terça-feira, 20 de junho de 2023

Kant aos olhos dos nossos alunos... É possível uma ética exclusivamente racional? (2)

As tomadas de posição dos nossos alunos relativamente às objeções à ética kantiana (cont.)


É possível uma ética exclusivamente racional?


3. Texto de L. R. 10º ano A.

Uma das maiores críticas à ética kantiana é o facto de esta não deixar espaço para sentimentos – se uma ação for praticada por compaixão, por exemplo, não pode possuir valor moral, pois a vontade do agente é heterónoma, possuindo uma chamada "inclinação imediata".  


Eu concordo com esta crítica, pois acho que os sentimentos possuem

um grande papel na formação da intenção das pessoas. Pessoas com empatia e compaixão irão realizar um maior número de boas ações,

pois conseguem-se meter no lugar do outro, que pessoas egoístas e

egocêntricas, que apenas pensam nelas mesmas. Consigo compreender Kant, na medida em que ele defende que ações guiadas por sentimentos não são propriamente ações livres; apenas ações com caráter heterónomo, ou seja, ações com uma intenção que ‘’não é nossa’’. Mas várias perguntas levantam-se. E se conseguirmos controlar os nossos sentimentos? Não pergunto no sentido de escolhermos quando estamos felizes ou quando estamos tristes, mas sim se teremos alguma maneira de nos desenvolver com uma personalidade mais empática. Se encontrarmos esta maneira, a parte em que Kant defende que a intenção sentimental não é característica de ações moralmente corretas ficaria errada ou incompleta. Ao desenvolvermos o nosso raciocínio de maneira a que este possua uma maior empatia e compaixão pelo outro, iríamos, certamente, criar um maior número de situações em que a ação seria uma boa ação, praticada certamente a partir de sentimentos e da empatia recentemente desenvolvida.  

Podemos verificar que, em diversas escolhas, uma pessoa empática e com compaixão provavelmente realizaria o maior número de ações corretas relativamente a uma pessoa sem estas emoções presentes, não indicando que esta última é menos inteligente ou que tem uma menor preocupação com o dever que a primeira, necessariamente.  

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Assim, apesar de concordar com muitas ideias defendidas por Kant, não consigo concordar com a desvalorização que a sua teoria dá às emoções. 

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