terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Ainda a Palestra do Professor Bagão Félix

Coube ao aluno Rui M. realizar o relatório da aula do dia 17 de novembro. Como a aula coincidiu com a palestra, aqui temos o seu relatório:

«A palestra iniciou-se com a habitual apresentação da biografia do professor e economista Bagão Félix.
Este começou por nos apresentar o tema, explicando a origem etimológica da palavra ética e dizendo que esta foi inventada por Aristóteles, derivando da palavra grega ethos.
 Em seguida abordou os sete pecados sociais, de Mahatma Gandhi, que são os seguintes: política sem princípios, riqueza sem trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, comércio sem moralidade, ciência sem humanidade e culto sem sacrifício.
 Este explicou que estes pecados a que Gandhi se refere acontecem devido ao facto da nossa sociedade ser individualista e apenas pensar no seu próprio bem e do lucro que estes podem obter através destes comportamentos.
 Após esta breve abordagem, o professor passou a falar sobre a relação entre a ética e a lei. A ética é base de inspiração para as normas jurídicas sendo que nem todas as normas jurídicas se baseiam na ética e nem todas as ações eticamente erradas são punidas por lei. Os exemplos utilizados foram: o tamanho do cartão de cidadão e copiar nos exames, respetivamente.
 Para dar continuidade à palestra foi-nos feita uma pergunta retórica que foi a seguinte: O que é ser indivíduo? Passando-nos a explicar que ser indivíduo é ser único e irrepetível apenas de um ponto de vista biológico, não nos dando direito a acharmos que somos superiores a outros seres.
 Seguindo o tema, explicou que o cidadão possui direitos e deveres, presentes nas leis, sendo originalmente um termo proveniente da Grécia, mais especificamente da polis, ou seja, da cidade.
 Em seguida foi introduzido um terceiro tema: O que é ser pessoa? que consiste em ter vontade, perceção, sensibilidade e consciência das nossas ações.
 Isto serviu para introduzir o seguinte tópico, que nos diz que nenhuma lei proíbe o ódio, maldade, ganância, mentira,...
 As leis são apenas uma pequena porção (de adesão obrigatória) da ética, que se aproximam dela mas nunca a atingem na sua totalidade.
 Sendo assim, podemos concluir que a pessoa tem mais deveres que o cidadão, pois o cidadão tem de cumprir a lei, mas a pessoa além de leis, também tem o dever de seguir aquilo que a ética aceita como correto.
 Assim sendo percebemos que as leis distinguem o que é legal do que é ilegal, já a ética distingue o que é legítimo do que é ilegítimo.
 Em seguimento é-nos apresentado algo novo que consiste na aritmética da ética, que nos diz que a ética é a combinação dos saberes e dos valores.
 O professor aconselhou a leitura do livro de Aristóteles, intitulado Ética a Nicómaco, que, mesmo tendo sido escrito há 2500 anos, levanta questões éticas presentes na sociedade de hoje em dia.
 Foi utilizada então a expressão decência, que é considerada pelo autor uma expressão em desuso, que se refere à estética da ética e que implica que o nosso comportamento se baseie nos valores.
 Outra expressão que o professor também destacou foi integridade, que consiste na combinação de integral com responsabilidade.
 Posto isto, foi assim abordado algo novo para mim a que o professor chamou orgulho de pertença, que é a falta de orgulho naquilo que possuímos, como a nossa escola, casa, etc. O caso que mais o choca é a falta de utilização da palavra Portugal, e o facto da população portuguesa, na sua maioridade, apenas mostrar orgulho no seu país quando se fala em futebol.
 Retomando a abordagem dos direitos e deveres, foi levantado o caso de desarmonia que por vezes é notório entre estes, tendo um impacto enorme na nossa sociedade, o que leva à revolta e insatisfação.
 Foram utilizados alguns exemplos como:
o direito à vida implica não atentar contra a mesma, o direito à verdade implica não mentir, o direito ao trabalho implica trabalhar.
 Por estas mesmas razões devemos optar por merecer os nossos direitos através do cumprimento dos nossos deveres e não através de facilitismos, contornando obstáculos em vez de os ultrapassar.
 Em seguida passámos a falar sobre os saberes. Os exemplos foram: o conhecimento, diretamente ligado ao lado cognitivo, o saber mudar que é a adaptação, o saber comandar que é a liderança, o saber rir que é o humor e o saber entender que é a compreensão. Após ficarmos mais esclarecidos sobre no que é que os saberes consistem, o professor referiu que nem sempre podemos aprender tudo através do saber cognitivo mas que temos também de nos envolver e de experimentar através da compreensão. Aconselhou-nos também que, quando nos envolvemos não nos devemos comprometer, dando o exemplo do fiambre e do ovo. Quando comemos um ovo a galinha esteve envolvida, pois é ela quem o põe, mas quando comemos fiambre o porco está comprometido pois este teve de falecer para o podermos comer.
