A Sara Elias (11ºE) apresenta-nos a sua posição:
Recentemente surgiu nos meios de
comunicação social, media, a notícia de que o Facebook e a Apple estão a
oferecer às funcionárias a possibilidade de congelarem os seus óvulos, incluída
no seguro de saúde. Esta nova medida tem gerado bastante controvérsia, sendo
apoiada por uns e criticada por outros. De modo a construir a minha opinião em
relação a esta temática, realizei uma pesquisa aprofundada e familiarizei-me
com o contexto socioeconómico em que se insere.
Pareceu-me pertinente começar por
tentar responder à questão central: Qual a razão de tal medida? Ambas as
empresas supracitadas afirmam que pretendem incentivar o trabalho feminino nas
suas empresas. As estatísticas mostram que 70% dos 98 mil funcionários da Apple
são do sexo masculino, sendo a percentagem semelhante no Facebook. Evidentemente
que esta discrepância de sexos é facilmente justificada pelo facto de a mulher
optar por constituir família e ter filhos, colocando para segundo plano o seu trabalho.
De
seguida, tentei compreender as reações a esta medida. A verdade é que
atualmente grande parte das mulheres pensa em engravidar somente após a
conquista do sucesso profissional que, geralmente, ocorre acima dos 34 anos.
Nesta idade, as mulheres são jovens e estão em perfeito estado de saúde, porém,
para engravidar, essa idade está acima do que se considera ideal. A gravidez
após os 35 anos, tem-se tornado cada vez mais comum e, com isso, o congelamento
de óvulos tem-se tornado uma grande opção de preservação da fertilidade para
estas mulheres. Por um lado, para a fundadora do fórum eggsurance.com e
defensora deste método, Brigitte Adams, a oferta deste benefício pelas empresas
é uma forma de investir nas mulheres e apoiarem-nas na construção da vida que
desejam.
No
entanto, por outro lado, também surgiram opiniões contra. Foi levantada a
questão sobre se as empresas não estarão a exigir demasiada dedicação às suas
funcionárias, ao adiarem a maternidade em benefício da companhia, ou se estas
têm a obrigação de entregar todos os seus esforços à entidade empregadora e
deixar a família para segundo plano. Para além disso, o professor da Escola de
Direito de Harvard e especialista na relação entre a bioética e o direito,
Glenn Cohen alertou ainda para outra discussão em declarações à ABC News: “os locais
de trabalho podem tornar-se intolerantes com mulheres que decidam ter filhos
quando estão empregadas e potenciar que mais mulheres se submetam ao
procedimento, que acarreta riscos e pode não ser útil quando quiserem ser
mães”.
Este
depoimento despertou-me interesse sobre em que consiste realmente a congelação
de óvulos e quais os seus riscos. Segundo o Dr. Rogério Leão, membro do corpo
clínico do Centro de Reprodução Humana do Instituto Paulista de Ginecologia e
Obstetrícia, o procedimento de recolha de óvulos é rápido: “A paciente recebe
por meio de uma injeção subcutânea um medicamento para estimular o crescimento
de folículos. Após 36 horas é feito um ultra-som intravaginal para a aspiração
dos óvulos. Esta segunda fase é realizada sob o efeito de sedação.” Quanto aos
riscos, deparei-me com os seguintes: no início do procedimento, pode haver reação
ao uso de hormonas e produção exagerada de óvulos, chamada síndrome de
hiperestímulo ovariano, provocando um distúrbio metabólico e dor pela
acumulação de líquido no abdómen; na realização do ultrassom, a agulha pode
atingir um vaso importante da pelve e o sangramento ovariano pode não cessar. Todavia,
todos estes riscos podem ser contornados pelo médico que acompanha a mulher. O
que realmente se deve salientar é que o facto de congelar óvulos não garante
uma futura gestação. As chances de gravidez rondam os 45% por tentativa,
acrescendo-se o facto de uma gestão tardia poder colocar em risco tanto a vida
da mãe como a do bebé. “A gravidez após os 35 anos aumenta as possibilidades de
aborto espontâneo, além da má formação genética”, alerta o Dr. Rogério Leão.
Com
base no que expus anteriormente, considero reunir a informação necessária para
formar a minha opinião. Do meu ponto de vista, esta medida não devia ter sido
implementada, nem sequer posteriormente adotada por outras empresas, pois
alimenta um modelo de sociedade, que penso estar errado. Para que serve esta
medida? Para as mulheres se dedicarem ao seu trabalho, pondo de parte a sua
vida pessoal. Esta medida beneficia realmente as mulheres? Como pude observar a
resposta é não, uma vez que não há confirmação de que os óvulos congelados
garantam uma futura gestação e mesmo se se realizar a gestação, quer a mãe quer
o bebé correm riscos, devido à idade avançada da mãe. O que acontecerá se esta
medida for tomada por outras empresas e se tornar comum? O modelo familiar
alterar-se-á, sendo os progenitores cada vez mais velhos. Então e se a gestação
não tiver ocorrido? As mulheres já não conseguem ter filhos, por terem passado
da idade dita ideal para engravidar, logo a natalidade diminuirá, provocando a
longo prazo uma crise geracional. E isto tudo porquê? Porque vivemos numa
sociedade consumista e capitalista que gira em torno do dinheiro e que para o
alcançar não olha aos meios, tentando até mesmo alterar a sua própria natureza.
Assim, em conclusão, resumo a minha opinião sobre esta temática com o seguinte
provérbio chinês: “Vive de acordo com as leis da natureza e viverás em
harmonia.”
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