Este ano tive uma agradável surpresa - três alunas escolheram trabalhar obras de Karl Jaspers, de Albert Camus e de Hanna Arendt. Devo dizer que fiquei verdadeiramente contente e, ao mesmo tempo, receosa de que o trabalho realizado e o apoio que prestasse pudesse não corresponder às mútuas expectativas iniciais.
Afinal, os trabalhos que apresentaram em aula traduziram todo o seu empenho e, para mim, como professora de Filosofia, foi gratificante assistir a esses momentos em que a Filosofia se tornou tão próxima e presente. De uma forma ou de outra, todos eles se referiam ao problema da condição humana.
Isto vem a propósito de um texto, precisamente de Albert Camus, escrito à época em que era o principal editorialista do Jornal
Combat (surgido clandestinamente em 1941 durante a ocupação alemã da França) e que me foi
enviado por uma querida colega e amiga. O texto foi escrito por Camus, em 1947, mas à luz dos acontecimentos recentes, facilmente todos lhe reconhecemos grande atualidade:
«Os
homens são todos diferentes, é verdade, e eu sei das profundas tradições que me
separam de um africano ou de um muçulmano. Mas sei também o que nos une, sei
que há, em cada um deles, algo que não posso desdenhar sem me destruir a mim
mesmo. É por isso mesmo que é preciso dizer que tais sintomas, espetaculares ou
não, de racismo revelam o que há de mais abjeto e de mais insensato no coração
do homem. E só quando triunfarmos de tudo isso é que poderemos apelar para o
difícil direito de denunciarmos, onde quer que ele se encontre, o espírito de
tirania ou de violência.»
Albert Camus, (Combat, 10 de Maio de 1947)
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