Neste texto, temos a posição da Inês Oliveira (11ºE):
Recentemente veio a público uma notícia
que tem vindo a gerar controvérsia. O seguro de saúde para as funcionárias do
Facebook proporciona-lhes agora a opção de congelarem os seus óvulos, medida
que a Apple irá adotar a partir de janeiro.
Esta notícia levanta as mais variadas questões relativamente, não só, à
ética, aos motivos que movem estas empresas mas também quanto à naturalidade
deste procedimento e aos benefícios da opção em si.
Podemos questionar o que terá motivado estas empresas? Os motivos podem
variar, desde pretenderem que as funcionárias trabalhem mais enquanto são
jovens e se encontram no seu auge, preferindo que estas apenas necessitem de
estar em licença de maternidade mais tarde. Até estarem apenas a utilizar a
história como publicidade ou ainda como uma tentativa de atrair trabalhadoras
de modo a aumentar o número de funcionárias. O motivo poderá estar ligado à
ética, pois é recorrente perguntar-se, será uma ação realizada por motivos que
diferem da finalidade desta, uma ação ética? Na minha opinião, mesmo que a ação
tenha um resultado positivo, caso o motivo da sua realização não seja ético,
isso põe em causa a ética de toda a ação.
Não será esta, no entanto, mais uma maneira de manipular o trabalho das
mulheres? É certo que apenas lhes estão a dar a opção e que não são obrigadas a
segui-la, podendo escolher ter filhos enquanto são jovens, a questão é se não
serão prejudicadas por esse motivo, sendo as funcionárias que realizaram o
procedimento beneficiadas pelas empresas, enquanto as restantes são
penalizadas?
Mas e quanto à congelação dos óvulos em si? Será antinatural? Ou será
benéfico para a nossa sociedade? Pessoalmente, penso que trará mais problemas
que benefícios. Podemos analisar os problemas quanto à saúde pois processos
como este contém sempre riscos, que poderão gerar graves problemas a quem a
estes se submete. Podemos também analisar as consequências a nível social, mulheres
mais velhas não possuem as mesmas capacidades parentais que mulheres mais
novas, agindo mais como avós do que como mães. Isto se a inseminação for bem sucedida
pois estudos indicam que este procedimento tem apenas 25% de casos com sucesso.
Em conclusão, sobre a Apple e o
Facebook proporcionarem esta opção da congelação dos óvulos às suas
funcionárias acredito que o facto de não ser conhecida uma resposta concreta
para estas perguntas torna difícil a formação de uma opinião concisa. Dependendo
das respostas que associa a cada questão, um mesmo individuo pode formular
variadas opiniões. A capacidade de argumentar de forma informada e bem elaborada
de modo a persuadir um auditório a concordar com a nossa opinião fica então
condicionada. Como é possível a persuasão de outros quando nem emissor se
encontra certo do que está a defender?
Já relativamente ao ato da congelação
dos óvulos em si penso que é uma boa opção nos casos para os quais não há outra
solução, mas que tornando-se uma realidade comum alteraria por completo o
funcionamento da nossa sociedade, alterando também a ordem natural dos
acontecimentos. Na natureza não existem motivos secundários, tudo acontece como
é suposto e de acordo com as necessidades naturais. Terá então o ser humano,
tendo a capacidade para fazê-lo, o direito de alterar o que levou milhares de
anos a ser aperfeiçoado pela natureza?
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