quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Concurso de Ensaio "Jovem filósofo"



Mais um Concurso dirigido aos alunos do Ensino Secundário! É caso para dizer "que não há fome que não dê em fartura"... Depois da APF (Associação de Professores de Filosofia), a APEFP (Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática), a Prosofos, temos agora a Associação de Desenvolvimento Cultural de Abrantes, Palha de Abrantes, que promove  este concurso do qual transcrevemos parte do Regulamento:

Art. 1º - O Concurso de Ensaio “Jovem Filósofo” é promovido no âmbito do Festival de Filosofia de Abrantes e tem como lema “Cuidar o Futuro”, numa perspectiva de responsabilidade pelo futuro.

Art. 2º - O Concurso pretende estimular o ensaio filosófico entre os alunos do ensino secundário e o pensamento comprometido com a realidade social em que vivemos.~

Art. 3º - Podem candidatar-se os estudantes do ensino secundário de Portugal.

Art. 4º - O Concurso atribui três prémios: 1º lugar: 1.000€; 2º lugar: 500€; 3º lugar 250€. Pode haver ainda menções honrosas. O júri pode não atribuir qualquer prémio, caso os trabalhos não o justifiquem.

Art. 5º - No ano de 2018-2019, o tema é Como conviver numa sociedade global.

Art. 6º - O Festival reserva-se o direito de publicação dos trabalhos premiados, incluindo as menções honrosas.

Art. 7º - O ensaio deve ter no máximo 20 páginas A4, em letra tipo Times New Roman, tamanho 12, a espaço e meio.

Art. 8º- Os trabalhos concorrentes devem ser enviados por correio electrónico, com o nome do autor, a idade e a escola que frequenta, o pseudónimo que assina o trabalho, e um anexo com o ensaio concorrente, o qual deve ser assinado com pseudónimo e nunca referir o nome do autor nem a escola que frequenta.

Art. 9º - Os trabalhos a concurso são enviados para o seguinte endereço electrónico: ass.palhadeabrantes@gmail.com, até às 24h00 do dia 30 de Abril de 2019. Os resultados são divulgados no início do 3º período escolar desse ano e a entrega dos prémios será feita na edição seguinte do Festival.

Art. 10º - O júri é nomeado pela organização do Festival e inclui elementos com formação superior em Filosofia e sem essa formação.

Art. 11º - As decisões do júri são lavradas em ata, são soberanas e delas não há direito a apelo.

Art. 12º - Os casos omissos são resolvidos pela organização do Festival ou, sobre a classificação dos ensaios, pelo júri.

Art. 13º - A participação no concurso supõe a aceitação deste Regulamento.





retirado de http://isabellalisboahistoriaepolitica.blogspot.com/2010/02/charges-uma-forma-diferente-ver-o-mundo.html




terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

"Cérebro, mais vasto que o céu"

«Cérebro – mais vasto que o céu»


Self Reflected(detalhe do cerebelo) Microgravura em ouro a 22K sob luz branca, 2014-2016Greg Dunn e Brian Edwards, retirado de https://gulbenkian.pt/evento/cerebro-mais-vasto-que-o-ceu/
É um título arrojado, este, da exposição que a Fundação Calouste Gulbenkian vai apresentar entre 16 de março e 10 de junho. É pena que seja uma altura tão difícil para programar uma Visita de Estudo. De qualquer modo, aqui fica a notícia e os links para mais informações.
https://gulbenkian.pt/descobrir/atividade/exposicao-temporaria-cerebro-mais-vasto-que-o-ceu/
https://gulbenkian.pt/evento/cerebro-mais-vasto-que-o-ceu/


