segunda-feira, 1 de julho de 2019

Filosofia para Crianças - sobre animais, pessoas e robots

Registamos aqui alguns momentos de um projeto de Filosofia para Crianças desenvolvido com uma turma do 1º ano de escolaridade.

Alguns momentos do nosso diálogo a partir da história do Pato Patudo…





2. Os animais podem mostrar que estão contentes? Por que dizes isso? Dá exemplos.

·      Os cães podem mostrar e abanar a cauda para cima e tristes para baixo, diz a F.

·      Os cães quando estão felizes metem as orelhas para cima e quando não eles metem para baixo, diz a E.

·      A minha avó tem um cão e quando chego abana sempre a cauda, diz o G.


3. Os robots precisam de atenção e de carinho? Porquê?


 

·      Os robots não precisam. Os robots têm pilhas, diz o S.

·      Porque eles são feitos de metal e são máquinas. Como os carros, diz o J.

·      São máquinas, diz o M.

·      Porque não são seres humanos nem seres vivos, diz a E.

·      São máquinas; têm cabos que permitem não comer, diz a F.

·      Não comem. São de metal, diz o D.

·      Porque eles são feitos de fios, diz o D.

·      Porque eles foram construídos, diz o R.

·      Sim, porque eles quando estamos a brincar se não dermos carinho eles partem-se, diz o J.

·      Não, porque não são seres vivos, diz a E.

·      Concordo com a E., diz a L.

·      Concordo com o J., diz a C.

·      Não são seres vivos e não são iguais a nós. Não precisam, diz o G.

·      Os robots não são seres vivos e nós somos. Por isso é que nós precisamos de comida, atenção e carinho, diz a L.

·      Eles não são humanos como nós. Mas, mesmo assim, precisam de atenção e carinho, diz o D.


4. Ser amigo de um robot é como ser amigo de uma animal? Porquê?

·      Acho que não. Porque um robot é feito de metal e os animais são seres vivos, diz o M.

·      Conforme seja o robot. Porque o animal pode ser muito chato ou pode ser querido, diz a E.

·      Se nós damos carinho ao robot é a mesma coisa que dar aos animais, diz o D.

·      Os animais mexem-se e os robots não, diz o G.

·      Os robots não são iguais aos animais, diz a L.

O que se pensa sobre a amizade quando se tem 6 anos?

Registamos aqui alguns momentos de um projeto de Filosofia para Crianças desenvolvido com uma turma do 1º ano de escolaridade.

TEMA – A AMIZADE



“Os amigos sentem-se bem quando estão juntos. Sentimo-nos felizes”


Depois de todos terem acompanhado a história dos três amigos que procuravam decidir qual o melhor sítio para passar férias, sendo todos tão diferentes, a nossa conversa desenrolou-se em torno de algumas perguntas.

1.   O QUE É UM AMIGO?

Aqui fica o registo de algumas das participações:
·               Um amigo é ser verdadeiro, diz o J.
·               Um amigo é não mentir, diz a E.
·               Quando um amigo está por último, podemos deixar passar à frente, diz a C.
·               Um amigo ajuda o outro quando está magoado, diz a F.
·               Se um amigo está preso, podemos salvar, diz o G.
·               Um amigo é quando outro amigo está a chorar e ajudamos a animar, diz o D.
·      Quando a mãe está muito cansada podemos ajudar a lavar a roupa, diz a E.
·      Às vezes, quando não têm a mesma decisão, podemos ser amigos à mesma, diz a F.
·      Se o meu amigo tem uma decisão diferente podemos pensar noutra que os dois gostarmos, diz a C.

2.   PODEMOS CONTAR TUDO A UM AMIGO?
Para esta pergunta foi pedida uma resposta com justificação. Quem se propunha responder, pondo o dedo no ar, apresentava as suas razões ou, simplesmente, concordava com as já expostas. O importante é que se ouviam uns aos outros e procuravam formar uma ideia sobre o assunto. Deixamos aqui o registo de algumas respostas.
·      Sim. Porque se nós estamos tristes se dissessem a um amigo se soubesse podia ajudar, diz a L.
·      Não. Porque se o amigo está triste, se contarmos uma coisa má da família dele fica ainda mais triste, diz o M.
·      Sim. Concordo com a L., diz o M.
·      Não. Concordo com o M., diz o J.
·      Sim. Concordo com a L., diz a M.
·      Não. Não podemos contar tudo porque os amigos podem dizer aos nossos irmãos e os nossos irmãos ficarem zangados connosco, diz a L.
·      Sim. Quando temos um segredo muito feliz podemos contar para o nosso amigo, diz a L.

