficarem sem consciência acabam por ter atitudes consideradas erradas, chegando até por vezes a fazer lesões à saúde pública.
    Portanto, que além de conseguir libertar os utilizadores, mesmo que por um curto espaço de tempo, provoca danos cerebrais como a doenças psíquicas.

    Madalena Silvestre
    Margarida Sousa
    12ºI

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  3. Com o evoluir dos anos, tem-se vindo a entender que as substâncias psicotrópicas (vulgarmente conhecidas como psicadélicos) podem ter um valor incrível no que toca ao estudo e compreensão do cérebro. São um interessante tópico de estudo tanto para a psicologia, como para a psiquiatria, psicoterapia, neurociências, e etc. Como afirma o cientista e psiquiatra, Dr. Stanislav Grof, as substâncias psicotrópicas estão para o estudo da mente, assim como o microscópio está para a biologia, e como o telescópio está para a astronomia. E são de facto incríveis as alterações que podem resultar do consumo de uma droga como LSD, tanto positivas como negativas. Uma nova investigação tem vindo a ser desenvolvida desde a década de 80, no que concerne às substâncias psicotrópicas - é o seu uso a favor da resolução de problemas de saúde tais como a ansiedade, depressão, o suicídio, stress pós-traumático, e também o seu contributo para um melhor entendimento de nós mesmo e do mundo, entre muitos outros aspetos. Embora tenha havido uma interrupção no estudo sobre as substâncias psicotrópicas, nomeadamente LSD, pelo facto destas drogas terem sido criminalizadas, tem-se vindo a reunir esforços de investigação científica que revelam resultados muito positivos no contexto da toma de substâncias com efeitos psicadélicos associada a psicoterapia assistida. Esta psicoterapia é constituída por sessões em que o paciente ingere uma determinada dose de substâncias como LSD ou MDMA (ambas têm efeitos diferentes uma da outra), com o objetivo de ir identificar as raízes e as causas que originaram determinados problemas comportamentais, psicológicos e mentais. O que esta terapia tem de vantajoso é que ajuda a que o paciente, por exemplo, com stress pós-traumático, aprenda a não reprimir esse trauma, e sim a enfrentá-lo. Deste modo, esta psicoterapia (é importante ter em atenção que não é em todas as sessões que o paciente ingere alguma substância) revela-se como sendo mais vantajosa do que muitos fármacos que são receitados, como é o caso de alguns antidepressivos, visto que estes se focam em reduzir os sintomas, sem resolver o problema. (...)

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  4. (Continuação, 2ª parte) Pelo contrário, tornam o paciente cada vez mais dependente dos químicos. A utilização destas drogas, num contexto clínico, ajuda-nos a alcançar, de forma positiva, um contacto com as nossas emoções e com os outros. Tornamo-nos mais altruístas visto que as substâncias com efeitos psicadélicos reduzem a atividade neuronal na chamada rede de modo padrão, que é onde temos a nossa noção de “eu”, equivalente ao ego, e é onde é filtrada toda a informação que nos chega de acordo com as nossas necessidades e prioridades.
    Por exemplo, num caso de stress pós-traumático, a utilização de MDMA, ajuda a reduzir a atividade da amígdala cerebral, aumenta a atividade no córtex pré-frontal (que num cérebro com stress pós-traumático encontra-se reduzido, o que perturba a capacidade lógica), e aumenta a conexão entre as várias partes do cérebro, nomeadamente a amígdala com o hipocampo, o que leva a que seja possível que as memórias traumáticas consigam ser armazenadas em memórias de longo prazo, indo para segundo plano, em lugar de estarem sempre em primeiro plano, afetando a forma como o cérebro funciona e como a pessoa se sente e age. Com drogas como estas, é possível identificar a causa do stress pós-traumático, e desconstruí-lo, e, no melhor cenário, resolvê-lo. A utilização clínica de as substâncias psicotrópicas é um tema vasto e que deverá continuar a ser alvo de estudos. Muitos desses estudos já foram aprovados pela FDA (Food and Drugs Administration) e muitos outros projetos e estudos estão a ser constantemente realizados, no sentido de identificar como tirar o melhor proveito destas substâncias.
    Por último, quero apenas salvaguardar um aspeto relacionado com a última afirmação feita: “Por isso, fora de um ambiente controlado como o das experiências científicas descritas acima, os efeitos deste químico podem ter consequências perigosas.” O que quero explicar é que estas substâncias podem ter um efeito nefasto, ou, por outro lado, podem não causar habituação nem ser viciantes, porque o vício depende de outros fatores. A questão é que o problema das drogas não tem a ver apenas com os “chemical hooks” (ganchos químicos, em tradução literal) mas sim com a adaptação/ equilíbrio que a pessoa tem com o seu ambiente vivencial. (...)

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  5. (Continuação 3ª parte) Pessoas equilibradas podem consumir alguma droga e não se tornarem dependentes. Isto deve-se ao facto de que o contrário de vício é, efetivamente, laços e conexão, porque quando uma pessoa deixa de ter laços com o outro, quer seja amigos, família, e se, em simultâneo, sofrer de depressão ou ansiedade, a resposta natural que qualquer ser humano terá, será procurar criar um laço com algo que dê uma sensação de alívio, de conforto, que poderá ser uma droga, poderá ser sexo, poderá ser jogo, entre outros. É importante, então, saber que nem toda a gente se torna toxicodependente ao tomar alguma substância. Um exemplo disso, é quando vamos ao hospital depois de sofrer um grande acidente de carro - para o alívio da dor pode ser necessário tomar grandes quantidades de morfina, de potência equivalente à heroína. No entanto, não saímos do hospital com qualquer tipo de toxicodependência. Para além disto, nada impede que ao ingerir grandes quantidades destas substâncias, nenhum quadro clínico seja disparado e nenhuma morte por overdose aconteça.
    Maria Streltsov, nº18, 12ºG, 27/04/2020
    Links de referência:
    https://www.youtube.com/watch?v=Q9XD8yRPxc8
    https://www.youtube.com/watch?v=PY9DcIMGxMs

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  6. Com esta publicação chegamos à conclusão que o nosso cérebro é equiparável ao de um bebé aquando o uso de substâncias psicadélicas, mais propriamente LSDs.
    Quando sob o efeito desta substância, o isolamento entre as redes neuronais independentes é desmantelado, levando a um sistema mais unificado, que resulta no indivíduo ter um comportamento liberto e sem constrangimentos, à semelhança ao de um bebé.
    O indivíduo sob o efeito destas substâncias psicadélicas pode experienciar alucinações visuais. Isto demonstrou que muitas outras partes do cérebro, e não só o córtex visual, contribuem para o processo visual, o que explica estas alucinações visuais complexas.
    Outro aspeto associado ao uso destas substâncias é a melhoria do bem-estar do usuário após o efeito destas passar. Com isto chegou-se à conclusão de que estas podem ser utilizadas, mais tarde, para tratar doenças psiquiátricas.
    Com tudo isto, chegamos à conclusão que estas substâncias, se usadas corretamente, podem trazer benefícios aos usuários.
    R.S E T.G 12ºI

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