quarta-feira, 30 de junho de 2021

O que é o Altruísmo Eficaz? Uma filosofia e um movimento social (3)

 (cont.)

O juízo de que seria errado não ajudar a criança é justificável a partir deste princípio: se podemos evitar um grande mal sem sacrificar nada com uma importância comparável, temos a obrigação moral de o fazer. Logo, temos de fazer o mesmo juízo acerca da conduta de todos aqueles que, podendo contribuir sem grande sacrifício para melhorar a sorte dos mais desfavorecidos, não o fazem.

 Há cada vez mais pessoas que compreendem esta ideia, e o resultado é um movimento crescente: o altruísmo eficaz. Uma filosofia e um movimento social que aplica provas e a razão para saber quais são as maneiras mais eficazes de melhorar o mundo. Este é importante porque combina o coração e a mente. O coração faz-nos sentir empatia por aquela criança, mas é realmente importante usarmos também a mente para nos certificarmos que o que fazemos é eficaz e bem direcionado. A razão tem ainda um papel fundamental, já que nos ajuda a compreender que as outras pessoas, onde quer que estejam, são como nós e sofrem como nós.   

Esta filosofia opõem-se ao egoísmo, no entanto não devemos pensar no altruísmo eficaz como exigindo autossacrifício, no sentido de algo necessariamente contrário aos interesses próprios.          

Lança uma nova luz sobre uma velha questão filosófica e psicológica: Seremos fundamentalmente motivados pelas nossas necessidades inatas e respostas emocionais, com as nossas capacidades racionais a não fazerem mais do que dar uma aparência justificativa a ações que já determinámos antes de começarmos a pensar no que fazer? Ou será que a razão pode desempenhar um papel fundamental na determinação do modo como vivemos? O que leva alguns de nós a olharem além dos seus próprios interesses e dos interesses daqueles que amam para os interesses dos estranhos, das gerações futuras ou dos animais?

Singer dedica-se a espalhar as suas ideias e a desmontar as inúmeras barreiras que impedem as pessoas de serem altruístas. Podemos dizer que não ajudamos porque não temos dinheiro suficiente ou porque a contribuição seria mínima e não faria a diferença. Ou ainda porque não temos a certeza se o dinheiro doado chegará ao destino e será usado para o fim pretendido. Estes argumentos mostram que há altruísmo, porém ele é travado por questões racionais, que podem ser facilmente respondidas com recurso a pesquisa e a organização.

Não nos devemos esquecer que nem tudo se resume a doações de quantias monetárias. Doar uma parte do corpo - sangue, medula óssea ou até um rim- a um estranho é também, um ato/experiência repleta de altruísmo.

Ao longo do livro ( que referi logo no início do documento)  são nos apresentados inúmeros exemplos de pessoas que, em graus variáveis e pelas vias mais diversas, adotaram o ideal utilitarista da promoção imparcial do bem e perseguem-no de uma forma efetivamente racional. Peter Singer ambiciona, essencialmente, mostrar que o altruísmo está ao alcance de todos nós, e que podemos sempre fazer a diferença.

M.F. 10ºano, turma A

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