terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Daniel Sampaio e a dedicação pioneira à adolescência (2)

retirado de http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-10-23-Daniel-Sampaio-A-psiquiatria-nao-me-fez-entender-o-amor-mas-tornou-me-mais-humano
A sua dedicação pioneira aos adolescentes é reflexo de uma adolescência que devia ter sido mais bem resolvida?
É sempre. Na última lição digo de mim próprio que fui um adolescente um pouco sombrio e demasiado responsável. Também tive alguma militância política, distribuía panfletos contra Salazar. Tudo muito sério. Devia ter-me divertido mais. Mas a ida para terapeuta de adolescentes foi ocasional. A minha formação foi na área de adultos, mas trabalhei com João dos Santos, que me alertou que os pedopsiquiatras não davam muito certo com adolescentes. Entusiasmou-me, ajudou-me e, quanto mais estudava, mais interessado ficava.
Tinha-lhe dado jeito encontrar um Daniel Sampaio na sua adolescência?
Acho que sim, gostava de ter falado com alguém. Os meus pais eram grandes educadores em termos da ética e valores, mas muito críticos e restritivos da minha liberdade. Gostaria de ter tido um bocadinho mais de liberdade.
Como chegou à psiquiatria?
Com 17 anos queria ser ator de teatro, mas fui muito influenciado por uma professora de Filosofia, que me aconselhava Psicologia ou Psiquiatria. Fui para Medicina e nunca pensei noutra especialidade. Achava que a psiquiatria ia explicar-me tudo.

(...)
Um amigo seu, António Lobo Antunes, escreveu que “nós somos quem fomos”. Quem foi Daniel Sampaio?
A infância e a adolescência explicam quem sou. O que tenho de positivo: ser responsável e ter noção de serviço devo aos meus pais, alguma reserva e o meu lado um pouco sombrio à minha adolescência e a minha ternura devo-a fundamentalmente à minha avó e à minha mulher com quem sou casado há 45 anos.
Excerto da entrevista dada ao Semanário Expresso a 23 de outubro de 2016. Disponível em http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-10-23-Daniel-Sampaio-A-psiquiatria-nao-me-fez-entender-o-amor-mas-tornou-me-mais-humano

Sem comentários:

Enviar um comentário