terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Ainda a Palestra do Professor Bagão Félix

A (in)sustentável urgência da ética
      Foi este afinal o título da comunicação a que assistimos no passado dia 17 de novembro, na qual o Professor Bagão Félix defendeu a tese de que a crise pela qual estamos a passar «mais do que económica é uma crise ética». Podemos considerar que esta tese fornece  uma  resposta para entender o que sucedeu nos Estados Unidos da América e na Europa com o colapso do sistema financeiro e bancário, em 2008, que conduziu a uma crise global com consequências económicas e sociais enormes, nomeadamente a nível do aumento das taxas de desemprego e da pobreza.
     A tese defendida por Bagão Félix parece aproximar-se da de todos aqueles que defendem que a  ausência de princípios morais e a ganância esteviveram na origem da crise. Como consequência, a solução deverá ser encontrada na ética, o que de forma muito coerente foi sustentado pelo palestrante.
    A propósito deste problema dos nossos dias, diz o  filósofo norte americano M. Sandel:
    «Há quem afirme que a ausência de princípios morais no âmago do triunfalismo do mercado se deveu à ganância, que por sua vez levou a uma irresponsável propensão para assumir riscos. A solução segundo esta visão consiste em refrear a ganância, insistir numa maior integridade e responsabilidade dos banqueiros dos executivos de Wall Street e decretar regulações sensatas, de modo a evitar que volte a ocorrer uma crise semelhante.» (M. Sandel, 2015, O que o dinheiro não pode comprar, Presença, Lisboa) Pode-se objetar, como faz M. Sandel, que se trata de uma visão parcelar e apresentar outra resposta, que é precisamente o este filósofo faz. 
        O facto de um problema possibilitar vários tipos de respostas, quer para o seu entendimento quer para a sua solução, permite que nos demos conta da sua complexidade e convida-nos a um exercício ativo do nosso pensamento de uma forma autónoma e crítica. 

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