quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A decisão da Apple e do Facebook é «eticamente inaceitável»




As posições do médico Marcos Borga e do Centro Genético para a Saúde:




'Não é aceitável mandar as funcionárias congelar os óvulos'
 Marcos Borga
   «Polémica à parte sobre o direito da mulher a escolher quando quer ser mãe, Miguel Oliveira, o presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, alerta que retirar óvulos e congelá-los, algo que a Apple e o Facebook estão a incentivar as suas funcionárias a fazer, não é um procedimento inócuo.
"Não está provado, a longo prazo, que a overdose de hormonas usada para a estimulação ovárica [o tratamento para retirar os óvulos] , não provoque cancro de ovário. Há estudos nesse sentido", frisa.
Esta semana, soube-se que a Apple e o Facebook estão a oferecer às suas funcionárias dinheiro para congelarem os óvulos e, assim, adiarem a maternidade. Outras empresas de tecnologia em Sillicon Valley, frequentemente acusadas de preferirem empregar homens, estão a tomar atitude igual.  
Além de considerar a medida "eticamente inaceitável" e "discriminatória" dos direitos da mulheres, Miguel Oliveira diz ainda que não é garantia de ter uma gravidez saudável mais tarde. "O que interessa ter um óvulo jovem num útero com problemas, cheio de miomas, por exemplo?"
O médico sublinha que, do ponto de vista biológico, um útero não é o mesmo aos 30 anos do que aos 40, por isso, de nada vale ter óvulos jovens.
"Não é minimamente aceitável mandar as funcionárias retirar os óvulos e congelá-los. As pessoas têm de se unir para combater esta atitude"", reforça. 
As críticas do médico português juntam-se às reações internacionais à decisão da Apple e do Facebook. O Centro para a Genética e Sociedade, uma organização Não Governamental, apressou-se a avisar as funcionárias das empresas dos riscos para a saúde.
"Retirar vários óvulos envolve injeções fortes de hormonas, algumas delas não aprovadas. A curto prazo, os riscos podem ser graves e a longo prazo são incertos, porque eles não foram feitos estudados adequados, apesar da indústria de fertilidade ter vindo a utilizar estas hormonas durante décadas", lê-se num comunicado divulgado pela ONG.»


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