domingo, 9 de novembro de 2014

Mulheres têm mais neurónios olfativos?

Porque é que homens e mulheres são diferentes? A pergunta é: porque é que elas têm capacidades olfativas mais diferenciadoras? Sabe-se que os seus cérebros são diferentes, mas não se sabe porque é que são diferentes, porque é que uma maior quantidade de conexões neuronais se estabeleceu.

Esta notícia foi retirada de «Ciência Hoje», http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=59572&op=all#


O nariz delas é melhor do que o deles

Mulheres têm mais neurónios olfactivos?

2014-11-07
As pessoas mostram grande diversidade na habilidade para identificar cheiros e odores. Mais importante, machos e fêmeas são bastante diferentes na sua avaliação perceptual de odores, com as mulheres a superar os homens em muitos tipos de testes de cheiro.

As diferenças de sexo na detecção olfactiva podem desempenhar um papel em comportamentos sociais diferenciados e pode ter relação com a percepção do olfacto de cada um e estar naturalmente ligada a experiências e emoções associadas. Assim, tem sido dito que a superioridade olfactiva das mulheres pode ser mais cognitiva ou emocional do que perceptual.

Roberto Lent dirigiu o estudo
Roberto Lent dirigiu o estudo
Estudos anteriores que investigam as raízes biológicas de maior sensibilidade olfactiva das mulheres têm usado métodos de imagem que permitem medir estruturas cerebrais.

Os resultados desses estudos têm sido controversos, deixando sem resposta a questão de saber se as diferenças na sensibilidade olfactiva têm raízes biológicas ou se representam um mero subproduto das diferenças sociais e cognitivas entre os sexos.



Na «guerra» dos cheiros elas ficam a ganhar
Na «guerra» dos cheiros elas ficam a ganhar
O fraccionador isotrópico, uma técnica rápida e confiável desenvolvida por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mede o número absoluto de células em uma dada estrutura do cérebro, tais como o bulbo olfactório, que é a primeira região do cérebro para receber informações olfactivas capturadas pelas narinas.

Usando esta técnica, um grupo de pesquisadores liderado por Roberto Lent, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade  Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Nacional de Neurociência Translacional,no Brasil,  encontrou finalmente provas biológicas nos cérebros de homens e de mulheres que podem explicar a diferença olfactiva entre os sexos.

O grupo examinou os cérebros post-mortem de sete homens e 11 mulheres que tinham mais de de55 anos no momento da morte. Todos eram neurologicamente saudáveis e nenhum tivera profissões que exigessem capacidades olfactivas excepcionais, como  degustar café ou cozinhar.

Ao calcular o número de células nos bulbos olfatórios desses indivíduos, o grupo (que também inclui pesquisadores da Universidade de São Paulo, da Universidade da Califórnia, San Francisco, e do Hospital Albert Einstein, em São Paulodescobriu que as mulheres têm em média 43% mais células do que os homens nesta estrutura cerebralContando neurónios especificamente, a diferença chegou a quase 50% a mais em mulheres do que homens.
O  bulbo olfactório transmite informação do nariz ao cérebro
O bulbo olfactório transmite informação do nariz ao cérebro
Resta saber se esse  maior número de células é responsável pelas diferenças na sensibilidade olfactiva entre os sexos. "De modo geraldiz Lent, cérebros maiores, com maior número de neurónios relacionam-se  com a complexidade funcional fornecida por esses cérebros. Assim, faz sentido pensar que mais neurónios nos bulbos olfactórios femininos dão às mulheres maior sensibilidade olfactiva".

O facto de que algumas células serem adicionadas ao cérebro ao longo da vida sugere que as mulheres já nascem com estas células extras. Mas por que razão os cérebros das mulheres têm essa capacidadeQue mecanismos são responsáveis por este aumento do número de células nos bulbos olfatórios? Há quem acredite que essa capacidade olfactiva é essencial para comportamentos reprodutivos como a ligação de pares e reconhecimento de parentes.

Se isto é verdade, então a capacidade olfactiva superior é um traço essencial que foi herdado e depois mantido ao longo da evoluçãouma ideia expressa pelo dramaturgo romeno Eugene Ionesco, quando disse: "Um nariz que pode ver vale mais do que dois que cheiram".

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