Notícia transcrita daqui: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=60473&op=all
Ver com “olhos de ouvir”
Estudo liderado pela UC revela forte plasticidade
cerebral em pessoas surdas
2015-09-07
Os resultados da pesquisa, já aceite para publicação na Psychological Science, revista internacional de referência na área da psicologia, poderão ser determinantes«para explorar novas abordagens terapêuticas para tratar lesões cerebrais e doenças neurodegenerativas baseadas na neuroplasticidade, e serão centrais para o desenvolvimento de novas gerações de implantes cocleares mais eficazes», nota o coordenador do estudo.
«Os actuais dispositivos», clarifica o investigador, «estão pensados para explorar a organização típica do córtex auditivo, mas o estudo provou alterações na estrutura, passando o córtex auditivo a deter informação relativa à visão. Será assim necessário repensar a concepção dos implantes cocleares de modo a que estes explorem também a nova organização cerebral».
Financiado pela Fundação BIAL e por uma bolsa Marie-Curie (na primeira fase), o estudo foi realizado ao longo dos últimos quatro anos e envolveu um grupo de surdos congénitos e um grupo de normo-ouvintes (pessoas sem surdez) Chineses.
Para perceber os mecanismos de receção e reação do córtex auditivo, ambos os grupos foram sujeitos a diferentes estímulos visuais durante a realização de uma ressonância magnética, tendo os investigadores verificado que, no caso dos surdos, o córtex auditivo herda o tipo de processos e potencialmente organização que vemos no córtex visual dos normo-ouvintes.
Estas modificações neuroplásticas «deverão ser responsáveis pela percepção visual periférica superior normalmente apresentada por surdos congénitos», explica Jorge Almeida.
Entender os «mecanismos que o sistema nervoso central dispõe para se 'reprogramar', modificando o funcionamento do cérebro, é essencial para o desenvolvimento de modelos que expliquem o fenómeno de neuroplasticidade a longo-prazo, ou seja, a compreensão do modo como o cérebro se transforma e adapta a longo prazo, e para a aplicação de terapias baseadas nestes modelos», conclui o líder do estudo, que contou ainda com a participação de investigadores da Universidade do Minho, de duas universidades Chinesas e uma dos Estados Unidos da América.
Financiado pela Fundação BIAL e por uma bolsa Marie-Curie (na primeira fase), o estudo foi realizado ao longo dos últimos quatro anos e envolveu um grupo de surdos congénitos e um grupo de normo-ouvintes (pessoas sem surdez) Chineses.
Estas modificações neuroplásticas «deverão ser responsáveis pela percepção visual periférica superior normalmente apresentada por surdos congénitos», explica Jorge Almeida.
Entender os «mecanismos que o sistema nervoso central dispõe para se 'reprogramar', modificando o funcionamento do cérebro, é essencial para o desenvolvimento de modelos que expliquem o fenómeno de neuroplasticidade a longo-prazo, ou seja, a compreensão do modo como o cérebro se transforma e adapta a longo prazo, e para a aplicação de terapias baseadas nestes modelos», conclui o líder do estudo, que contou ainda com a participação de investigadores da Universidade do Minho, de duas universidades Chinesas e uma dos Estados Unidos da América.
Eu penso que se trata de um tema interessante em que ainda há muito por descobrir e cujo desenvolvimento passa tanto pela teoria como pela prática.
ResponderEliminarA parte prática, neste caso as experiências que foram realizadas, permitiu portanto fazer progressos, segundo a noticia, visto que se registou algo que não se sabia tão complexo, como a capacidade dos surdos congénitos desenvolverem capacidades auditivas na parte visual.
Acredito que os desenvolvimentos na área, tanto em terapia, como no conhecimento do próprio cérebro, através deste tipo de iniciativas pode ser grande e crescente com o tempo.
Volto a frisar que é uma área bastante interessante da qual podem vir bastantes avanços na compreensão do ser humano dos seus comportamentos, e para a psicologia em geral.
O tema é interessante, principalmente por se tratarem de surdos congénitos. Isso leva a pensar que o cérebro é eficiente que admite ser desnecessário criar ligações focadas na audição quando esta área já se nota prejudicada desde a formação, apesar da mudança necessitar de tempo. Assim é notável um fenómeno chamado de "função de suplência" ou "função vicariante" onde as funções perdidas são compensadas pela maximização da função visual, no caso. Seria interessante uma maior especificidade do artigo a como os afetados prececionam as imagens para clarificar o leitor do que difere de um cérebro normal para um cérebro de um surdo congénito.
ResponderEliminarA notícia certamente é importante para perceber os fenómenos ainda pouco conhecidos relacionados com a mente humana e ajudou a clarificar os conceitos dados em aula.
Francisco Bonifácio n8