terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Sexualidade & afetos - Relações abusivas no namoro (4)

Os textos que estamos a publicar enquadram-se no trabalho a ser realizado com os alunos do 12º ano no âmbito do Projeto de Educação Sexual de Turma (PEST). Transcrevemos em várias publicações excertos de artigos da responsabilidade da Ordem dos Psicólogos, disponíveis em https://escolasaudavelmente.pt/


Relações Abusivas

Imagem retirada de: https://feminismonapratica.wordpress.com/2015/12/29/sinais-de-um-relacionamento-abusivo/

É completamente normal termos a sensação de ver o mundo através de óculos cor-de-rosa quando estamos no início de uma relação. Mas ao fim de algum tempo e para algumas pessoas esses “óculos” acabam por deixá-las “cegas”, impedindo-as de reconhecer que estão numa relação pouco saudável.

Uma relação não é saudável quando envolve comportamentos desrespeitosos, controladores e abusivos. Mesmo que, porventura, tenhamos assistido aos nossos pais (ou outras pessoas) a discutirem, brigarem e desrespeitaram-se emocional, verbal e fisicamente, isso não é normal! Nem está bem!

O abuso pode ser físico, emocional ou sexual. As relações são abusivas quando existe alguma forma de violência. O abuso físico inclui bater, empurrar, puxar cabelos, pontapear, etc. O abuso emocional – gozar, provocar, humilhar, chamar nomes, etc. – pode ser mais difícil de reconhecer porque não deixa marcas físicas, mas as suas consequências são mais duradouras. O abuso sexual pode acontecer a qualquer pessoa – rapaz ou rapariga. Nunca está bem sermos forçados a ter qualquer tipo de experiência sexual que não queiramos! Qualquer relação sexual não consentida é violação! Mesmo com alguém com quem namoramos!

Numa relação saudável há equilíbrio, ambos os parceiros são tratados de forma igual, com os mesmos direitos. Numa relação abusiva, um dos parceiros sente-se mais importante, mais amado, controla mais o que acontece. Se temos uma relação romântica desigual está na altura de falar sobre isso, fazer mudanças ou terminá-la e seguir em frente.

Quando o/a nosso/a namorado/a usa insultos verbais, linguagem agressiva, comentários negativos sobre nós, nos bate ou agride fisicamente, ou nos força a qualquer tipo de atividade sexual, estes são sinais verbais, emocionais ou físicos de abusos.

É importante perguntarmos a nós mesmos se o/a nosso/a namorado:

  • Fica zangado quando não desistimos dos nossos planos/interesses/atividades para estarmos com ele/a ou fazer o que ele/a quer;
  • Critica a forma como nos vestimos;
  • Nos diz que nunca seremos capazes de encontrar outra pessoa que queira namorar connosco;
  • Quer saber tudo o que estamos a fazer, a toda a hora, por exemplo, envia constantemente mensagens ou telefona a querer saber onde estamos, com quem estamos, o que estamos a fazer;
  • Quer que passemos todo o nosso tempo com ele/a;
  • Tenta controlar os diferentes aspetos da nossa vida (como nos vestimos, com quem falamos, o que dizemos, controla o nosso telefone, email ou redes sociais sem permissão…);
    • Nos impede de ver os nossos amigos ou de falar com outros rapazes/raparigas;
    • Dá sempre a volta à situação fazendo parecer que a culpa das ações dele/a é nossa;
    • Já nos levantou a mão numa situação em que estava zangado/a ou nos ameaçou bater;
    • Nos pressiona para levar a nossa relação sexual para outro nível, para o qual não nos sentimos preparados.

    E estas não são as únicas questões a considerar. Se nos conseguirmos lembrar de alguma vez que o/a nosso/a namorado/a nos tenha tentado controlar, fazer sentir mal connosco próprios, isolado do resto do mundo ou nos magoou física ou sexualmente, então essa é uma relação da qual devemos sair, rapidamente.

    As relações abusivas podem deixar-nos confusos porque os abusos (físicos, verbais, emocionais, sexuais) podem acontecer só de vez em quando. Muitas vezes as relações abusivas passam por fases, alternando entre períodos bons e maus. Noutros casos, o abusador tão depressa agride o parceiro como no minuto seguinte pede desculpa e parece arrependido. Porque o abusador também pode ser muito amoroso, torna difícil sair da relação ou reconhecê-la como uma relação abusiva (fica-se sempre à espera que não volte a repetir e que seja sempre amoroso…).

    Pode parecer tentador inventar desculpas, achar que afinal não é violência ou abuso, confundir a possessividade ou a agressividade com amor, mas mesmo que achemos que a outra pessoa nos ama, não é uma relação saudável! Ninguém merece ser agredido, menosprezado ou forçado a fazer algo que não quer.

    É importante compreendermos que uma pessoa só muda se quiser, por isso não podemos forçar ou convencer o/a nosso/a namorado a mudar os seus comportamentos, sobretudo se ele/ela não os considerar errados. Tendencialmente, o abuso piora ao longo da relação (não melhora!). Devemos sempre sentir-nos seguros e aceites numa relação, se isso não acontece é tempo de mudarmos nós a nossa vida e garantir a nossa segurança. Devemos considerar terminar a relação antes que o abuso se agrave. Ninguém merece ser maltratado, agredido, castigado. Todos merecemos ser amados e bem tratados.

    Se sentimos que amamos a outra pessoa, mas ao mesmo tempo sentimos medo e não estamos confortáveis nessa relação, é altura de sair dela e pedir ajuda. Às vezes sentimo-nos envergonhados ou pensamos que ninguém vai acreditar em nós. Às vezes já nos isolamos da nossa família e dos nossos amigos por causa da relação abusiva. Mas as pessoas que realmente gostam de nós podem ajudar-nos nesta situação. Assim como um Professor ou um Psicólogo. Contar a alguém em quem confiemos o que se está a passar (um dos nossos pais, um irmão, um amigo, um Professor ou um Psicólogo) pode ajudar-nos a manter em segurança e a sair da relação.

    Artigo disponível em 

    https://escolasaudavelmente.pt/alunos/adolescentes/amor/relacoes-abusivas

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