No âmbito da Psicologia Social, após termos abordado a formação e a importância das primeiras impressões, a M. E., do 12ºG, por sua iniciativa, leu o seguinte livro: Gladwell (2005). Blink – Decidir num piscar de olhos. Malcolm, Lisboa: Editora D. Quixote.
E decidiu participar neste blogue com esta publicação da sua responsabilidade.
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BLINK!
Blink pode, de certa forma, ser incluído
na categoria de livro interventivo pois faz-nos pensar e percecionar de outra forma a maneira como as primeiras
impressões se formam e a sua influência nos nossos comportamentos.
Ao longo da
obra, o autor utiliza vários exemplos do quotidiano, analisa casos específicos e
baseia-se em vários estudos realizados por especialistas para chegar às suas
conclusões.
Antes de
entrar em mais pormenores, é preciso referir que o autor, aquando da utilização
do conceito “inconsciente”, se refere a um inconsciente adaptável e não à
tradicional definição de inconsciente dada por Freud, que dizia que o
inconsciente era um sítio escondido e obscuro. Enquanto isso, para Malcolm, o
inconsciente funciona como um “computador que discreta e silenciosamente
processa uma grande quantidade de dados de que precisamos para funcionar como
seres humanos”.
Há um momento
específico no livro em que o autor se foca em “associações inconscientes”, mais
especificamente, num estudo de psicólogos que investigam a forma como as
associações inconscientes, ou melhor, implícitas, influenciam crenças e
comportamentos utilizando uma ferramenta chamada “Teste de Associação
Implícita” (TAI), que consiste essencialmente na associação de palavras ou imagens
a determinadas categorias.
Um dos testes
da ferramenta mencionada é referente à raça e o autor conta-nos em primeira mão
a sua experiência pessoal na realização deste. No início do teste é-lhe
perguntado “Quais são as suas atitudes em relação a pretos e brancos?”, este
responde, dizendo que considera as raças iguais. Já no teste, são apresentadas
fotos de indivíduos pretos e brancos e palavras positivas e negativas e o
examinado tem de associa-las às categorias a que correspondem – pretos,
brancos, bom ou mau – o resultado do seu teste foi o seguinte: “preferência
moderada por brancos”. Verificou-se, então, que aquando da junção de
categorias, o tempo de resposta é superior e há maior erro quando se junta
“branco” e “mau” na mesma coluna. Revelando que, tal como 80% das pessoas que
realizaram o teste, Malcolm tem tendência a fazer associações favoráveis aos
indivíduos brancos.
Curiosamente,
Malcolm é parte preto pois a sua mãe é jamaicana, será este um preto racista
que não aceita ou gosta da própria raça? Além disso, o autor respondeu no início do teste que considerava as duas raças
iguais. Porquê esta diferença no resultado?
É exatamente
neste ponto que Malcolm nos explica o funcionamento das nossas atitudes a dois
níveis. Primeiramente, temos o nível consciente, onde as nossas atitudes
correspondem àquilo em que queremos acreditar, na sua componente cognitiva são
os valores que defendemos e a partir dos quais tentamos moldar o nosso
comportamento. Foi com a sua atitude consciente que Malcolm respondeu à
pergunta que lhe foi colocada no início do teste.
Porém, o TAI
mede a nossa atitude a um nível inconsciente. O facto do teste exigir rapidez
nas respostas implica que estas sejam feita de forma automática e imediata, não
havendo realmente tempo para pensar, levando a que o seu inconsciente atue sem
que este se aperceba. Os resultados do TAI refletem, então, o resultado prático
da informação que é recolhida pelo nosso “computador gigantesco” interior, ao
longo da nossa vida, através de todos os estímulos externos a que estamos
expostos e da socialização.
A questão que
se põe é: de que modo influencia esta
preferência inconsciente por indivíduos de raça branca, por até de indivíduos
de origem preta na sociedade e na criação das primeiras impressões e
discriminação? As atitudes inconscientes de preferência da raça branca,
resultado da exposição a estímulos favoráveis a esta raça, levarão a que
indivíduos pertencentes a esta raça tenham mais oportunidades, seja no mundo do
trabalho seja possivelmente em quase todas as áreas da sua vida. Levarão até, a
que se proceda a comportamentos discriminatórios inconscientes em relação a
pretos, como por exemplo numa entrevista de trabalho como é referido no livro, ou
até no primeiro contacto com pessoas desta raça.
Malcolm fizera,
ao longo do tempo, vários testes desta ferramenta referentes à raça de maneira
a melhorar o seu desempenho, mas tal não aconteceu, aqui se observa a
importância e poder do nível inconsciente das nossas atitudes.
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