sábado, 9 de fevereiro de 2019

Falácia ad hominem no Parlamento em Portugal?

«Depois de três noites de vandalismo, carros da PSP apedrejados, autocarros incendiados e a PSP em alerta máximo em relação a novos ataques, afinal, o primeiro-ministro “condena ou não esses atos de vandalismo, defende ou não a autoridade policial e o que vai fazer para que sejam episódios isolados?”, quis saber a líder do CDS.
“Está a olhar para mim, deve ser pela cor da minha pele que me pergunta se condeno ou não condeno a violência”, atirou António Costa, deixando no ar a ideia de que estava a acusar Assunção Cristas de racismo.»
A pergunta de Assunção Cristas não parece indicar qualquer tipo de ataque ad hominem, neste caso, ao primeiro ministro António Costa. No entanto, a resposta que este deu pressupôs que a pergunta que lhe estava a ser feita não visava um esclarecimento relativo ao assunto em questão - atos de vandalismo e atuação policial, tendo por antecedente os últimos acontecimentos no bairro da Jamaica - mas era um ataque pessoal, tendo por base a cor da sua pele e, implicitamente, a sua origem indiana. O primeiro ministro interpretou como um ataque pessoal o que objetivamente não o era. Conseguiu, pelo menos, desviar a atenção do assunto que devia ser discutido. Não encontramos aqui o modelo típico da falácia ad hominem, mas é possível a partir daqui perceber como é que se caracteriza e qual o seu papel num debate ou processo argumentativo.
Foi disto que a aluna L. do 10º A deu conta após a explicação da "falácia ad hominem", matéria do 10º ano de Filosofia. É bom quando é por iniciativa dos alunos que se estabelecem relações entre matérias programáticas e assuntos do quotidiano!!
retirado de https://i0.wp.com/astropt.org/blog/wp-content/uploads/2012/06/ad-hominem.jpg


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