«Esta exposição é uma viagem única à volta do cérebro: a sua origem, a complexidade da mente humana, os desafios das mentes artificiais. Mostra-se um cérebro com 500 milhões de anos, um cérebro moderno, uma sinapse interactiva gigante, fragmentos de um papiro egípcio, um quadro da artista Bridget Riley, uma orquestra de cérebros, robots… Atividades interativas, documentos históricos e paleontológicos, pintura, modelos tridimensionais e infografias combinam-se para produzir uma exposição entusiasmante para todas as idades.
Partindo do poema de Emily Dickinson, The brain – is wider than the sky, a exposição abre apresentando o cérebro sem qualquer recurso a informação científica, utilizando imagens deslumbrantes da peça Self reflected de Greg Dunn (vd. acima)
A origem e complexidade do cérebro, e aquilo que conhecemos da forma como gera algumas das características que identificamos como humanas – memória, perceção, linguagem, emoções –, a par de doenças que decorrem do mau funcionamento de diferentes componentes deste sistema, são exploradas nos dois primeiros módulos. O terceiro módulo da exposição, aborda a tecnologia de interface cérebro-máquina e as suas aplicações, a inteligência artificial e a robótica.
Cérebro – mais vasto que o céu pretende também construir a necessária ponte entre nós e os animais – para que possamos compreender o nosso lugar na natureza. É esta relação permanente que, ao longo da exposição, permite ao visitante construir uma narrativa que das ciências naturais e sociais se vai estendendo à Filosofia, às Artes e às Humanidades.» (sublinhados nossos)

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Fake news? Não, obrigado

As notícias falsas são conhecidas de há muito, mas esta questão tem vindo a ter uma importância crescente nos nossos dias. Isso aconteceu, principalmente, a partir das últimas eleições americanas em que ficou provado que houve recurso a notícias falsas para manipular o eleitorado a favor do candidato Donald Trump. Este acabou por ser eleito e o termo "fake news" inundou os media e entrou no vocabulário do cidadão comum. Para os alunos de filosofia, termos como "manipulação", "demagogia", "populismo" não são novidade. O modo como no discurso político se podem usar estratégias de manipulação através de um uso falacioso de argumentos, também não. A importância de conferirmos as fontes de informação também aparece associada à análise dos argumentos que se utilizam no discurso argumentativo. Por exemplo, recorremos frequentemente aos argumentos de autoridade quando precisamos de referir dados, factos, informações...Há não muito tempo, dizer "Li no jornal" era uma fonte geralmente aceite como credível. Hoje será preciso acrescentar..."Que jornal?" E, mesmo assim,  convém ter outras fontes de informação coincidentes...
Quase sem nos darmos conta, a matéria da disciplina de Filosofia ganhou uma enorme atualidade. Às vezes, ela parece distante e difícil, outras aparece-nos tão próxima deste mundo em que vivemos...

A melhor maneira de lidar com a invasão das notícias falsas é através de um pensamento atento, de um pensamento crítico. 

Recorrendo a informação do Jornal de Notícias, ficamos a saber que em Portugal há muitos sites conhecidos de notícias falsas, nenhum deles com registo em Portugal - anónimo e falso - e todos eles a faturarem muito!!!

Fiquemos com este registo e admitamos que podem ser fontes de entretenimento. Será?

Retirado de https://www.dn.pt/edicao-do-dia/11-nov-2018/interior/fake-news-sites-portugueses-com-mais-de-dois-milhoes-de-seguidores--10160885.html







sábado, 9 de fevereiro de 2019

Falácia ad hominem no Parlamento em Portugal?

