Coube ao
aluno Rui M. realizar o relatório da aula do dia 17 de novembro. Como a aula
coincidiu com a palestra, aqui temos o seu relatório:
«A palestra
iniciou-se com a habitual apresentação da biografia do professor e economista
Bagão Félix.
Este
começou por nos apresentar o tema, explicando a origem etimológica da palavra
ética e dizendo que esta foi inventada por Aristóteles, derivando da palavra
grega ethos.
Em seguida abordou os sete pecados sociais, de
Mahatma Gandhi, que são os seguintes: política sem princípios, riqueza sem
trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, comércio sem
moralidade, ciência sem humanidade e culto sem sacrifício.
Este explicou que estes pecados a que Gandhi
se refere acontecem devido ao facto da nossa sociedade ser individualista e
apenas pensar no seu próprio bem e do lucro que estes podem obter através
destes comportamentos.
Após esta breve abordagem, o professor passou
a falar sobre a relação entre a ética e a lei. A ética é base de inspiração
para as normas jurídicas sendo que nem todas as normas jurídicas se baseiam na
ética e nem todas as ações eticamente erradas são punidas por lei. Os exemplos
utilizados foram: o tamanho do cartão de cidadão e copiar nos exames,
respetivamente.
Para dar continuidade à palestra foi-nos feita
uma pergunta retórica que foi a seguinte: O que é ser indivíduo? Passando-nos a
explicar que ser indivíduo é ser único e irrepetível apenas de um ponto de
vista biológico, não nos dando direito a acharmos que somos superiores a outros
seres.
Seguindo o tema, explicou que o cidadão possui
direitos e deveres, presentes nas leis, sendo originalmente um termo
proveniente da Grécia, mais especificamente da polis, ou seja, da cidade.
Em seguida foi introduzido um terceiro tema: O
que é ser pessoa? que consiste em ter vontade, perceção, sensibilidade e
consciência das nossas ações.
Isto serviu para introduzir o seguinte tópico,
que nos diz que nenhuma lei proíbe o ódio, maldade, ganância, mentira,...
As leis são apenas uma pequena porção (de
adesão obrigatória) da ética, que se aproximam dela mas nunca a atingem na sua
totalidade.
Sendo assim, podemos concluir que a pessoa tem
mais deveres que o cidadão, pois o cidadão tem de cumprir a lei, mas a pessoa
além de leis, também tem o dever de seguir aquilo que a ética aceita como
correto.
Assim sendo percebemos que as leis distinguem o que é legal do que é
ilegal, já a ética distingue o que é legítimo do que é ilegítimo.
Em seguimento é-nos apresentado algo novo que
consiste na aritmética da ética, que nos diz que a ética é a combinação dos
saberes e dos valores.
O professor aconselhou a leitura do livro de
Aristóteles, intitulado Ética a Nicómaco,
que, mesmo tendo sido escrito há 2500 anos, levanta questões éticas presentes na
sociedade de hoje em dia.
Foi utilizada então a expressão decência, que
é considerada pelo autor uma expressão em desuso, que se refere à estética da
ética e que implica que o nosso comportamento se baseie nos valores.
Outra expressão que o professor também
destacou foi integridade, que consiste na combinação de integral com
responsabilidade.
Posto isto, foi assim abordado algo novo para
mim a que o professor chamou orgulho de pertença, que é a falta de orgulho
naquilo que possuímos, como a nossa escola, casa, etc. O caso que mais o choca
é a falta de utilização da palavra Portugal, e o facto da população portuguesa,
na sua maioridade, apenas mostrar orgulho no seu país quando se fala em
futebol.
Retomando a abordagem dos direitos e deveres,
foi levantado o caso de desarmonia que por vezes é notório entre estes, tendo
um impacto enorme na nossa sociedade, o que leva à revolta e insatisfação.
Foram utilizados alguns exemplos como:
o
direito à vida implica não atentar contra a mesma, o direito à verdade implica
não mentir, o direito ao trabalho implica trabalhar.
Por estas mesmas razões devemos optar por
merecer os nossos direitos através do cumprimento dos nossos deveres e não
através de facilitismos, contornando obstáculos em vez de os ultrapassar.
Em seguida passámos a falar sobre os saberes.
Os exemplos foram: o conhecimento, diretamente ligado ao lado cognitivo, o
saber mudar que é a adaptação, o saber comandar que é a liderança, o saber rir
que é o humor e o saber entender que é a compreensão. Após ficarmos mais
esclarecidos sobre no que é que os saberes consistem, o professor referiu que
nem sempre podemos aprender tudo através do saber cognitivo mas que temos
também de nos envolver e de experimentar através da compreensão. Aconselhou-nos
também que, quando nos envolvemos não nos devemos comprometer, dando o exemplo
do fiambre e do ovo. Quando comemos um ovo a galinha esteve envolvida, pois é
ela quem o põe, mas quando comemos fiambre o porco está comprometido pois este
teve de falecer para o podermos comer.
