quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Congelar o presente, e o futuro? (1)

Os nossos alunos têm vindo a pronunciar-se criticamente sobre a decisão da Apple e do Facebook, a partir do que tem sido noticiado na comunicação social.

Neste texto, temos a posição da Inês Oliveira (11ºE):

   Recentemente veio a público uma notícia que tem vindo a gerar controvérsia. O seguro de saúde para as funcionárias do Facebook proporciona-lhes agora a opção de congelarem os seus óvulos, medida que a Apple irá adotar a partir de janeiro.
      Esta notícia levanta as mais variadas questões relativamente, não só, à ética, aos motivos que movem estas empresas mas também quanto à naturalidade deste procedimento e aos benefícios da opção em si.
      Podemos questionar o que terá motivado estas empresas? Os motivos podem variar, desde pretenderem que as funcionárias trabalhem mais enquanto são jovens e se encontram no seu auge, preferindo que estas apenas necessitem de estar em licença de maternidade mais tarde. Até estarem apenas a utilizar a história como publicidade ou ainda como uma tentativa de atrair trabalhadoras de modo a aumentar o número de funcionárias. O motivo poderá estar ligado à ética, pois é recorrente perguntar-se, será uma ação realizada por motivos que diferem da finalidade desta, uma ação ética? Na minha opinião, mesmo que a ação tenha um resultado positivo, caso o motivo da sua realização não seja ético, isso põe em causa a ética de toda a ação.
       Não será esta, no entanto, mais uma maneira de manipular o trabalho das mulheres? É certo que apenas lhes estão a dar a opção e que não são obrigadas a segui-la, podendo escolher ter filhos enquanto são jovens, a questão é se não serão prejudicadas por esse motivo, sendo as funcionárias que realizaram o procedimento beneficiadas pelas empresas, enquanto as restantes são penalizadas?
       Mas e quanto à congelação dos óvulos em si? Será antinatural? Ou será benéfico para a nossa sociedade? Pessoalmente, penso que trará mais problemas que benefícios. Podemos analisar os problemas quanto à saúde pois processos como este contém sempre riscos, que poderão gerar graves problemas a quem a estes se submete. Podemos também analisar as consequências a nível social, mulheres mais velhas não possuem as mesmas capacidades parentais que mulheres mais novas, agindo mais como avós do que como mães. Isto se a inseminação for bem sucedida pois estudos indicam que este procedimento tem apenas 25% de casos com sucesso.
        Em conclusão, sobre a Apple e o Facebook proporcionarem esta opção da congelação dos óvulos às suas funcionárias acredito que o facto de não ser conhecida uma resposta concreta para estas perguntas torna difícil a formação de uma opinião concisa. Dependendo das respostas que associa a cada questão, um mesmo individuo pode formular variadas opiniões. A capacidade de argumentar de forma informada e bem elaborada de modo a persuadir um auditório a concordar com a nossa opinião fica então condicionada. Como é possível a persuasão de outros quando nem emissor se encontra certo do que está a defender?

         Já relativamente ao ato da congelação dos óvulos em si penso que é uma boa opção nos casos para os quais não há outra solução, mas que tornando-se uma realidade comum alteraria por completo o funcionamento da nossa sociedade, alterando também a ordem natural dos acontecimentos. Na natureza não existem motivos secundários, tudo acontece como é suposto e de acordo com as necessidades naturais. Terá então o ser humano, tendo a capacidade para fazê-lo, o direito de alterar o que levou milhares de anos a ser aperfeiçoado pela natureza?

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