Viriato Soromenho-MarquesFilósofo português (n. 1957)
O que aprendemos com a viagem à Lua e com os 60 anos de exploração
espacial já decorridos? Que estamos sozinhos no Universo útil (aquele a que
podemos aceder). Que as fantasias sobre vida extraterrestre, tanto das ficções
de Hollywood, como dos grandes pensadores da Modernidade, não passam disso
mesmo, fantasias. Contudo, se essas duas aprendizagens parecem as premissas de
um silogismo, a verdade é que continuamos sem extrair a conclusão lógica e
moralmente justa: temos de proteger a todo o custo a integridade ecológica da
Terra, quanto mais não seja para salvarmos a própria pele!
Se
deixarmos a Terra ser devastada, isso quebrará para sempre a crença no conceito
de dignidade humana. Os que sobreviverem terão vergonha de pertencerem à
espécie mais miserável que se poderia conceber. Aquela que, apesar de imbuída
de uma centelha divina organizou sistematicamente a autodestruição deste
maravilhoso mistério sem paralelo que é Terra. Terão a vergonha de pertencerem
a uma lastimável linhagem de filhos do Céu que escolheram degradar-se para a
condição de diabos de segunda categoria, transformando a Terra num inferno.
Excerto de «Duas Lições da Lua»,
Crónica publicada no JL em agosto de 2019
Disponível em http://visao.sapo.pt/jornaldeletras/ideias/2019-08-22-Duas-Licoes-da-Lua---A-cronica-de-Viriato-Soromenho-Marques
(consulta a 16 de novembro 2019).
NOTA: Para além de autor
de livros na área da Filosofia da Natureza e do Ambiente, destaca-se pela sua
atividade na defesa do ambiente. Foi, nomeadamente, Vice-Presidente da rede
europeia de conselhos de ambiente EEAC- European Environmental Advisory
Councils (entre 2001 e 2006) e, em Fevereiro de 2007 e Dezembro de
2011, assumiu a coordenação científica do Programa Gulbenkian Ambiente,
apenas para citar dois exemplos. (biografia consultada aqui: https://viriatosoromenho-marques.com/portal/biografia/)
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