sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

"Nós, os refugiados"

Foto de 1949 - Imagem retirada de https://www.gettyimages.pt

Na continuidade da publicação anterior, deixamos aqui um excerto de um texto de H. Arendt, publicado a primeira vez em 1943, no jornal «The Menorah Journal», dois anos depois de ter partido de Lisboa, intitulado «Nós, os Refugiados». 


O texto integral pode ser encontrado aqui http://www.lusosofia.net/textos/20131214-hannah_arendt_nos_os_refugiados.pdf. O subtítulo a negrito é da nossa responsabilidade.

O que é um refugiado?
«Um refugiado costuma ser uma pessoa obrigada a procurar refúgio devido a algum acto cometido ou por tomar alguma opinião política. Bom, é verdade que tivemos que procurar refúgio; mas não cometemos nenhum acto e a maioria de nós nunca sonhou em ter qualquer opinião política radical. O sentido do termo “refugiado” mudou connosco. Agora “refugiados” são aqueles de nós que chegaram à infelicidade de chegar a um novo país sem meios e tiveram que ser ajudados por comités de refugiados. (...)
Perdemos a nossa casa o que significa a familiaridade da vida quotidiana. Perdemos a nossa ocupação o que significa a confiança de que tínhamos algum uso neste mundo. Perdemos a nossa língua o que significa a naturalidade das reacções, a simplicidade dos gestos, a expressão impassível dos sentimentos. Deixámos os nossos familiares nos guetos polacos e os nossos melhores amigos foram mortos em campos de concentração e tal significa a ruptura das nossas vidas privadas.»

Hannah Arendt em Lisboa


Temos aqui várias publicações sobre a importante filósofa Hannah Arendt. Publicamos agora uma notícia relativa à homenagem do município de Lisboa, na casa onde habitou entre janeiro e maio de 1941, numa estadia breve na nossa capital, em trânsito para os EUA. O dia 10 de dezembro foi o escolhido, celebrando o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Arendt partilhou a errância de muitos judeus, que procuraram noutros países, muito particularmente nos EUA, possibilidades de continuarem, antes de mais, vivos, e, depois, com a sua vida. Durante a II Guerra Mundial, Portugal, como país neutral, acolheu muitos refugiados, tendo permitido o seu trânsito e permanência.


Imagens retiradas do site da Câmara Municipal de Lisboa
Transcrevemos a notícia publicada no DN, a 9 de dezembro, da responsabilidade de Viriato Soromenho-Marques, em https://www.dn.pt/edicao-do-dia/09-dez-2018/interior/hannah-arendt-em-lisboa-10286096.html (consulta a 28 de dezembro)

«A chegada a Lisboa, no início de janeiro de 1941, de Hannah Arendt e do seu marido Heinrich Blücher, culmina um longo processo de exílio, iniciado com a detenção em Berlim pela Gestapo, logo a seguir à subida de Hitler ao poder em 1933. Libertada por falta de provas, a brilhante estudante de Filosofia, que a sua origem judaica condenava para já ao ostracismo, foge para França, onde vive nos círculos dos exilados alemães, até que o exército de Hitler vai ao seu encontro. Munidos de um passaporte de urgência para os EUA, Arendt e Blücher conseguem tomar o comboio para Lisboa, via Barcelona e Madrid, em Portbou, a mesma localidade onde o amigo e grande pensador Walter Benjamin, sem passaporte, se suicidaria.»

Carlos Fiolhais - "A Ética está para além da ciência"


imagem retirada de http://www.ver.pt/a-etica-esta-para-alem-da-ciencia/

Carlos Fiolhais, cientista reconhecido, físico, professor, divulgador de ciência, pedagogo, exercendo uma cidadania ativa, com vasta obra publicada, deu uma entrevista ao portal VER - Valores, Ética, Responsabilidade, da qual transcrevemos alguns excertos,  com sublinhados da nossa responsabilidade, convidando à sua leitura integral em http://www.ver.pt/a-etica-esta-para-alem-da-ciencia/ 

