A arte denominada "efémera" não é feita para perdurar no tempo. A arte efémera surge no século XX e nega a ideia tradicional de arte associada a um objeto que se cristaliza e perdura temporalmente. Por exemplo, um quadro, uma escultura, um romance podem ser considerados obras de arte perduráveis. A arte efémera não visa a produção de um "objeto" propriamente dito, sendo os seus materiais destinados a serem destruídos ou a desaparecerem. Ao mesmo tempo ela supõe a presença do público. Ela não apela à contemplação, mas à ação. O público neste género de obra é sempre desafiado a envolver-se, sob formas que podem ser, no entanto, muito diversas.
Escolhemos nesta publicação um artista chinês contemporâneo, Ai Weiwei, artista reconhecido de projeção internacional. Ai Weiwei teve problemas no seu país natal, tendo sido preso em 2011 e conseguindo sair do país em 2015.
Um dos grandes temas do seu trabalho artístico é o da crise dos refugiados na Europa e no mundo. A esse propósito, realizou uma instalação em 2016 na fachada de uma sala de concertos, em Berlim, na Alemanha.
Instalação de Ai Weiwei em frente da Konzerthaus em Berlim, via Getty Images. |
Idem, visão lateral. |
Idem. Visão lateral. |
Pormenor da construção |
Coluna, visão de pormenor |
Consegue perceber o que cobre as colunas deste prestigiado edifício de Berlim?
Sim, são coletes. Mas não são quaisquer coletes. São coletes de homens, mulheres e crianças que atravessaram o mar em pequenos botes a abarrotar fugindo da guerra, da fome, do sofrimento. Fugindo para uma Europa que lhes aparecia como uma esperança, como possibilidade de terem uma vida digna. Os que chegam, sim, os que chegam, porque morrem milhares nesta travessia, chegam a uma Europa que os afasta, os cataloga de refugiados, sem pátria, sem nome próprio, sem direitos. Sim, são os seus coletes. São os coletes que vestiram, que se molharam, que lhes salvaram a vida ou que com eles morreram.
São 14 000, catorze mil, coletes.
É a esta realidade humana que Ai Weiwei pretende dar visibilidade.
ATIVIDADE
1. O que lhe parece que representa cada colete?
2. Porque é que o artista teria escolhido este edifício?
3. O que sentes perante esta obra (ainda que apenas em fotos parcelares)?
4. Esta instalação faz-nos (a nós, o público) refletir?
5. Porque é que se pode classificar esta instalação uma obra de arte? Justifica, recorrendo a uma das teorias estudadas.
6. Comenta: "Os artistas não vivem num mundo à parte. Eles são participantes ativos na sociedade em que vivem e a arte pode ser uma forma de intervenção".
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