quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

O caso Phineas Gage (1)

O jovem Phineas Gage aos 25 anos sofre um brutal acidente que muda toda a sua vida. Gage conseguiu recuperar de uma ferida profunda e, apesar de ter perdido parte do cérebro, não perdeu a capacidade da linguagem nem as suas funções intelectuais. Mas, depois do acidente, Gage tornou-se irreconhecível. A sua personalidade tinha mudado, Gage passou a manifestar um comportamento impulsivo e uma linguagem descontrolada e tornou-se incapaz de tomar decisões acertadas na sua vida. Como explicar tal facto? 

O acidente ocorreu em 1848 e Gage morreu aos 38 anos, em 1861. António Damásio, neurocientista português contemporâneo, recupera o estudo deste caso e coloca a hipótese de que "a razão humana está dependente não de um único centro cerebral mas de vários sistemas cerebrais que funcionam de forma concertada ao longo de muitos níveis de organização neuronal". Damásio irá desenvolver a tese de que "certos aspetos do processo da emoção e do sentimento são indispensáveis para a racionalidade", destruindo a ideia dominante de que os processos racionais de tomada de decisão são independentes da emoção e do sentimento, vistos como elementos perturbadores da racionalidade. É nesta separação entre o corpo (associado às emoções) e a mente (associada à razão) que Damásio vê o "Erro de Descartes", título do livro que edita em 1994, onde desenvolve as suas hipóteses inovadoras que farão caminho nas neurociências.


Reconstituição do cérebro e do crânio de Gage com a trajetória provável do bastão de ferro assinalada a vermelho.

Pode-se  ver aqui uma reconstituição cinematográfica do acidente de Phineas Gage

https://www.youtube.com/watch?v=m-m8xyoyQL8

Neste pequeno vídeo faz-se um resumo interessante do caso de Phineas Gage e da explicação de Damásio, seguindo o livro "O Erro de Descartes". Embora esteja em castelhano é fácil de acompanhar, principalmente quando se tem já algumas referências.







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