quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Frei Bento Domingues - Da ciência, da Religião e da Arte (1)


De acordo com o que temos vindo a noticiar, realizou-se no passado dia 15 a conferência de Frei Bento Domingues no Salão dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras. Foi uma iniciativa do Rotary Club de Torres Vedras, em parceria com o Grupo Disciplinar de Filosofia no âmbito das celebrações do Dia Mundial da Filosofia, contando igualmente com a participação ativa dos alunos do Curso Profissional de Turismo. Com esta atividade procurámos, tal como em anos anteriores, criar uma oportunidade de formação para os nossos alunos, no quadro da finalidades definidas pela UNESCO para este Dia, das finalidades do ensino da Filosofia e, mais proximamente, no quadro de referências para a educação em Portugal que dá pelo nome de Perfil do Aluno para o século XXI (consultar em http://www.dge.mec.pt/noticias/perfil-dos-alunos-saida-da-escolaridade-obrigatoria.)


Apresentamos, de seguida (em vários posts), de forma sintética, reorganizada, sem preocupação de reprodução exata e integral, algumas das ideias que Frei Bento Domingues expressou com o entusiasmo e a vivacidade habituais. 

1) Da Ciência, da Religião e da Arte -  Palavra de Deus não é para descrever o mundo, a natureza. Não é um livro de Ciência. É um livro de LiteraturaA ciência remete-nos para uma linguagem técnica e rigorosa, bem como para procedimentos de verificação que aferem a verdade dos enunciados científicos. A existência das ciências significa que o mundo é inteligível, que está sujeito a leis que se podem conhecer, que se podem descobrir.
A Religião é portadora de uma linguagem simbólica, tal como a Literatura, a Música, a Poesia...
Na escola lê-se Poesia, onde nos deparamos com a linguagem simbólica. Por exemplo, a linguagem da Música é fantástica, mas não tem uma correspondência no mundo exterior. A linguagem das artes, da Poesia, da Música, da Pintura cria um mundo outro. É uma produção de pura beleza, mediante sons. Diferentemente do que acontece com as ciências, a Música, a Pintura, a Poesia agradam ou não, são belas ou feias, do ponto de vista estético. E não são uma imitação do real exterior. A Música não se parece com nada, mexe com as nossas emoções, com o nosso coração (embora tenha por detrás um grande trabalho intelectual). Os poemas de Eugénio de Andrade, por exemplo, são uma explosão de alegria na poesia, constituem um jogo de palavras, que são uma explosão de beleza.


Sigamos, então, a sugestão de Frei Bento Domingues, finalizando este primeiro post com um poema de Eugénio de Andrade (1923-2005).
O amor 
É uma ave a tremer
nas mãos de uma criança,
serve-se de palavras por ignorar
que as manhãs mais limpas não têm voz

(Poema Quase nada, retirado de https://www.escritas.org/pt/t/2487/quase-nada, consulta a 22 de novembro, 2018)


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