«Depois de três noites de vandalismo, carros da PSP apedrejados, autocarros incendiados e a PSP em alerta máximo em relação a novos ataques, afinal, o primeiro-ministro “condena ou não esses atos de vandalismo, defende ou não a autoridade policial e o que vai fazer para que sejam episódios isolados?”, quis saber a líder do CDS.
“Está a olhar para mim, deve ser pela cor da minha pele que me pergunta se condeno ou não condeno a violência”, atirou António Costa, deixando no ar a ideia de que estava a acusar Assunção Cristas de racismo.»
A pergunta de Assunção Cristas não parece indicar qualquer tipo de ataque ad hominem, neste caso, ao primeiro ministro António Costa. No entanto, a resposta que este deu pressupôs que a pergunta que lhe estava a ser feita não visava um esclarecimento relativo ao assunto em questão - atos de vandalismo e atuação policial, tendo por antecedente os últimos acontecimentos no bairro da Jamaica - mas era um ataque pessoal, tendo por base a cor da sua pele e, implicitamente, a sua origem indiana. O primeiro ministro interpretou como um ataque pessoal o que objetivamente não o era. Conseguiu, pelo menos, desviar a atenção do assunto que devia ser discutido. Não encontramos aqui o modelo típico da falácia ad hominem, mas é possível a partir daqui perceber como é que se caracteriza e qual o seu papel num debate ou processo argumentativo.
Foi disto que a aluna L. do 10º A deu conta após a explicação da "falácia ad hominem", matéria do 10º ano de Filosofia. É bom quando é por iniciativa dos alunos que se estabelecem relações entre matérias programáticas e assuntos do quotidiano!!
retirado de https://i0.wp.com/astropt.org/blog/wp-content/uploads/2012/06/ad-hominem.jpg


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

O que é um argumento? O que é argumentar?

Argumentar é produzir considerações destinadas a apoiar uma conclusão. Argumentar é quer o processo de fazer isso (e, neste sentido, a argumentação pode ser uma discussão acalorada ou prolongada) quer o seu produto, i. é., o conjunto de proposições aduzidas (as premissas), o padrão da inferência e a conclusão alcançada. Um argumento pode ser dedutivamente válido, caso em que a conclusão se segue das premissas, ou ser persuasivo de outras maneiras. A lógica é o estudo das formas válidas e inválidas dos argumentos.
                              Simon Blackburn.(1977). Dicionário de Filosofia. Lisboa: Gradiva, p.23

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Sobre a atual condição humana (1)


O neurocientista António Damásio, no capítulo 12 desta obra intitulado "Sobre a atual condição humana" (António Damásio (2017). A Estranha Ordem das Coisas. Lisboa: Temas e Debates, pp. 287-315) aborda o problema do progresso humano, mostrando quais os elementos que devem ser equacionados e o argumentos que podem ser apresentados para sermos capazes de encontrar uma resposta. Assim, para a pergunta "Há progresso humano?" ou "Será a nossa época a melhor época de todas?" começamos por encontrar uma primeira tese afirmativa: - Sim, há; sim, a nossa época é a "melhor das épocas para se estar vivo".
Porque..."estamos rodeados por descobertas científicas espetaculares e por um brilho técnico que tornam a vida cada vez mais confortável e conveniente; porque a quantidade de conhecimentos disponível e a facilidade de acesso a esses conhecimentos nunca foram tão elevadas, acontecendo o mesmo em relação à interligação humana a uma escala planetária, como se prova pelas viagens, pela comunicação eletrónica e pelos acordos internacionais sobre todos os tipos de cooperação científica, artística e comercial; porque a capacidade de diagnóstico, gestão e até cura de doenças continua a aumentar e a longevidade continua a prolongar-se de tal forma que se espera que os seres humanos nascidos após o ano 2000 possam viver, e bem, segundo se espera, até uma média de 100 anos. Em breve seremos conduzidos por veículos robotizados que nos poupam esforço e vidas, pois, a certa altura, deveremos ter menos acidentes fatais."
No entanto, é possível objetar a esta tese que:
" para considerar os nossos dias como sendo os melhores de sempre seria preciso que estivéssemos muito distraídos, para já não dizer indiferentes ao drama dos restantes seres humanos que vivem na miséria. Embora a literacia científica e técnica nunca tenha estado tão desenvolvida, o público dedica muito pouco tempo à leitura de romances ou de poesia, que continuam a ser a forma mais garantida de penetrar na comédia e no drama da existência, e de ter oportunidade de refletir sobre aquilo que somos ou que podemos vir a ser. (...) Curiosamente, ou talvez não  tanto, o nível de felicidade nas sociedades que mais beneficiaram com os espantosos progressos do nosso  tempo mantém-se estável ou em declínio, caso possamos confiar nas respetivas avaliações".
                                                                                         (cont.)