DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA 18nov 2021
O Dia Mundial da Filosofia vai ser celebrado na nossa escola, entre outras atividades, com um debate interturmas. A partir de dois recursos fundamentais, o texto da Alegoria da Caverna, de Platão e o filme Matrix (1999), os alunos vão-se responsabilizar por organizar um debate onde irão praticar as suas competências comunicativas e filosóficas.
Este texto é um desafio para o debate.
Somos responsáveis pelas nossas opiniões?
(1)A minha opinião é que as alterações climáticas se estão a
fazer sentir e é preciso tomar medidas urgentes.
(2) A minha opinião não é essa. Sempre houve anos mais
quentes. Não concordo contigo. É a minha opinião, pronto!
Os sujeitos que enunciam as opiniões
acima estão convictos do que afirmam. Esta é uma das características da opinião.
Esta vem acompanhada da crença. Crença aqui não é tomada num sentido religioso,
mas refere-se ao facto de que sempre que emitimos uma opinião sobre algo isso
significa que acreditamos na ideia que estamos a defender. Podemos, então,
perguntar: essa ideia está de acordo com a realidade? Essa ideia está de acordo
com o objeto a que nos referimos? Dito de outro modo, a nossa crença é
verdadeira?
Parece-nos que a verdade é um
valor importante? Quer dizer, pretendemos emitir opiniões verdadeiras ou quaisquer
opiniões ou opiniões falsas? Ou será que duvidamos da possibilidade de garantir
a verdade das nossas opiniões? Ou ainda não tínhamos pensado nisso?
Provavelmente esta é a hipótese mais certeira… No entanto, se pensarmos um
pouco, creio ser consensual que gostaríamos de garantir a verdade daquilo que
pensamos. Ora, aqui é que surgem as dificuldades. Como quando emitimos uma
opinião estamos normalmente tão convictos dela temos dificuldade em questioná-la.
Porém, se aceitarmos debatê-la, isso significa que temos abertura para recolher
outros dados que a reforcem ou que a enfraqueçam. Podemos ajustá-la, alterá-la
ou substituí-la. Mas se ela representar para nós uma posição cristalizada que
defendemos a todo o custo, então tudo acaba aí…
A maior parte das opiniões que
temos parecem-nos naturalmente “nossas”. Recebemo-las, muitas vezes, do
contexto familiar, dos grupos a que pertencemos e não nos interrogamos sobre o
seu valor.
Quando se pergunta se somos
responsáveis pelas nossas opiniões o que se está a perguntar é se as nossas
crenças estão justificadas adequadamente ou se fizemos algum esforço para isso.
Os prisioneiros da caverna de
Platão emitiam opiniões sobre as sombras, conversavam uns com os outros sobre
elas, mas alguma vez se interrogaram acerca da origem delas? Alguma vez
procuraram saber a que realidade elas correspondiam? Alguma vez refletiram
sobre o que lhes aparecia imediatamente à sua frente? Alguma vez se lembraram
de explorar a caverna? Alguma vez fizeram algum esforço?
Um dos meios poderosos de
formação de opinião é os mass media. Hoje em dia, com a facilidade de
propagação de informações falsas, as denominadas fakenews, somos levados
com facilidade a tomar como verdadeiras ideias que são, declarada e
intencionalmente, falsas, difundidas com o propósito de manipular a opinião
pública em obediência a interesses mais ou menos obscuros. A nossa tendência
natural é receber e transmitir estas ideias sem que nos questionemos sobre a
sua fonte e credibilidade.
Podemos não ser responsáveis
pelas opiniões que recebemos, mas somos ou não responsáveis pelas que tomamos
como nossas? Interessa-nos ou não averiguar acerca da verdade das nossas crenças,
daquilo em que acreditamos como sendo verdadeiro?
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Imagem retirada daqui: https://brainly.com.br/tarefa/45585938 |
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