terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Daniel Sampaio e a Saúde Mental em Portugal (3)

Em Última Lição (2016), o Professor Daniel Sampaio, no capítulo intitulado "A intervenção nos comportamentos autolesivos na adolescência como paradigma da minha visão da Psiquiatria", começa afirmando:
   «Dados do Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental, publicado em 2013, revelam que, em 2012, em cada 100 portugueses 22,9 tinham uma perturbação psiquiátrica, sendo Portugal um dos países com maior prevalência de perturbações psiquiátricas na Europa». Infelizmente, continua o autor, não tem sido dada prioridade em Portugal a políticas de Saúde Mental e estamos muito deficitários no que diz respeito à criação de cuidados integrados de saúde mental. Ao mesmo tempo, colocando algumas questões sobre o estatuto da Psiquiatria, o autor defende a Psiquiatria como »Medicina da Pessoa» numa expressão que adota de Pedro Polónio e aponta alguns dos seus maiores desafios como possa ser o "tratamento da perturbação mental grave" (p. 125). Segundo o autor, a sua "investigação sobre os comportamentos suicidários na adolescência ilustra bem" o seu "modelo de intervenção em Psiquiatria." (p.128). Assim, será tripla a perspetiva de abordagem da doença mental: individual, familiar e social. O autor considera que nos comportamentos autolesivos dos adolescentes, nos comportamentos suicidários ou, diremos nós,  em quaisquer outros comportamentos perturbados a abordagem explicativa e terapêutica deverá seguir um modelo sistémico que faça intervir fatores individuais, familiares e sociais.
    "No plano individual, os fatores de temperamento e de ausência ou presença de perturbação psiquiátrica são decisivos; no plano familiar, damos importância às trajetórias de desenvolvimento e às relações com as figuras parentais; no plano social, valorizamos a ligação ao grupo juvenil e à comunidade onde o jovem se insere. Mais uma vez se regista a nossa ideia da Psiquiatria: como Medicina da Pessoa na perspetiva comunitária."
E, quase no final deste capítulo, refere-se àquilo que nos parece fundamental - a prevenção. E aponta-a como uma exigência que implica diversas estratégias das quais ressalta a prevenção em meio escolar.


Mas o que devemos entender por Saúde Mental? Como determinar os limites do normal e do patológico?

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