Não sei se os nossos alunos adolescentes da idade do Diogo, na altura com dezasseis anos, ainda concordam com ele. Hoje o Diogo será homem para quarenta e muito poucos anos e poderá ser, até, pai de um adolescente. O que quer dizer que os pais dos nossos alunos podem ter vivido a sua adolescência na época em que o Diogo a viveu. Confuso? Não. Estamo-nos só a colocar em perspetiva e a admitir que esta leitura pode ser de pais e filhos...
Sabendo, assim, que os excertos que aqui vamos deixar são retirados do diálogo entre o psiquiatra Daniel Sampaio e o jovem Diogo, numa situação em que está ausente qualquer necessidade terapêutica (uma das condições, aliás, para a escolha deste jovem adolescente era o «nunca ter ido a uma consulta de Saúde Mental»); sabendo que o jovem Diogo frequentava uma escola em meio urbano (Lisboa), será interessante verificar até que ponto o seu discurso tem eco nos jovens de hoje, muito especificamente nos jovens torreenses, passados que são 26 anos (o diálogo está datado de meados de 1992 e inserido na obra "Vozes e Ruídos" de 1993). Aqui está a capa da 1ª edição.
DIOGO: Sim. Os rapazes falam mais abertamente, com menos problemas. Falam daquilo como...Não levam tanto a peito como as raparigas. Há uma grande diferença entre o amor visto pelos rapazes e o amor visto pelas raparigas. Para as raparigas é mais profundo. É mais importante que para os rapazes. Para os rapazes é um bocado superficial, por enquanto. Só por vezes quando aparece uma rapariga que uma pessoa gosta mesmo é que é igual dos dois lados. Normalmente os rapazes não se interessam. Interessam-se só que é de uma maneira diferente: mais superficial.
DANIEL: Os rapazes vivem mais o momento.DIOGO: Pois, e as raparigas sentem-no mesmo. Os rapazes é mais por diversão, quase. E as raparigas, não. Aquele momento fica marcado mesmo.
DANIEL: Consegues dar uma definição de curtir? O que significa curtir com uma rapariga?
DIOGO: Significa... O curtir está mais relacionado com o sexo enquanto o namoro está mais relacionado com o amor.
DANIEL: Mas não usam muito o termo namorar...
DIOGO: Não. É mais "andar".
DANIEL: "Andar com".»
Sampaio, D. (1993). Vozes e Ruídos. Lisboa: Caminho, pp. 24-25.
E para termos também uma noção das muitas coisas que mudaram entre os anos 90 e a atualidade, aqui deixamos duas imagem dos computadores desses anos.
Imagens retiradas de http://www.hardware.com.br/tutoriais/conhecimento-hardware-evolucao-durante-decadas/anos-1.html |
Na minha opinião a ideia de que os rapazes e as raparigas veem o amor de forma diferente, está desactualizada. Hoje em dia, cada vez mais rapazes e raparigas procuram apenas um momento de prazer e diversão e não construir uma relação séria que exija compromisso e dedicação. No entanto, acredito que esta atitude é própria da fase que atravessamos e que com o passar do tempo a forma como vemos as relações vai-se alterando. (este medo de compromisso e falta de dedicação faz parte do crescimento pessoal do adolescente, sendo até saudável, para que mais tarde, no futuro saiba dar valor a essas atitudes).
ResponderEliminarAna Margarida Santos, 12ºI
É compreensível que o contexto da entrevista já não esteja de acordo com a realidade atual sendo que o livro foi publicado em 1993, na minha opinião as relações entre nós adolescentes podem ser divididas em três vertentes: one night stands (saídas de uma noite); relações abertas e não sérias que pretendem não envolver emoções pessoais dando prioridade ao desejo carnal; e relações sérias (e raras) onde o bem-estar próprio e do parceiro é uma prioridade e uma fase de descoberta.
ResponderEliminarEspero que o meu comentário tenha ajudado.
Pedro Lopes, 12ºI