«A ciência e a tecnologia têm, de facto, proporcionado novas condições de vida. Por exemplo, vivemos mais e com mais saúde usando as modernas tecnologias médicas e comunicamos mais facilmente usando as modernas tecnologias da informação e comunicação.
No entanto, são cada vez mais prementes questões sobre a utilização dos meios que a ciência nos proporciona. A genómica possibilita informação sobre a nossa identidade biológica, mas quem e em que condições poderá ter acesso a essa informação? Parece possível a edição do genoma, mas quais são os limites da utilização desse tipo de técnicas? Será legítimo melhorar geneticamente os seres humanos?
Por outro lado, a informática coloca problemas à nossa privacidade. Quem pode ter acesso aos nossos dados pessoais e em que circunstâncias? Não poderá a utilização de algoritmos de inteligência artificial servir para usar os nossos dados para nos manipular, para fazer escolhas em vez de nós, isto é, para ameaçar a nossa liberdade?
As novas tecnologias colocam novos desafios, que não são apenas técnicos e científicos, mas são  éticos, legais, económicos e políticos. Sublinho a palavra “éticos”. Uma coisa é o que se pode fazer, e sobre isso a ciência e a tecnologia podem informar, e outra coisa, bem diferente, é o que se deve fazer. Um meio pode ser bem ou mal utilizado, pode ser utilizado para o bem ou para o mal, sendo o juízo sobre o que é o bem e o que é o mal um juízo necessariamente humano.
As questões éticas são questões individuais e sociais. Cada um de nós e todos nós somos, nas sociedades democráticas, chamados a decidir, quer directamente, quer nas escolhas que fazemos de quem nos representa. O conhecimento científico e técnico ajuda a tomar decisões éticas e legais ao fornecer informação relevante, mas as decisões irão sempre ultrapassar a ciência. A ética está num plano diferente da ciência, está para além da ciência. E, embora os cientistas devam ter preocupações éticas, as preocupações éticas devem ser do conjunto da sociedade.
No passado tivemos de estabelecer novos limites sempre que novas possibilidades surgiram. E agora estamos novamente confrontados com a necessidade de estabelecer limites, surgindo a questão de muito pouca gente perceber a nova ciência e tecnologia. Pouca gente percebe a moderna genética e a moderna inteligência artificial. No entanto todos nós iremos ser, estamos já a ser, afectados por elas. A solução, que não é fácil, reside em maior e melhor difusão da cultura científica, isto é, numa mais nítida percepção pública da ciência.  Entre nós, o “Ciência Viva” pode fazer bem mais neste campo que é o seu. É preciso uma reflexão e são precisas novas iniciativas.»

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Declaração Universal dos Direitos do Homem - um pouco de História (2)



Crianças, filhos de funcionários das Nações Unidas, descobrem a Declaração Universal dos Direitos do Homem, dois anos após a sua adoção a 10 de dezembro de 1948. (in http://unesdoc.unesco.org/images/0026/002659/265904f.pdf, p.7)

Entendemos os direitos humanos como um conjunto de princípios gerais tomados como referência ideal para a construção de um mundo humano onde todos possamos habitar, onde todos possamos conviver. Não representam conquistas definitivas, mas uma orientação para a construção de um mundo humano. Estão permanentemente ameaçados pela guerra, pelas desigualdades, pela pobreza, por novas formas de escravatura, por regimes políticos totalitários... São, por isso, frágeis. 

É isso que nos mostra de modo muito sugestivo este cartaz do artista grego, Dimitris Arvanitis, denominado, precisamente, Frágil. O artista participou na competição Um por todos todos por um! organizada em 2018 pela associação 4tomorrow, por ocasião do septuagésimo aniversário da DUDH.
(informação retirada de http://unesdoc.unesco.org/images/0026/002659/265904f.pdf, p.9).



Frágil, de Dimitris Arvanitis, artista grego
in  http://unesdoc.unesco.org/images/0026/002659/265904f.pdf, p.9

Perante esta "fragilidade", face às continuadas dificuldades de concretizar na organização das sociedades e na vida quotidiana o que denominamos como "Direitos Humanos", podemos considerar como atuais as palavras do filósofo Benedetto Croce em 1946.

«Para o filósofo italiano Benedetto Croce (1866-1952), a UNESCO deve "provocar um debate oficial, público e internacional, sobre os princípios que estão necessariamente na base da dignidade humana e da civilização" para que "a força da lógica, da cultura, das doutrinas e a possibilidade de um acordo fundamental [tragam] o triunfo das consciências livres sobre a obediência à autocracia e aos princípios totalitários" (...) [excerto do] texto enviado à UNESCO de Nápoles, a 15 de abril de 1947, sob o título "Os direitos do homem e o momento histórico presente"» 
retirado de http://unesdoc.unesco.org/images/0026/002659/265904f.pdf.p. 11 (consulta a 6/12/2018.)

