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E, como podemos fazer o bem de forma mais eficaz? Será que o grau de empatia depende dessa pessoa ser uma criança ou, então, da situação ocorrer mais perto de nós e de nos impressionar?
Para
dar resposta a estas perguntas, Singer apresenta-nos 2 situações.
Numa
primeira, trata-se de imaginar que no caminho a pé para o trabalho passamos por
um pequeno lago e deparamo-nos com uma criança que está prestes a afogar-se.
Teremos o dever de lhe salvar a vida? Obviamente que sim. Mesmo que essa ação
implique estragar a roupa ou os sapatos que adquirimos recentemente, a intuição
inicial permanece, até porque esse custo é insignificante quando comparado com
aquilo que está em causa - a vida de uma criança.
Já por
outro lado, a Unicef reportou em 2011, que 6.9 milhões de crianças abaixo dos 5
anos morreram de doenças evitáveis relacionadas com a pobreza, como é o caso da
Malária. Se fizermos as contas estamos perante a morte de 19000 crianças dia
após dia.
Mas
então realmente importa que estas crianças estejam longe? Que não estejam ao
alcance da nossa vista, ainda que sejam conhecidas as condições a que estão
sujeitas? Não teremos nós o dever de as ajudar?
Pelos padrões do senso comum, a ajuda individual àqueles
que vivem em lugares distantes, sem manter nenhuma relação especial connosco,
ultrapassa o dever estrito. Considera-se, claro, que prestar essa ajuda é muito
louvável, mas ao mesmo tempo presume-se que não a prestar é eticamente
aceitável.
Já
para os altruístas, o facto de não estarem ali à sua frente, o facto de serem
de uma nacionalidade ou etnia diferente não faz qual tipo de diferença em
termos de relevância moral.
A questão que realmente importa é se podemos de alguma forma
reduzir o número de mortes? Está ao nosso alcance salvar algumas dessas 19000
crianças que morrem diariamente, vítimas de doenças evitáveis?
E a
resposta é sim, podemos. Por exemplo, o dinheiro que gastamos em coisas desnecessárias, fruto
dos nossos hábitos consumistas, poderia ser doado a instituições que visam
lutar contra a Malária.
O
juízo de que seria errado não ajudar a criança é justificável a partir deste
princípio: se podemos evitar um grande mal sem sacrificar nada com uma
importância comparável, temos a obrigação moral de o fazer. Logo, temos de
fazer o mesmo juízo acerca da conduta de todos aqueles que, podendo contribuir
sem grande sacrifício para melhorar a sorte dos mais desfavorecidos, não o fazem.
M.F. 10ºano, turma A
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