segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Sexualidade & Afetos - Sexualidade e Amor (1)

Os textos que passamos a publicar enquadram-se no trabalho a ser realizado com os alunos do 12º ano no âmbito do Projeto de Educação Sexual de Turma (PEST). Transcrevemos em várias publicações excertos de um artigo da responsabilidade da Ordem dos Psicólogos, disponível em https://escolasaudavelmente.pt/ e intitulado, precisamente, "Sexualidade e Afetos". A divisão do texto, os subtítulos e as imagens são da nossa responsabilidade.


A sexualidade é uma combinação do sexo e da orientação sexual das pessoas, dos seus sentimentos sexuais pelos outros e dos sentimentos sobre si próprias enquanto seres sexuais. A sexualidade não tem a ver apenas com sexo, mas também com todos os sentimentos e afetos que a envolvem. Explorar e descobrir a nossa sexualidade pode ser confuso, excitante, difícil e maravilhoso, tudo ao mesmo tempo.

Descobrir a sexualidade significa descobrir quem somos sexualmente. Podemos começar a querer ou desejar coisas e pessoas que não queríamos nem desejávamos antes. Por exemplo, podemos experienciar sensações diferentes no nosso corpo que nos fazem querer ter experiências de intimidade com outra pessoa.

Estas mudanças sexuais são difíceis, mas acontecem a toda a gente. Podem ser um choque para nós ou podem acontecer de forma muito gradual. Falar com alguém em quem confiemos (um dos nossos pais, um irmão, um amigo, um professor ou um Psicólogo, por exemplo) sobre o que se está a passar connosco e o que estamos a sentir, pode ser muito útil e ajudar neste processo.

O desenvolvimento da nossa sexualidade acontece a ritmos diferentes para cada um de nós. Por isso é importante explorarmos a sexualidade ao nosso próprio ritmo, sem deixar que ninguém nos pressione a sentir ou a fazer coisas que ainda não queremos fazer ou para as quais não nos sentimos preparados.

Descobrir a sexualidade é também descobrir a nossa capacidade de amar romanticamente. O amor romântico é diferente daquele que sentimos pelos pais, irmãos, amigos ou animais de estimação. É um sentimento intenso, novo, diferente de todos estes tipos de amor.

O Amor

Quando temos oito anos e descobrimos que alguém gosta de nós, podemos ficar um pouco envergonhados ou não ligar nenhuma. Nessa idade o amor não ocupa a nossa cabeça. Mas na adolescência, quando o nosso corpo começa a mudar e os nossos pensamentos mudam também, a ideia de ter um namorado ou namorada pode ser tão excitante que nem conseguimos pensar noutra coisa.

Muitos adolescentes acham que ter um namorado/a é grande parte de ser adolescente. E embora seja verdade que as emoções intensas que vivemos durante a adolescência nos possam levar a sentirmo-nos atraídos por outras pessoas e nos levem a iniciar relações românticas, isso nem sempre acontece. Se formos um dos milhões de adolescentes que nunca se apaixonaram ou tiveram um namorado/a não há nada de errado connosco. Devemos ficar preocupados e arranjar rapidamente um/a namorado/a? Claro que não!

Tudo tem o seu tempo e o mais provável é que, mais tarde ou mais cedo, seja a nossa vez de encontrar o amor.

O amor é uma emoção humana muito poderosa e têm sido muitos os especialistas que a tentam estudar. Mas, na verdade, ninguém compreende inteiramente o que é o amor, até porque o amor é diferente para cada um de nós. O amor tem sido associado a três qualidades principais:

  • Atração. Tem a ver com o interesse físico e sexual que duas pessoas sentem uma pela outra. A atracão é responsável pelo desejo que sentimos de beijar a outra pessoa, por exemplo, ou pelas “borboletas no estômago” que sentimos quando ela está perto. Mas não amamos todas as pessoas por quem nos sentimos atraídos!
  • Proximidade. É o laço que se desenvolve quando partilhamos com alguém sentimentos e pensamentos que não partilhamos com mais ninguém. Quando nos sentimos próximos do nosso namorado/a, sentimo-nos apoiados, compreendidos e aceites por sermos quem somos. A confiança é uma grande parte da proximidade.
  • Compromisso. É a promessa ou a decisão de nos mantermos próximos da outra pessoa durante as fases boas e más da relação.

Estas três qualidades podem ser combinadas de forma diferente e resultam em diferentes tipos de relações. Por exemplo, a atracão sem a proximidade é mais uma paixão – sentimo-nos fisicamente atraídos por alguém mas não conhecemos suficientemente bem a pessoa para sentirmos a proximidade que advém da partilha de sentimentos e experiências pessoais.

No amor romântico combinam-se a atracão e a proximidade. Muitas relações começam por uma atracão inicial e depois desenvolvem a proximidade. Também é possível uma amizade passar da proximidade à atracão, quando dois amigos percebem que se sentem atraídos um pelo outro e que o interesse mútuo vai para lá da amizade.

Algumas pessoas apaixonam-se no secundário e mantém uma relação de compromisso durante a idade adulta. Mas na maior parte das vezes, as relações durante a adolescência são mais curtas. Isto acontece porque a adolescência é uma fase da nossa vida em que queremos experimentar coisas diferentes e andamos à procura daquilo que realmente queremos e nos faz sentir mais confortáveis. Um outro motivo é porque queremos coisas diferentes de uma relação em fases diferentes da nossa vida. Na adolescência, namorar é muitas vezes uma forma de nos divertirmos, de termos companhia para irmos a vários sítios. Também pode ser uma forma de sentirmos que pertencemos ao grupo, sobretudo se a maior parte dos nossos amigos já namoram, podemos sentir-nos pressionados para arranjar um namorado/a. As revistas, a televisão, os filmes, também nos fazem sentir que devíamos apaixonar-nos e namorar.

No final da adolescência, as relações já não têm tanto a ver com nos integrarmos no grupo. A proximidade, a partilha, a confiança em alguém tornam-se mais importantes quer para os rapazes quer para as raparigas. Quando chegam aos 20 anos a maior parte dos rapazes e raparigas valorizam a proximidade, o apoio, a comunicação e a paixão numa relação. Começam a pensar em encontrar alguém com quem se possam comprometer a longo prazo.

(continua)

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