quinta-feira, 5 de julho de 2018

BLINK

No âmbito da Psicologia Social, após termos abordado a formação e a importância das primeiras impressões, a M. E., do 12ºG, por sua iniciativa, leu o seguinte livro: Gladwell (2005). Blink – Decidir num piscar de olhos. Malcolm, Lisboa: Editora D. Quixote.  
E decidiu participar neste blogue com esta publicação da sua responsabilidade.


BLINK!

Blink pode, de certa forma, ser incluído na categoria de livro interventivo pois faz-nos pensar e percecionar de outra forma a maneira como as primeiras impressões se formam e a sua influência nos nossos comportamentos.

Ao longo da obra, o autor utiliza vários exemplos do quotidiano, analisa casos específicos e baseia-se em vários estudos realizados por especialistas para chegar às suas conclusões.
Antes de entrar em mais pormenores, é preciso referir que o autor, aquando da utilização do conceito “inconsciente”, se refere a um inconsciente adaptável e não à tradicional definição de inconsciente dada por Freud, que dizia que o inconsciente era um sítio escondido e obscuro. Enquanto isso, para Malcolm, o inconsciente funciona como um “computador que discreta e silenciosamente processa uma grande quantidade de dados de que precisamos para funcionar como seres humanos”.
Há um momento específico no livro em que o autor se foca em “associações inconscientes”, mais especificamente, num estudo de psicólogos que investigam a forma como as associações inconscientes, ou melhor, implícitas, influenciam crenças e comportamentos utilizando uma ferramenta chamada “Teste de Associação Implícita” (TAI), que consiste essencialmente na associação de palavras ou imagens a determinadas categorias.
Um dos testes da ferramenta mencionada é referente à raça e o autor conta-nos em primeira mão a sua experiência pessoal na realização deste. No início do teste é-lhe perguntado “Quais são as suas atitudes em relação a pretos e brancos?”, este responde, dizendo que considera as raças iguais. Já no teste, são apresentadas fotos de indivíduos pretos e brancos e palavras positivas e negativas e o examinado tem de associa-las às categorias a que correspondem – pretos, brancos, bom ou mau – o resultado do seu teste foi o seguinte: “preferência moderada por brancos”. Verificou-se, então, que aquando da junção de categorias, o tempo de resposta é superior e há maior erro quando se junta “branco” e “mau” na mesma coluna. Revelando que, tal como 80% das pessoas que realizaram o teste, Malcolm tem tendência a fazer associações favoráveis aos indivíduos brancos.
Curiosamente, Malcolm é parte preto pois a sua mãe é jamaicana, será este um preto racista que não aceita ou gosta da própria raça? Além disso, o autor respondeu no início do teste que considerava as duas raças iguais. Porquê esta diferença no resultado?
É exatamente neste ponto que Malcolm nos explica o funcionamento das nossas atitudes a dois níveis. Primeiramente, temos o nível consciente, onde as nossas atitudes correspondem àquilo em que queremos acreditar, na sua componente cognitiva são os valores que defendemos e a partir dos quais tentamos moldar o nosso comportamento. Foi com a sua atitude consciente que Malcolm respondeu à pergunta que lhe foi colocada no início do teste. 
Porém, o TAI mede a nossa atitude a um nível inconsciente. O facto do teste exigir rapidez nas respostas implica que estas sejam feita de forma automática e imediata, não havendo realmente tempo para pensar, levando a que o seu inconsciente atue sem que este se aperceba. Os resultados do TAI refletem, então, o resultado prático da informação que é recolhida pelo nosso “computador gigantesco” interior, ao longo da nossa vida, através de todos os estímulos externos a que estamos expostos e da socialização.

A questão que se põe é: de que modo influencia esta preferência inconsciente por indivíduos de raça branca, por até de indivíduos de origem preta na sociedade e na criação das primeiras impressões e discriminação? As atitudes inconscientes de preferência da raça branca, resultado da exposição a estímulos favoráveis a esta raça, levarão a que indivíduos pertencentes a esta raça tenham mais oportunidades, seja no mundo do trabalho seja possivelmente em quase todas as áreas da sua vida. Levarão até, a que se proceda a comportamentos discriminatórios inconscientes em relação a pretos, como por exemplo numa entrevista de trabalho como é referido no livro, ou até no primeiro contacto com pessoas desta raça.
Malcolm fizera, ao longo do tempo, vários testes desta ferramenta referentes à raça de maneira a melhorar o seu desempenho, mas tal não aconteceu, aqui se observa a importância e poder do nível inconsciente das nossas atitudes.



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