Benedetto Croce, imagem retirada de https://www.britannica.com/biography/Benedetto-Croce


Declaração Universal dos Direitos Humanos - um pouco de História (1)


Capa da revista Le Courrier de l' UNESCO de out-dez 2018 

«A Declaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH) é, sem contestação, um dos maiores documentos da História. Primeiro tratado internacional de valor ético a ser adotado pelo conjunto da humanidade, serve, há setenta anos de "ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações", para retomar as palavras do discurso que Eleanor Roosevelt, presidente da Comissão das Nações Unidas para os Direitos do Homem e do Comité de redação da DUDH, pronunciou na Assembleia geral das Nações Unidas, a 9 de dezembro de 1948, a véspera da adoção da Declaração. Saudada como uma carta da humanidade única no seu género e aceite como uma referência incontornável no mundo de hoje quando se trata de defender a dignidade humana de todo o homem, a Declaração não é, no entanto, isenta de críticas que invocam nomeadamente o argumento da diversidade de culturas. Se é verdade que, na sua forma, a DUDH se inspira largamente na tradição ocidental, é também igualmente verdade que, quanto à matéria de fundo, os seus princípios são universais. "A tolerância e o respeito da dignidade do indivíduo são inerentes a todas as culturas e não são estranhas a nenhuma nação", afirmava, aquando da comemoração do cinquentenário da Declaração à UNESCO, Kofi Annan, Secretário Geral da ONU (1997-2006 (....)"
 Droits de l'homme: retour vers le futur; The UNESCO courier; Vol.:4; 2018, p. 3. (consulta online a 6 dez 2018). tradução 
do francês da nossa responsabilidade.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Declaração Universal dos Direitos Humanos faz 70 anos

No próximo dia 10 de dezembro celebram-se os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Unesco.



retirada de https://www.unric.org/pt/actualidade/32374-dia-internacional-dos-direitos-humanos-

"Hoje, à medida que a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto estão cada vez mais distantes, a consciência da importância dos Direitos Humanos parece estar a desaparecer a um ritmo alarmante e o enorme progresso alcançado através da promulgação progressiva dos princípios dos direitos humanos, conforme estabelecido na Declaração Universal, está a ser cada vez mais esquecido ou deliberadamente ignorado " - alerta o Alto Comissário para os Direitos Humanos.
Informações e links adicionais: 
Foi lançado um site chamado Stand Up 4 Human Rights, para marcar a campanha de um ano para comemorar o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Veja ainda o projeto "Add Your Voice", que visa promover e disseminar a Declaração Universal dos Direitos do Homem em mais de 100 idiomas. Esta aplicação online permite que as pessoas gravem a leitura de um artigo da Declaração na sua língua e que partilhem essa gravação nas redes sociais. "Adicione sua voz" aqui.
Para se juntar a milhares de pessoas já fizeram a promessa Stand Up, comprometa-se também respeitar os direitos humanos aqui.

Imagem retirada de https://www.unric.org/pt/actualidade/32374-dia-internacional-dos-direitos-humanos-

Uma edição ilustrada muito interessante da Declaração Universal dos Direitos do Homem pode ser consultada aqui http://www.un.org/fr/udhrbook/#1

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Fernando Belo

imagem retirada de https://www.publico.pt/2018/12/03/culturaipsilon/noticia/morreu-fernando-belo-1853295


Fernando Belo, filósofo português, foi professor no Curso de Filosofia da Faculdade de Letras  da Universidade de Lisboa (1975-2003). O seu pensamento situa-se sob a influência da fenomenologia de Husserl, da filosofia de Heidegger e do estruturalismo francês. A sua área  de lecionação e de continuada investigação foi a filosofia da linguagem e o seu pensamento procurou entrecruzar o discurso da filosofia e o das ciências. 
Como professor, tinha a capacidade de envolver os alunos na sua própria pesquisa, mostrando a dupla face de qualquer saber. O visível, claro e inteligível, e o invisível, oculto, histórico, incompleto. Percebíamos que havia um saber e ele explicava-o bem. Mas percebíamos também que muito mais faltava para saber. Nunca escondia essa inquietação e nunca ela se confundia com insegurança. Com ele aprendia-se que o saber é um caminho sem fim e que quem escolhe seguir essa via não pode aspirar à tranquilidade. 
Publicou vários livros, em Portugal e em França, mantendo-se sempre ativo, nomeadamente através de participação no jornal Público em artigos de opinião e com um blogue, cujo último post data do último 30 de novembro. Faleceu ontem, dia 3 de dezembro, aos 85 anos.




