quarta-feira, 15 de novembro de 2023

FILOSOFIA HOJE - José Barata-Moura, Traços do Pensar Filosófico

 

 


Criticar não é dizer-mal; é procurar ver bem. Tão-pouco criticar é contrapôr, de um modo abstrato e mecânico, enunciações que entre si se excluem. (…) A crítica é um exame: um fazer passar pelos crivos da racionalidade, e do discernimento, tudo aquilo que imediatamente se nos apresenta (…) como inquestionável.

Há que cuidar de um estabelecimento correto dos problemas. A labuta do pensar não visa simplesmente as respostas que, em prémio, hão-de obter-se. Precisa de madrugar. Começa mais cedo. Pela elaboração dos questionários. As «soluções» não caem do céu. De paraquedas. Por inspiração funda de alguma corrente de ar benfazeja. Rodopiando no espirro incandescente de uma revoada de luz, ou no piar de um passarinho. As vias resolutórias engendram-se, surgem, e transpiram, de dentro de uma problemática que lhes define um horizonte. Confirma-se que os filósofos parecem ter predileção pelo acionamento de uma estranha maquineta que dá pelo nome sugestivo de «complicómetro». Mas não é porque eles estejam possuídos por uma indebelável mania de ensarilhar os lotes. O sarilho está metido no próprio enredamento das coisas. E para desenvencilhar é preciso trazê-lo à mastigação do pensamento.

Texto completo aqui:

Philosophica 45 r.indd (ul.pt)

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