3.   PODEMOS PARTILHAR OS BONS E OS MAUS MOMENTOS COM UM AMIGO?

·      Sim. Porque quando os amigos estão chateados um amigo vai ajudar e fica feliz, responde a M.
·      Sim. Os amigos ajudam os amigos e ficam felizes, diz a L.
·      Sim. Concordo, diz o J.
·      Sim. Quando nos magoamos, vêm ajudar, diz a L.


O problema filosófico do livre arbítrio - a teoria do Determinismo Moderado


retirado de http://seo007.info/Scientific-Replication-Clipart-86a3f0/


O aluno Pedro M., do 10º ano, turma A, escreveu este texto no qual se posiciona relativamente ao problema filosófico do livre-arbítrio. Foi um texto escrito em contexto de sala de aula, sem recurso a materiais de consulta. 

«No que toca ao problema do lívre-arbítrio, defendo o determinismo moderado, que, como teoria compatibilista, defende que o determinismo e o lívre-arbítrio são conceitos que podem coexistir na mesma realidade. É possível, por isso, afirmar que tudo tem uma causa mas esse facto não implica a inexistência de liberdade nas ações humanas.
O determinista moderado afirma que tudo está sujeito ao determinismo, ou seja, tudo tem uma causa. Mas a liberdade existe pois esta não reside no facto de as nossas ações se realizarem na ausência de causa, mas na ausência de compulsão externa ou interna.
Esta teoria surge porque quando olhamos para as teorias incompatibilistas e as analisamos ficamos num beco sem saída. Temos de rejeitar o determinismo radical pois nega a responsabilidade moral mas temos de negar o libertismo pois, se ele for real, não teríamos justificação para considerar as pessoas moralmente responsáveis pelas suas ações (já que se as pessoas são livres na ausência de causa estas não podem dizer o motivo porque fizeram uma ação - já que não existe).
Sendo tudo determinado no Universo (incluindo os nossos desejos, crenças, valores e personalidade) como podemos ser nós criaturas livres? A resposta reside no conceito de liberdade que estes teóricos defendem (já referido), sendo que estes afirmam que a nossa ação pode ser livre mesmo determinada, mas isto só acontece se esta estiver de acordo com a nossa personalidade.
Mas esta teoria não é irrefutável. E um dos principais problemas desta teoria é que "o critério de liberdade precisa de ser aprimorado" e que estando de acordo com tantos argumentos do determinismo radical (incluindo o da inevitabilidade - o que aconteceu teve de acontecer e não poderia ter acontecido de outro modo) como é que o ser humano pode ter livre-arbítrio?
Na minha opinião, a pergunta que devemos de fazer não é "Somos livres?" mas antes "Quão condicionada se encontra a nossa ação?" e que a própria definição de liberdade faz com que uma teoria possa ser mais ou menos fiável.»

IX Encontro Ciência, Arte e Cultura - Debate interturmas




O Grupo Disciplinar de Filosofia promoveu, entre outras atividades,  um debate interturmas sobre "O problema filosófico do livre-arbítrio", no passado dia 3 de maio de 2019, entre as 20:30 e as 21:30 horas, no âmbito do IX Encontro Ciência, Arte e Cultura. Tivemos o envolvimento de alunos de várias turmas de 10º e de 11º ano, a presença de professores de diversos ciclos de ensino e a de alguns Encarregados de Educação (tal como já tinha acontecido no X Encontro, aquando do debate sobre "Eutanásia", dinamizado por uma turma de 11º ano).
Após a apresentação, por parte dos oradores, das teses e principais argumentos do determinismo radical, do libertismo e do determinismo moderado seguiu-se um debate com participação ativa de vários intervenientes. Este debate evidenciou o interesse que este tema desperta, tendo que ocupado todo o tempo previsto sem sinais de esmorecimento.
No próximo post publicaremos um texto sobre o determinismo moderado da responsabilidade do orador que o representou.