«DEONTOLOGIA, UTILITARISMO OU...
PURA FALTA DE ÉTICA?»
(título retirado da página do facebook da Associação de Professores de Filosofia https://www.facebook.com/pages/Associa%C3%A7%C3%A3o-de-Professores-de-Filosofia/241226372675124)
A propósito de uma notícia que dá conta do suicídio de um homem que, após ter prestado ajuda a um idoso, viu a sua vida complicar-se de tal maneira que acabou por atentar contra a sua própria vida.
A notícia está aqui e vale a pena ler: http://zap.aeiou.pt/suicidio-de-bom-samaritano-gera-comocao-nas-redes-sociais-da-china-11904
De qualquer modo, optamos pela transcrição:
A viúva de Wu Weiqing, um lixeiro de 46 anos, contou ao jornal Southern Metropolis Daily que o marido estava a andar de mota na véspera do Ano Novo quando viu um idoso que parecia ter sido atropelado.
Segundo a mulher, Wu levou o homem para o hospital e pagou-lhe as contas médicas. Mas a família do idoso começou a cobrar a Wu o pagamento de uma indemnização — apesar de Wu não ter atropelado o homem.
Além disso, relata também a agência de notícias estatal da China, a família de Wu recebeu telefonemas de um agente da polícia a exigir o pagamento de taxas hospitalares.
Wu ter-se-á suicidado por não ter o dinheiro e por causa da pressão que sofreu.
Versão contestada
Esta versão da história, contudo, é contestada pela família do idoso, que acredita que terá sido Wu a atropelar o idoso.
“Se ele não tivesse atropelado o o meu pai com a mota, por que seria tão gentil, levando-o ao hospital e pagando as contas?”, questiona a filha mais velha do idoso numa entrevista ao jornal Guangzhou Daily, citada pela BBC.
O que quer que tenha acontecido, a história de Wu Weiqing gerou grande controvérsia nas redes sociais chinesas e mais uma vez levantou discussões sobre os rumos da sociedade do país.
“O que está a acontecer na nossa sociedade? Como alguém pode ser um homem bom na China?”, questionou um utilizador do site de microblogs Weibo.
“Este é o resultado de um sistema sem atendimento médico gratuito. Quem ajudar outra pessoa terá problemas”, escreveu outro utilizador da mesma rede, considerada o Twitter chinês.
caso de Wu Weiqing não é o primeiro. Já ocorreram outros casos de pessoas que depois de feridas em acidentes tentaram extorquir dinheiro dos chamados “bons samaritanos” – pessoas que tentaram ajudá-las, tendo ou não sido responsáveis pelo ocorrido.
Por outro lado, o atendimento de saúde gratuito fornecido pelo governo é limitado e muitas vezes a conta – alta – do tratamento sobra para a própria vítima do acidente.
Materialismo
Muitos chineses também acreditam que o materialismo substituiu a compaixão e o país perdeu os padrões morais do passado.
O caso mais comovente foi o de Wang Yue, uma menina de dois anos, atropelada em 2011.
Um total de 18 pessoas, entre transeuntes e motoristas, passou ao lado da criança ferida e caída no chão sem prestar ajuda. Até que finalmente alguém foi até a menina para levá-la a um hospital.
A criança morreu devido aos ferimentos.~
Depois da forte reacção da opinião pública ao caso, a cidade de Shenzen, próxima de onde ocorreu o incidente, introduziu a lei do “Bom Samaritano”, tornando obrigatória a prestação de ajuda a estranhos feridos ou acidentados.
Mas a história de Wu Weiqing pode levar muita gente a pensar duas vezes antes de ajudar uma pessoa que esteja com problemas ou aparentemente ferida.
Dinamizado pelo Grupo Disciplinar de Filosofia da Escola Secundária de Madeira Torres, este blogue abre um espaço de comunicação e de partilha em torno do saber, da cultura e dos problemas do Mundo Contemporâneo. Promove uma perspetiva interdisciplinar do conhecimento e o desenvolvimento de uma cidadania ativa. Pretende dar voz, especialmente, aos alunos, mas encontra-se aberto à colaboração da Comunidade Escolar. E-Mail de contacto: espacocriticomt@gmail.com
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