Este concluiu que a ética é uma combinação de
conhecimento, sabedoria e experiência.
Em seguida o professor dividiu a ética em
exemplo, erro e exigência.
Em
relação ao exemplo este apresentou-nos uma citação, que é a seguinte: longo é o
caminho através de regras e normas, curto e eficaz através de exemplos.
Já
cometer erros é um privilégio, que vai de encontro ao referido acima, e que nos
diz que devemos experimentar e não nos devemos restringir ao saber cognitivo.
Por
fim, na exigência, este distingue a pessoa comum, que é exigente com os outros
exclusivamente, da pessoa superior, que é exigente consigo própria.
Dando continuidade foi abordado um tema
relativo à gestão de tempo. Foi-nos dito que em primeiro lugar devemos dar
atenção ao que é importante e urgente, deixando para último o que não possui
importância ou urgência.
Quando
nos é apresentada uma situação urgente, mas não importante, e uma importante,
mas não urgente devemos resolve-las pela ordem apresentada.
Todavia,
o homem é o único ser que possui noção de importância, pois os animais apenas
sabem o que é urgente, nomeadamente as suas necessidades biológicas como, por
exemplo, comer.
Avançámos assim para os graus éticos. Estes
dividem-se em três: ética requerida (segredo profissional), ética permitida
(silêncio de um arguido) e ética proibida (matar uma pessoa).Ambos os exemplos
dados para a ética requerida e permitida, podem tornar-se em ética proibida se
estes possuírem informações sobre um crime. Já o exemplo dado na ética proibida
pode ser permitido quando em legítima defesa.
O subtema abordado em seguida foi a
globalização (progressiva erosão da relevância da noção de distância e de tempo
para as atividades, relações e processos políticos, económicos e sociais),
levando assim a uma vulgarização do mal. O professor deu-nos a compreender,
através de exemplos divertidos, que hoje em dia, mais e mais convivemos com
objetos e produtos das mais variadas zonas do mundo.
Como
consequência da globalização, tudo se tende a igualar, menos as pessoas.
Em
continuidade este dividiu as pessoas em quatro tipos:
Os
inteligentes, em que ambos, ele e outrem, lucram.
Os
generosos, em que apenas outrem lucra.
Os
malfeitores, que ganham através da perda de outrem,
E
os estúpidos, em que não existe lucro algum, chamando assim, àquele que perde
mais que outrem, um estúpido mais que perfeito.
Continuando a palestra, este abordou de forma
superficial o imperativo categórico de Kant, que nos diz para agir da forma que
queremos que todos ajam, de forma a essas ações se tornarem máximas.
Assim
sendo os deveres dividem-se em dois tipos:
O
dever legal, não tendo grande importância ética, mas sim devido a uma obrigação
legal.
O
dever moral, este sim com relevância ética, pois a ação é baseada na
consciência.
Passámos então a ouvir um novo tópico, o todo
e as partes.
Aqui
o professor falou-nos sobre individualismo, afirmando que deveríamos funcionar
como uma orquestra: todos têm a mesma partitura, existe pouca hierarquia, e
todos são cruciais.
Tal
como o Papa Francisco disse: Poliedro, a união de todas as partes, que, na
unidade, mantêm a originalidade das partes individuais.
Ainda
relativo ao tema, o professor contou-nos a história da visita do rei Luís IX de
França à catedral de Chartres. De forma resumida, nesta história o rei visita a
catedral, que estava a ser construída, perguntando a cada pessoa que lá
trabalhava o que estava a fazer. O carpinteiro dizia que estava a tratar da
madeira, o escultor a esculpir, etc. Por fim, já à saída, vê um homem baixo e
corcunda, já idoso a varrer o chão, e fazendo a mesma pergunta este responde:
Estou a construir uma catedral!
Sendo assim podemos concluir que
todos são importantes independentemente da posição que ocupam, ou seja, não
deve existir individualização pois todos lutam para um objetivo comum. No final
da palestra apenas duas dúvidas foram colocadas (referidas na participação
oral) e após o seu esclarecimento, foram feitos os habituais agradecimentos,
sobretudo ao professor Bagão Félix. Após o vereador e a vice-presidente darem a
sua apreciação sobre a palestra, abandonámos o auditório dando a lição por
terminada.