quinta-feira, 9 de abril de 2020

Descartes e o Consumismo

Assumindo o papel de um orador persuasivo, o R.M., do 11º A, apresentou-nos este texto bem original, no qual articula conteúdos trabalhados nas disciplinas de Filosofia e de Inglês.



Da Dúvida de Descartes ao consumismo

Se me pedissem para caracterizar as duas últimas décadas da humanidade em uma palavra, eu diria consumismo.
 O consumismo está em todo o lado nas nossas vidas; desde os anúncios que somos obrigados a assistir na televisão, aos anúncios que aparecem nas diferentes plataformas digitais que utilizamos. Mas se pensas que o consumismo se resume a isto estás enganado. O consumismo pode ser designado por aqueles pares de ténis que compraste no natal passado, dos quais não precisavas pois já tinhas vinte pares de ténis em casa, mas mesmo assim compraste por capricho. Ou até mesmo aquele bolo que compraste no café, que apesar não teres fome naquela altura, compraste pois tinhas aquele desejo incontrolável de sacarose a ecoar-te na cabeça.
A este ponto acho que já entendeste que o consumismo está relacionado com a compra de algo. Então tens aqui uma definição de consumismo para te orientares: Consumismo é "o  ato de consumir produtos ou serviços, muitas vezes, sem consciência." Se mesmo assim não entendeste o que é o consumismo dou-te aqui uma definição informal: o Consumismo é quando compras algo, sendo um produto ou um serviço, sem teres a necessidade de o comprar, ou seja podias viver perfeitamente bem sem aquilo que adquiriste.
 Agora deves estar a pensar, pelo menos era suposto, mas Rafa o que tem a ver o Consumismo com a Dúvida de Descartes? E no que ela consiste?
Bem, a Dúvida de Descartes é um tipo de Ceticismo chamado de Ceticismo metódico. Antes que perguntes, ser cético, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é não acreditar em algo. Mas sim, suspender a sua opinião sobre todos temas, pois os céticos não sabem se a sua opinião é correta, então para não caírem em erro não emitem nenhuma opinião.
 O Ceticismo defende a possibilidade, ainda que seja pequena, de o mundo ser uma grande ilusão, se já tiveres assistido o filme “Matrix” é mais fácil entenderes isto, pois estes dois têm as suas semelhanças. Assim, não podemos dizer que temos a certeza de nada, pois não sabemos o que é real ou não, assim penso que fica mais fácil de perceber a posição dos céticos.
 Descartes era um filosofo francês que discordava da posição dos Céticos. Para se opor aos céticos este pensou, “para combatê-los tenho que utilizar as suas armas”, provavelmente não assim, mas a ideia era essa. Então Descartes criou o seu próprio Ceticismo.  Este consistia em descartar todo o conhecimento que ele pensava ter, e ir a partir de uma análise intensiva apurar os factos sobre o mundo que o rodeava.
 A dúvida de Descartes é muito mais extensa que isto, mas penso que agora esta é a parte fundamental para associá-la ao consumismo.
  Mas afinal o que é que a dúvida de Descartes tem a ver com o Consumismo? À primeira vista pode parecer que não existe nenhuma semelhança, mas se analisarmos cuidadosamente ambos os casos iremos ver que têm algumas parecenças.
 Como podemos nós afirmar que somos ou não consumistas? Poderemos apurar os factos como Descartes o fez. Se analisares detalhadamente as coisas que tens em casa, facilmente irás concluir se fazes parte desta doença coletiva que é o consumismo, ou não.  O procedimento é simples, vês se as coisas que tens em casa são realmente necessárias para o teu dia-a-dia ou se apenas estão lá a “apanhar pó”. Caso a tua resposta seja positiva, parabéns, fazes parte das poucas pessoas da população mundial que não foram infetadas por esta doença maligna, caso a tua resposta não tenha sido esta, lembra-te, nunca é tarde para mudares.
 Mas ainda podemos associar a Dúvida de Descartes a mais um ponto do consumismo. Todos os dias como já referi somos “bombardeados” com anúncios. E de que forma as pessoas são influenciadas pelos anúncios? Bom, como já deves saber cada marca estuda meticulosamente os anúncios que produz, para influenciarem ao máximo as pessoas a comprarem os seus produtos/serviços. Mas mais uma vez podemos interrogar-nos se somos ou não influenciados por eles. Claro que a maior parte das pessoas irá logo dizer que não é influenciado, devido ao seu ego. Porém devemos pôr o nosso orgulho à parte e analisar friamente, como mais uma vez Descartes o fez, o quão influenciados por anúncios somos.
 O primeiro sintoma é se após visualizares um anúncio ficas com vontade de comprar aquele produto/serviço.
O segundo sinal é se emites alguma emoção sobre anúncio como por exemplo, se o achaste engraçado ou se te surpreendeste com ele. Pois os anúncios são mesmos estruturados para isso, para despertarem alguma emoção a quem os assiste, com a finalidade de te ficarem na cabeça para te estares sempre a lembrar de tal produto/serviço. Existem muitos mais sinais como estes, que seguem a mesma linha de raciocínio.
Para concluir o meu texto, espero que da próxima vez que vejas um anúncio ou que vás às compras, te lembres do que aqui foi referido para te tornares uma pessoa mais consciente dos seus atos e assim evoluíres como ser pensante. Obrigado por teres lido o meu texto e espero que tenhas aprendido alguma coisa com ele.

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