segunda-feira, 8 de novembro de 2021

DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA 2021- DESAFIOS PARA UM DEBATE (1)

DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA  18nov 2021


O Dia Mundial da Filosofia vai ser celebrado na nossa escola, entre outras atividades, com um debate interturmas. A partir de dois recursos fundamentais, o texto da Alegoria da Caverna, de Platão e o filme Matrix (1999), os alunos vão-se responsabilizar por organizar um debate onde irão praticar as suas competências comunicativas e filosóficas. 

Este texto é um desafio para o debate.

Somos responsáveis pelas nossas opiniões?

 Este termo “opinião” deve ser dos que nos é mais familiar… Ouvimo-lo quase diariamente nas mais diversas situações… Na família, na escola, nos media… Tanto se usa para marcar uma posição pessoal sobre algum assunto (1) num contexto comunicativo como se usa para fechar qualquer possibilidade de troca comunicativa (2).

(1)A minha opinião é que as alterações climáticas se estão a fazer sentir e é preciso tomar medidas urgentes.

(2) A minha opinião não é essa. Sempre houve anos mais quentes. Não concordo contigo. É a minha opinião, pronto!

Os sujeitos que enunciam as opiniões acima estão convictos do que afirmam. Esta é uma das características da opinião. Esta vem acompanhada da crença. Crença aqui não é tomada num sentido religioso, mas refere-se ao facto de que sempre que emitimos uma opinião sobre algo isso significa que acreditamos na ideia que estamos a defender. Podemos, então, perguntar: essa ideia está de acordo com a realidade? Essa ideia está de acordo com o objeto a que nos referimos? Dito de outro modo, a nossa crença é verdadeira?

Parece-nos que a verdade é um valor importante? Quer dizer, pretendemos emitir opiniões verdadeiras ou quaisquer opiniões ou opiniões falsas? Ou será que duvidamos da possibilidade de garantir a verdade das nossas opiniões? Ou ainda não tínhamos pensado nisso? Provavelmente esta é a hipótese mais certeira… No entanto, se pensarmos um pouco, creio ser consensual que gostaríamos de garantir a verdade daquilo que pensamos. Ora, aqui é que surgem as dificuldades. Como quando emitimos uma opinião estamos normalmente tão convictos dela temos dificuldade em questioná-la. Porém, se aceitarmos debatê-la, isso significa que temos abertura para recolher outros dados que a reforcem ou que a enfraqueçam. Podemos ajustá-la, alterá-la ou substituí-la. Mas se ela representar para nós uma posição cristalizada que defendemos a todo o custo, então tudo acaba aí…

A maior parte das opiniões que temos parecem-nos naturalmente “nossas”. Recebemo-las, muitas vezes, do contexto familiar, dos grupos a que pertencemos e não nos interrogamos sobre o seu valor.

Quando se pergunta se somos responsáveis pelas nossas opiniões o que se está a perguntar é se as nossas crenças estão justificadas adequadamente ou se fizemos algum esforço para isso.

Os prisioneiros da caverna de Platão emitiam opiniões sobre as sombras, conversavam uns com os outros sobre elas, mas alguma vez se interrogaram acerca da origem delas? Alguma vez procuraram saber a que realidade elas correspondiam? Alguma vez refletiram sobre o que lhes aparecia imediatamente à sua frente? Alguma vez se lembraram de explorar a caverna? Alguma vez fizeram algum esforço?

Um dos meios poderosos de formação de opinião é os mass media. Hoje em dia, com a facilidade de propagação de informações falsas, as denominadas fakenews, somos levados com facilidade a tomar como verdadeiras ideias que são, declarada e intencionalmente, falsas, difundidas com o propósito de manipular a opinião pública em obediência a interesses mais ou menos obscuros. A nossa tendência natural é receber e transmitir estas ideias sem que nos questionemos sobre a sua fonte e credibilidade.

Podemos não ser responsáveis pelas opiniões que recebemos, mas somos ou não responsáveis pelas que tomamos como nossas? Interessa-nos ou não averiguar acerca da verdade das nossas crenças, daquilo em que acreditamos como sendo verdadeiro?

 

Imagem retirada daqui: https://brainly.com.br/tarefa/45585938


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