quinta-feira, 23 de junho de 2016

Os Casamentos, os Camisolas Amarelas e a Oposição (1)

Com este texto, abrimos um espaço para textos de opinião. Comprometem exclusivamente o seu autor e são, naturalmente, discutíveis. Incluirão argumentos fortes, fracos, pertinentes ou irrelevantes... terão premissas falsas ou discutíveis... chegarão a conclusões com que muitos estarão em desacordo. Serão mais ou menos coloquiais, mais ou menos persuasivos... Tudo isso pertence ao espaço da opinião, o que significa que pode e deve ser discutido. Discutir opiniões, numa sociedade e numa escola democráticas, é sinal do respeito que elas merecem enquanto manifestação de expressão livre e, ao mesmo tempo, do que elas exigem do ponto de vista do esclarecimento, da informação e da crítica racional. Debater é uma forma de pensar em conjunto e de desenvolver hábitos de cidadania ativa. 

O texto do aluno do 10ºG, Henrique Santos, emite opinião sobre uma decisão tomada pelo Governo de não estabelecer contrato para novas turmas nas escolas privadas com contrato de associação, sempre que haja capacidade de resposta por parte da escola pública. Como é sabido, esta decisão tem sofrido grande contestação com manifestações públicas e deu azo a debates no espaço público - jornais e televisão - centrados na questão da responsabilidade do Estado relativamente ao ensino e do estatuto do ensino privado.


        Antes de mais, caro leitor, já deve ter com certeza estranhado o título deste artigo, mas já lá vamos, Não sei se por isso já teve curiosidade de espreitar o redator do mesmo e se já o fez com certeza que se está neste momento a perguntar quem sou eu. Pois bem, o meu nome é Henrique Santos e sou um estudante do 10º ano do curso de ciências socioeconómicas na escola Madeira Torres, e digamos que sou um observador atento da nossa sociedade e que estou a a proveitar para comentar um assunto que tem vindo a ser falado muito e já há algum tempo - os contratos de associação.
         Ora, o título deste artigo é sobre isso mesmo - os casamentos de que o governo se quer divorciar. Não obstante, todos os contratos têm um prazo estipulado bem como um conjunto de cláusulas que têm obviamente de ser cumpridas. Bem, este governo parece não estar muito interessado em cumpri-los. Se neste momento já está a torcer o nariz ao que está a ler, pense se fosse consigo. Pense o que é que sentiria se tivesse um acordo com o governo e, ideologias à parte, agora ele mudava e simplesmente puxava-lhe o tapete. Parece-lhe correto? E é daí que vêm os protestos dos camisolas amarelas que se sentem indignados com isto tudo, mas que também, verdade seja dita, gostam muito de ter os filhos na escola privada com o povo todo a pagar.
        Antes de continuar, [devo] dizer que ando na escola pública e a escola pública apesar do que muitos dizem é boa sim. O que me parece que a escola pública não tem tão bem como as privadas é efetivamente o acompanhamento que é dado aos alunos, nisso há que admitir que as privadas ganham. No entanto, eu que também já andei na escola privada, paguei-a. Mas claro que onde não havia alternativa à escola pública foram celebrados estes contratos para permitir o ensino gratuito consagrado na nossa Constituição. E então eu pergunto - porque é que se construíram escolas públicas se já havia ensino gratuito assegurado? Não faz qualquer sentido! daí essas escolas agora estarem literalmente às moscas e daí serem os colégios privados considerados os maus da fita. Mas é engraçado que há uns anos foram eles que deram a mão ao Estado e investiram para construir as escolas a fim de haver ensino naquelas regiões, e é isto mesmo que a oposição tem reiterado ao governo.
        Portanto, caro leitor, acho que podemos facilmente concluir o seguinte. É justo haver escolas privadas com contrato de associação onde há alternativa pública? Não. Faz sentido construir essas escolas se já havia ensino assegurado? Também não. Não foram os privados que quando o Estado precisou lhe deram a mão? Foram sim. E então, faz sentido acabar com estes contratos a meio do prazo e puxar o tapete aos colégios? Acho que já tem a resposta.

Henrique Santos, 10ºG





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