sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Acerca do bom senso

(imagem retirada de http://financialphilosopher.typepad.com/thefinancialphilosopher/rene-descartes-father-of-modern-philosophy.html)


Ora vejamos como o filósofo René Descartes (1596-1650) inicia o seu Discurso do Método (1637):

«O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída (...). O poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se chama o bom senso ou razão, é naturalmente igual em todos os homens. (...) Porque não basta ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem.

Falando de bom senso... Parecem-me afirmações muito sensatas e ajustadas. E aparentemente de grande simplicidade. 
Ora vejamos:
1. Todos os homens têm o poder de distinguir o verdadeiro do falso. 
2. O poder de distinguir o verdadeiro do falso é igual em todos os homens.
3. Ter um determinado poder não implica aplicá-lo bem.

A partir desta última proposição é que começam os problemas!!! Como aplicar bem a razão? Como pensar e agir com sensatez? Mesmo lendo com muita atenção o Discurso do Método, onde Descartes muito gentilmente partilha com o leitor o modo como aplicou o seu poder e orientou a sua vida, estas dificuldades parecem permanecer...
Como as notícias nos telejornais diários nos fazem questão de mostrar, e não só...


1 comentário:

  1. O bom senso é, de facto, algo que é essencial a todos nós, fazendo parte do espírito humano. É comum a todos os seres racionais de igual forma, o problema reside na maneira como o aplicamos. Pois, se por um lado, sabemos que todos os seres racionais possuem bom senso, por outro, sabemos também que alguns deles não o usam da melhor forma. Isto não significa que existam pessoas que não saibam distinguir o bem do mal, apenas que optam por não o fazer, ignorando a racionalidade que lhes foi atribuída. Neste ponto temos, como exemplo, a 2ª Guerra Mundial, ocorrida na década de 40, do século passado. Um líder que seguiu um caminho errado, considerando-o como certo. "Errado" pois em nada respeitava os direitos de igualdade dos homens, mas tomado por ele como corrreto, uma vez que este pretendia a supremacia de um povo. É um exemplo que representa a ideia discutida: Hitler possuía bom senso, tal como todos os outros seres humanos, no entanto, não o soube aplicar, levando a uma tragédia à escala mundial. E é aqui que podemos perceber verdadeiramente o problema do bom senso: não saber usar a razão pode levar a consequências desastrosas. No entanto, é necessário aprender a usá-la, e isso pode também ser um problema para alguns. Desta forma, concluímos que, tal como Descartes, todos necessitamos de algum método que nos permita organizar o nosso pensamento.

    MA e PF, 11ºC

    ResponderEliminar