 Este concluiu que a ética é uma combinação de conhecimento, sabedoria e experiência.
 Em seguida o professor dividiu a ética em exemplo, erro e exigência.
Em relação ao exemplo este apresentou-nos uma citação, que é a seguinte: longo é o caminho através de regras e normas, curto e eficaz através de exemplos.
Já cometer erros é um privilégio, que vai de encontro ao referido acima, e que nos diz que devemos experimentar e não nos devemos restringir ao saber cognitivo.
Por fim, na exigência, este distingue a pessoa comum, que é exigente com os outros exclusivamente, da pessoa superior, que é exigente consigo própria.
 Dando continuidade foi abordado um tema relativo à gestão de tempo. Foi-nos dito que em primeiro lugar devemos dar atenção ao que é importante e urgente, deixando para último o que não possui importância ou urgência.
Quando nos é apresentada uma situação urgente, mas não importante, e uma importante, mas não urgente devemos resolve-las pela ordem apresentada.
Todavia, o homem é o único ser que possui noção de importância, pois os animais apenas sabem o que é urgente, nomeadamente as suas necessidades biológicas como, por exemplo, comer.
 Avançámos assim para os graus éticos. Estes dividem-se em três: ética requerida (segredo profissional), ética permitida (silêncio de um arguido) e ética proibida (matar uma pessoa).Ambos os exemplos dados para a ética requerida e permitida, podem tornar-se em ética proibida se estes possuírem informações sobre um crime. Já o exemplo dado na ética proibida pode ser permitido quando em legítima defesa.
 O subtema abordado em seguida foi a globalização (progressiva erosão da relevância da noção de distância e de tempo para as atividades, relações e processos políticos, económicos e sociais), levando assim a uma vulgarização do mal. O professor deu-nos a compreender, através de exemplos divertidos, que hoje em dia, mais e mais convivemos com objetos e produtos das mais variadas zonas do mundo.
Como consequência da globalização, tudo se tende a igualar, menos as pessoas.
Em continuidade este dividiu as pessoas em quatro tipos:
Os inteligentes, em que ambos, ele e outrem, lucram.
Os generosos, em que apenas outrem lucra.
Os malfeitores, que ganham através da perda de outrem,
E os estúpidos, em que não existe lucro algum, chamando assim, àquele que perde mais que outrem, um estúpido mais que perfeito.
 Continuando a palestra, este abordou de forma superficial o imperativo categórico de Kant, que nos diz para agir da forma que queremos que todos ajam, de forma a essas ações se tornarem máximas.
Assim sendo os deveres dividem-se em dois tipos:
O dever legal, não tendo grande importância ética, mas sim devido a uma obrigação legal.
O dever moral, este sim com relevância ética, pois a ação é baseada na consciência.
 Passámos então a ouvir um novo tópico, o todo e as partes.
Aqui o professor falou-nos sobre individualismo, afirmando que deveríamos funcionar como uma orquestra: todos têm a mesma partitura, existe pouca hierarquia, e todos são cruciais.
Tal como o Papa Francisco disse: Poliedro, a união de todas as partes, que, na unidade, mantêm a originalidade das partes individuais.
Ainda relativo ao tema, o professor contou-nos a história da visita do rei Luís IX de França à catedral de Chartres. De forma resumida, nesta história o rei visita a catedral, que estava a ser construída, perguntando a cada pessoa que lá trabalhava o que estava a fazer. O carpinteiro dizia que estava a tratar da madeira, o escultor a esculpir, etc. Por fim, já à saída, vê um homem baixo e corcunda, já idoso a varrer o chão, e fazendo a mesma pergunta este responde: Estou a construir uma catedral!

Sendo assim podemos concluir que todos são importantes independentemente da posição que ocupam, ou seja, não deve existir individualização pois todos lutam para um objetivo comum. No final da palestra apenas duas dúvidas foram colocadas (referidas na participação oral) e após o seu esclarecimento, foram feitos os habituais agradecimentos, sobretudo ao professor Bagão Félix. Após o vereador e a vice-presidente darem a sua apreciação sobre a palestra, abandonámos o auditório dando a lição por terminada.

1 comentário:

  1. Que enorme relatório que o Rui M teve de fazer!...Mas deu conta do recado. Parabéns.

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