«O Determinismo é a teoria filosófica que diz que para qualquer acontecimento existem condições que não poderiam ter causado qualquer outro acontecimento. Deste modo, podemos dizer que é baseado no Princípio da Causalidade, segundo o qual se considera que todos os acontecimentos têm uma causa, e por conseguinte os acontecimentos são determinados pelas suas causas e teoricamente previsíveis.
Então, como podemos pensar que temos
a liberdade de escolher o que fazer? A resposta é simples, o livre arbítrio é
uma ilusão que resulta de não conhecermos inteiramente as causas das nossas
ações, levando-nos a pensar que não têm causa. Para ilustrar este argumento, J.
Locke criou uma interessante analogia: um indivíduo a dormir é trancado numa
sala escura; ao acordar ele decide permanecer na sala, não sabendo que esta
está fechada à chave. No entanto, o desconhecimento da sua condição levou-o a
acreditar que tem a liberdade de escolher ficar na sala.
Porém, o Determinismo tem
implicações sobre a responsabilidade moral: pode-se argumentar que não podemos
ser moralmente responsáveis pelas nossas ações se não temos alternativa a
estas, se estamos predeterminados, ainda antes de nascer, a realizá-las. Logo,
argumentar-se-ia que é injusto castigar (com penas de prisão, por exemplo)
aqueles que cometem crimes, por muito graves que sejam.
É esta a linha de argumentação que
seguiu o advogado C. Darrow na defesa de Leopold e Loeb em 1924, que raptaram e
assassinaram um rapaz de 14 anos. C. Darrow argumentou que os criminosos não
poderiam ter feito outra escolha, dados os valores da sociedade pós-guerra em
que cresceram: o valor atribuído à vida humana era pouco, visto que a população
se regozijava com a morte de milhares de soldados inimigos (o que dá que pensar
acerca dos muitos jogos e filmes que atualmente banalizam a violência). Leopold
e Loeb foram condenados a prisão perpétua.
Voltando à questão do Determinismo,
a ciência, sendo também baseada no Princípio da Causalidade, tem-nos mostrado que
para todo o acontecimento físico existe uma causa, que forma uma cadeia causal até
ao Big Bang. Laplace chega a conjeturar que, se fosse possível conhecer a
posição e velocidade de cada uma das partículas do Universo, seria possível calcular
a sua posição no passado e no futuro, o que implicaria, teoricamente, a
possibilidade de prever o futuro.
Todavia surgiu recentemente a
mecânica quântica que explica acontecimentos ao nível subatómico como sendo
baseados em probabilidade, considerando que alguns acontecimentos têm uma
natureza aleatória. Esta teoria tem sido usada para argumentar contra o
Determinismo, contudo admitir que os acontecimentos ocorrem aleatoriamente não
implica a existência de livre arbítrio, pelo contrário, não só as ações não
seriam livremente escolhidas pelo agente, como seriam escolhidas aleatoriamente.
Imagina então que em vez de leres este texto como tens lido, lerias as palavras
numa ordem aleatória, ou, ainda mais absurdo, que quem escreveu o texto apenas
martelou aleatoriamente o seu teclado.
Concluindo, a minha opinião pessoal
é que face aos argumentos que referi é difícil pensar que temos alguma
possibilidade de escolha do que fazer a seguir. Dito isto, e dada a contradição
com a natural crença de senso comum no livre arbítrio, não posso deixar de
referir que é quase impossível acreditar a tempo inteiro que não podia ter
agido de outra maneira.»
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