Acabamos esta notícia com um excerto retirado de um artigo publicado no Público, a 28 de março de 2018 com o título «O enigma do cérebro: biológico e social». Nele aborda, inclusivamente, as últimas investigações de A. Damásio, neurocientista, e retira algumas consequências que advêm para as questões filosóficas tradicionais - como a da liberdade - dos conhecimentos das neurociências. 

«Porque é que um filósofo se mete a falar daquilo que aprendeu com os neurologistas? Por se ter apercebido de que, tal como em outras ciências, eles são vítimas duma tradição filosófica de 24 séculos que não lhes deixa ver senão o ‘biológico’ do órgão que o ‘opõe’ ao mundo, sendo todavia o neuronal irredutível à oposição interior (alma, sujeito, consciência) / exterior (corpo, mundo). Ou seja, um excelente argumento numa das principais questões filosóficas actuais: como é que os estudos de neurologia nos podem ajudar a compreender o que é a liberdade, fora dessa dicotomia platónico-cristã.»

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Exame de Filosofia 2019 - Informação-prova 714





Já foi publicada pelo IAVE a informação relativa à prova de exame final nacional do ensino secundário da disciplina de Filosofia.

Remetemos para
1) o documento Informações-provas geral

Consultar aqui
http://www.iave.pt/images/FicheirosPDF/Docs_Avalia%C3%A7%C3%A3o_Alunos/Info-provas/2018_2019/IP-Informa%C3%A7%C3%A3o_Geral_2019.pdf

2) Informações-prova 714 - Exame Nacional de Filosofia

Consultar aqui
http://www.iave.pt/images/FicheirosPDF/Docs_Avalia%C3%A7%C3%A3o_Alunos/Info-provas/2018_2019/IE-EX-Fil714_2019.pdf

Ou a trancrição que apresentamos em formato word.



Prova 714

11.º Ano de Escolaridade

 O presente documento divulga informação relativa à prova de exame final nacional do ensino secundário da disciplina de Filosofia, a realizar em 2019, nomeadamente:
·   Objeto de avaliação
·   Caracterização da prova
·   Material
·   Duração

Os critérios gerais de classificação serão publicados antes da realização da prova, em simultâneo com as instruções de realização.

 Objeto de avaliação
A prova tem por referência os documentos curriculares em vigor (Programa de Filosofia, Orientações para efeitos de avaliação sumativa externa das aprendizagens na disciplina de Filosofia e Aprendizagens Essenciais em Filosofia) 1 e permite avaliar a aprendizagem passível de avaliação numa prova escrita de duração limitada, nomeadamente as capacidades que a seguir se enunciam.

Análise e interpretação
    Identificar problemas filosóficos.
    Identificar conceitos filosóficos.
    Identificar teses filosóficas.
    Relacionar conceitos e teses presentes em textos filosóficos.
    Comparar teorias filosóficas.
    Identificar a estrutura argumentativa de um texto.
    Integrar um texto num contexto argumentativo e filosófico.
    Reconhecer diferentes tipos de argumentos.
    Enunciar premissas explícitas e implícitas de um argumento.
    Reconstituir os argumentos apresentados num texto



1 De acordo com o estipulado no ponto 6 da página 6 da Carta de Solicitação ao IAVE, I.P. n.º 1/2018, de 2 de novembro,        a interseção entre as AE e os demais documentos curriculares tem em consideração as AE relativas ao 10.º ano de escolaridade utilizadas como referenciais curriculares de base pelas escolas que integraram o Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular, ao abrigo do Despacho n.º 5908/2017, de 5 de julho, e as AE em vigor para o 11.º ano de escolaridade.

