quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Genuína preocupação com o bem estar dos funcionários* (5)

O aluno André Patrício (11ºE) apresenta uma posição diferente da dos seus colegas. Vejamos a sua argumentação:

        A mundialmente conhecida empresa Facebook anunciou recentemente que iria incluir no seguro de saúde das suas funcionárias a hipótese de congelarem os seus óvulos, tornando possível o adiamento da gravidez, cobrindo os custos deste processo até 20 mil dólares. A empresa Apple anunciou também que iria tomar as mesmas medidas de pagamento deste processo, mas com um valor ilimitado, permitindo às suas funcionárias uma melhor gestão da sua vida pessoal e profissional, tendo explicado num comunicado feito á ABC News que: “Queremos dar poder às mulheres na Apple para fazerem o melhor trabalho das suas vidas enquanto cuidam dos seus entes queridos e criam as suas famílias".
   Ao serem anunciadas as intenções destas duas grandes empresas no que diz respeito às opções dadas as suas funcionárias no controlo de natalidade, houve de imediato um descontentamento em relação a estas medidas, pois foram interpretadas como apenas mais uma maneira de estas grandes empresas aumentarem o seu lucro ao extorquirem mais tempo de trabalho às suas trabalhadoras, pois quando uma mulher engravida é lhe dada licença de maternidade e pode ausentar-se do trabalho, levando a uma descida de lucro por parte da empresa.
   No processo de analisar uma situação como esta não seria de maneira nenhuma correto apenas considerar as vantagens que a empresa obtém com estas medidas, afinal estas mudanças têm como alvo as funcionárias das empresas, logo é imperativo ter em conta como todas estas mudanças afectam as suas vidas, em vez de apenas condenar tudo o que é feito por estes gigantes da indústria sem ao menos sabermos todos os aspectos destas alterações.
    Ao contrário do que é dado a entender pelos meios de comunicação, a proposta das empresas Facebook e Apple não engloba só o congelamento de óvulos, mas sim todo um conjunto de opções que permitem um melhoramento na vida familiar das indivíduas que trabalham para estas. A empresa Facebook por exemplo, além de cobrir até 20 mil dólares dos custos do congelamento dos óvulos, oferece ainda apoio à adopção, utilização de barrigas de aluguer e outros métodos de fertilidade para ambos os sexos, demonstrando assim o seu maior interesse pelo bem estar dos funcionários do que pelo aumento do lucro total da empresa. A empresa de tecnologia Apple, vai mais longe, e além de cobrir as despesas do congelamento dos óvulos das suas trabalhadoras e de oferecer um programa de apoio à adopção de crianças, cobre ainda as despesas de educação por parte dos empregados e permite o prolongamento da licença de maternidade, uma medida que vai contra as suposições feitas em relação à tentativa de aumentar o tempo de trabalho dos empregados. O professor da Escola de Direito de Harvard e especialista na relação entre a bioética e o direito, Glenn Cohen, vê o lado positivo nas ofertas dadas pela Apple e Facebook e afirma: “As mulheres têm mais opções de escolha que não poderiam suportar de outra forma”.
   É também necessário reforçar que estas empresas estão apenas a dar opções aos seus funcionários, ou seja, ninguém é forçado a optar por estes métodos, sendo assim, como podem estas medidas ser consideradas nocivas para os trabalhadores? Apenas lhes é dada a possibilidade de usar estas ofertas para melhorar a sua vida, caso não haja a necessidade de tal, os funcionários podem continuar a sua profissional como sempre fizeram. Mas e quanto às pessoas que optam pelo processo da remoção de óvulos? Poderão elas sair prejudicadas desta operação, estando assim as empresas Facebook e Apple a incentivar algo que poderá afetar negativamente a vida dos seus funcionários?
   A mulher sujeita a esta intervenção não corre qualquer risco, podendo em pior caso vir a sentir uma dor abdominal devido a um distúrbio metabólico, sintoma que poderá ser facilmente resolvido pelo médico que acompanha este processo. A gravidez em si ocorrerá como uma gravidez normal, não alterando em nenhum aspecto a saúde do embrião. Então porque usar este processo em vez de simplesmente esperar pela altura mais favorável? Foi efectuado um estudo escocês que afirma que maioria das mulheres perde 90% dos óvulos até os 30 anos, biologicamente falando, o melhor momento para ter um filho é dos 20 aos 30 anos, é quando é provável ter-se menos problemas na gravidez, e tem uma menor incidência de doenças. A partir dos 37 anos a taxa de fertilidade desce muito rapidamente e a qualidade do óvulo aos 40, por exemplo, é metade ou um terço de um óvulo aos 27; de facto, foi provado que aos 25 anos, 75% das mulheres conseguem engravidar em seis meses, aos 30, a taxa cai para 40% e aos 40 anos, para 25%.
  Sendo assim podemos claramente concluir que estas novas mudanças sobre a possibilidade do congelamento de óvulos vindas das empresas Facebook e Apple não são apenas mais uma maneira de aumentar o seu lucro, mas sim genuína preocupação pelo bem estar dos seus funcionários.

 * título da nossa responsabilidade e retirado do texto

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