terça-feira, 13 de junho de 2023

Kant aos olhos dos nossos alunos... Afinal, Kant é consequencialista? (1)

As tomadas de posição dos nossos alunos relativamente às objeções à ética kantiana. 


Afinal, Kant é consequencialista?

1. O texto de M.M. do 10ºA.

Uma das objeções a Kant é que o imperativo categórico é consequencialista, o que não concorda com a posição deontológica da ética de Kant. Esta crítica diz que universalizar a máxima da ação e pensar no que aconteceria se toda a gente praticasse essa máxima é um ato consequencialista.
Concordo com esta objeção, pois se pensarmos no que a universalização realmente faz é pensar e ter em conta o que aconteceria se toda a gente realizasse essa máxima. Logo, a universalização da máxima analisa as consequências, os resultados que teriam as ações de todos os humanos se seguissem tal máxima, agora transformada em lei.
Mas, por outro lado, pelo lado de Kant, a universalização de uma máxima não tem o objetivo de analisar as consequências das ações, de ser consequencialista. A universalização da máxima tem como objetivo fazer refletir a quem se está a questionar se quereria viver num mundo onde toda a gente realizasse essa máxima. Então, sendo assim, o imperativo categórico, mais especificamente a fórmula da universalidade não se foca nos resultados das ações da máxima universalizada, mas de alguma forma os resultados e consequências dessas ações estão subentendidos nessa universalização. Por isso, concordo com esta objeção.

2. O texto de B.F. do 10ºA

Kant diz ser contra o consequencialismo, mas a verdade é que quando aplicamos o imperativo categórico estamos a dar foco às consequências que as nossas ações podem desencadear.
Quando pensamos na máxima da nossa ação como regra universal  estamos a fazer uma previsão dos resultados que esta teria quando aplicada por todos. 
Na minha opinião, esta objeção mostra que é muito difícil tomar decisões sem ter em conta as suas consequências. Por exemplo, Kant considera "não mentir" um dever absoluto, ou seja, independentemente da situação em que o agente se encontra, nunca deve mentir. Porém, antes de Kant definir o ato de mentir como errado, o mesmo teve de aplicar a fórmula do imperativo categórico (fórmula da universalidade) e imaginar um mundo em que todos os seus habitantes fossem livres de mentir. (...)
Concluindo, ao aplicar o imperativo categórico para determinar se uma ação é ou não correta segundo a ética de Kant, estamos a ponderar se as consequências seriam boas ou não (racionais) quando universalizadas, logo a ética de Kant é consequencialista. 


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