quarta-feira, 30 de junho de 2021

O que é o Altruísmo Eficaz? Temos mais dever de ajudar os que estão perto de nós do que os que estão longe? (2)

 (cont.)

E, como podemos fazer o bem de forma mais eficaz? Será que o grau de empatia depende dessa pessoa ser uma criança ou, então, da situação ocorrer mais perto de nós e de nos impressionar?

Para dar resposta a estas perguntas, Singer apresenta-nos 2 situações.

Numa primeira, trata-se de imaginar que no caminho a pé para o trabalho passamos por um pequeno lago e deparamo-nos com uma criança que está prestes a afogar-se. Teremos o dever de lhe salvar a vida? Obviamente que sim. Mesmo que essa ação implique estragar a roupa ou os sapatos que adquirimos recentemente, a intuição inicial permanece, até porque esse custo é insignificante quando comparado com aquilo que está em causa - a vida de uma criança.

Já por outro lado, a Unicef reportou em 2011, que 6.9 milhões de crianças abaixo dos 5 anos morreram de doenças evitáveis relacionadas com a pobreza, como é o caso da Malária. Se fizermos as contas estamos perante a morte de 19000 crianças dia após dia.

Mas então realmente importa que estas crianças estejam longe? Que não estejam ao alcance da nossa vista, ainda que sejam conhecidas as condições a que estão sujeitas? Não teremos nós o dever de as ajudar?

Pelos padrões do senso comum, a ajuda individual àqueles que vivem em lugares distantes, sem manter nenhuma relação especial connosco, ultrapassa o dever estrito. Considera-se, claro, que prestar essa ajuda é muito louvável, mas ao mesmo tempo presume-se que não a prestar é eticamente aceitável.

Já para os altruístas, o facto de não estarem ali à sua frente, o facto de serem de uma nacionalidade ou etnia diferente não faz qual tipo de diferença em termos de relevância moral.                                                                                           

A questão que realmente importa é se podemos de alguma forma reduzir o número de mortes? Está ao nosso alcance salvar algumas dessas 19000 crianças que morrem diariamente, vítimas de doenças evitáveis?

E a resposta é sim, podemos. Por exemplo, o dinheiro que gastamos em coisas desnecessárias, fruto dos nossos hábitos consumistas, poderia ser doado a instituições que visam lutar contra a Malária.

O juízo de que seria errado não ajudar a criança é justificável a partir deste princípio: se podemos evitar um grande mal sem sacrificar nada com uma importância comparável, temos a obrigação moral de o fazer. Logo, temos de fazer o mesmo juízo acerca da conduta de todos aqueles que, podendo contribuir sem grande sacrifício para melhorar a sorte dos mais desfavorecidos, não o fazem.

M.F. 10ºano, turma A

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