Problematização e conceptualização

    Formular problemas filosóficos.
  Clarificar problemas filosóficos.
   Relacionar problemas filosóficos.
   Justificar a relevância de um problema filosófico.
    Utilizar conceitos de forma adequada.
    Esclarecer um conceito mediante a sua definição, exemplificação ou contextualização.
    Explicar relações entre conceitos.

Argumentação e crítica
    Defender teses, apresentando razões, argumentos ou exemplos adequados.
    Determinar as implicações filosóficas de uma tese ou teoria.
    Determinar as implicações práticas de uma tese ou teoria.
    Avaliar criticamente teses, teorias e argumentos, apresentando objeções ou contraexemplos.
    Confrontar perspetivas filosóficas, considerando os seus pontos fortes e os seus pontos fracos.
A prova inclui itens que permitem avaliar a aprendizagem relativa ao Módulo II, ao Módulo III (que, nas Aprendizagens Essenciais, passa a estar parcialmente integrado no Módulo I) e ao Módulo IV do Programa, com as especificações introduzidas pelas Orientações e pelas Aprendizagens Essenciais, e em conformidade com o nível de aprofundamento abaixo explicitado para cada módulo.

Módulo II ‒ A ação humana e os valores

Unidade 1. A ação humana ‒ análise e compreensão do agir
1.2. Determinismo e liberdade na ação humana
discussão das posições fundamentais de resposta ao problema da relação entre determinismo e livre-arbítrio: o determinismo radical, o determinismo moderado e o libertismo.
Unidade 2. Os valores ‒ análise e compreensão da experiência valorativa
2.1.       Valores e valoração ‒ a questão dos critérios valorativos
    a distinção entre juízo de facto e juízo de valor;
    discussão das perspetivas seguintes: a subjetividade, a relatividade e a objetividade dos juízos morais.
Unidade 3. Dimensões da ação humana e dos valores
3.1.       A dimensão ético-política ‒ análise e compreensão da experiência convivencial
3.1.3.         A necessidade de fundamentação da moral ‒ análise comparativa de duas perspetivas filosóficas
 a ética deontológica de Kant o dever e a lei moral; a boa vontade; máxima, imperativo hipotético e imperativo categórico; heteronomia e autonomia da vontade; agir em conformidade com o dever e agir por dever; críticas à ética de Kant;
 a ética utilitarista de Mill intenção e consequências; o princípio da utilidade; a felicidade; prazeres inferiores e prazeres superiores; a inexistência de regras morais absolutas; críticas à ética de Mill.


3.1.4.    Ética, direito e política liberdade e justiça social; igualdade e diferenças; justiça e equidade
   a articulação entre ética e direito;
   o problema da relação entre liberdade política e justiça social:
·   a teoria da justiça de Rawls a posição original e o véu de ignorância; a justiça como equidade; os princípios da justiça; a regra maximin; o contratualismo e a rejeição do utilitarismo;
·   críticas à teoria de Rawls ‒ a crítica comunitarista (M. Sandel) e a crítica libertarista
(R. Nozick).

Opção por 3.2. ou por 3.3.

3.2.       A dimensão estética ‒ análise e compreensão da experiência estética
3.2.2.   A criação artística e a obra de arte
  o problema da definição de arte;
  discussão das teorias da representação, da expressão e formalista.
3.3.       A dimensão religiosa ‒ análise e compreensão da experiência religiosa
3.3.3.         Religião, razão e fé ‒ tarefas e desafios da tolerância
   uma das provas da existência de Deus;
   uma das críticas à perspetiva religiosa.

Módulo III ‒ Racionalidade argumentativa e Filosofia

Unidade 1. Argumentação e lógica formal
1.1.       Distinção validade ‒ verdade
  a lógica como estudo da validade dos argumentos;
  noções de proposição, argumento, premissa, conclusão, argumento válido e argumento sólido.

Opção pelo Percurso A ou pelo Percurso B PERCURSO A ‒ Lógica Aristotélica
1.2.       Formas de inferência válida
    caracterização da linguagem da lógica silogística com as suas quatro formas;
    definição e estrutura do silogismo categórico termos maior, menor e médio e premissas maior e menor;
    classificação dos silogismos categóricos em figuras e modos;
    distribuição dos termos nas proposições categóricas;
    regras de validade do silogismo categórico.
1.3.       Principais falácias
    falácias formais: falácia do termo não distribuído, ilícita maior e ilícita menor.

PERCURSO B ‒ Lógica Proposicional
1.2.   Formas de inferência válida
caracterização da linguagem da lógica proposicional com as cinco conectivas: «não», «e»,
«ou», «se... então», «se e somente se»;
formalização de frases e de argumentos; prática de interpretação de fórmulas;
funções de verdade e uso de tabelas de verdade para testar a validade de argumentos;
formas de inferência válida: modus ponens, modus tollens, contraposição, silogismo disjuntivo, silogismo hipotético e leis de De Morgan.


1.3.   Principais falácias
falácias formais: afirmação da consequente e negação da antecedente.

Unidade 2. Argumentação e retórica
2.2.       O discurso argumentativo ‒ principais tipos de argumentos e de falácias informais
    critérios para avaliar argumentos indutivos, por analogia e de autoridade;
    falácias informais: petição de princípio, falso dilema, apelo à ignorância, ad hominem, derrapagem (ou bola de neve) e boneco de palha (ou espantalho).

Módulo IV ‒ O conhecimento e a racionalidade científica e tecnológica

Unidade 1. Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva
1.1.   Estrutura do ato de conhecer
    o problema da justificação do conhecimento.
1.2.   Análise comparativa de duas teorias explicativas do conhecimento
 a distinção entre conhecimento a priori e conhecimento a posteriori;
 o racionalismo de Descartes ‒ a dúvida metódica; o cogito; a clareza e a distinção das ideias como critério de verdade; o papel da existência de Deus; críticas a Descartes;
    o empirismo de Hume impressões e ideias; questões de facto e relações de ideias; a relação causa-efeito; conjunção constante, conexão necessária e hábito; o problema da indução; críticas a Hume.
Unidade 2. Estatuto do conhecimento científico
2.2.       Ciência e construção ‒ validade e verificabilidade das hipóteses
    as conceções indutivista e falsificacionista do método científico:
·   o indutivismo clássico ‒ o papel da observação e da experimentação; verificação e verificabilidade; a confirmação de teorias;
·   o falsificacionismo de Popper ‒ posição perante o problema da indução; falsificação e falsificabilidade; conjeturas e refutações; a corroboração de teorias.
2.3.       A racionalidade científica e a questão da objetividade
    as perspetivas de Popper e de Kuhn sobre a evolução e a objetividade do conhecimento científico:
·   a perspetiva de Popper eliminação do erro e seleção das teorias mais aptas; progresso do conhecimento e aproximação à verdade; críticas a Popper;
·   a perspetiva de Kuhn ciência normal e ciência extraordinária; revolução científica; a tese da incomensurabilidade dos paradigmas; a escolha de teorias; críticas a Kuhn.


Caracterização da prova

Os itens podem ter como suporte um ou mais documentos.
A resposta aos itens pode requerer a mobilização articulada de aprendizagens relativas a mais do que um dos módulos ou das unidades letivas do Programa, das Orientações e das Aprendizagens Essenciais.
Se a prova incluir itens que incidam em conteúdos apresentados em alternativa no Programa e nas Orientações, serão propostos os percursos necessários para garantir a equidade. nesse caso, deverá selecionar-se apenas um dos percursos apresentados.
·     No caso da Unidade 3 do Módulo II, serão apresentados o PERCURSO A — A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA e o PERCURSO B — A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA.
·     no caso da subunidade 1.2. do Módulo III, serão apresentados o PERCURSO A — LÓGICA ARISTOTÉLICA e o PERCURSO B — LÓGICA PROPOSICIONAL.
Os alunos das escolas e dos agrupamentos de escolas que se encontram no segundo ano do Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular respondem apenas ao PERCURSO B LÓGICA PROPOSICIONAL, cujos conteúdos estão integrados no Módulo I das Aprendizagens Essenciais.
Os símbolos usados nos itens relativos à Lógica Proposicional são os da tabela anexa, que não constará na prova.
A prova inclui itens de seleção (por exemplo, escolha múltipla) e itens de construção (por exemplo, resposta restrita e resposta extensa).
A prova é cotada para 200 pontos.

Material

Como material de escrita, apenas pode ser usada caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.
As respostas são registadas em folha própria, fornecida pelo estabelecimento de ensino (modelo oficial). não é permitido o uso de corretor.

Duração
A prova tem a duração de 120 minutos, a que acresce a tolerância de 30 minutos.