sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Dia Mundial da Filosofia, 2016, a palavra dada aos alunos (6)








“Eutanásia”

A Eutanásia consiste na conduta de abreviar a vida de um paciente em estado grave, terminal ou que esteja sujeito a dores intoleráveis. Esta é uma questão bastante polémica, havendo uma grande divergência de opiniões, uma vez que defender uma posição a favor ou contra esta prática exige um confronto de diversos valores cuja importância varia consoante a cultura em que cada indivíduo está inserido. Poucos são os países que permitem legalmente a prática da eutanásia, como a Suíça, a Holanda e a Bélgica, enquanto outros têm esta prática ilegalizada por diversos motivos, principalmente religiosos, éticos e culturais. Eu defendo a legalização da prática da Eutanásia em casos de sofrimento extremo e sempre de livre vontade do paciente em causa por diversas razões que irei passar a explicar.
Em primeiro lugar, sendo a eutanásia uma forma de evitar a dor e sofrimento de um paciente cujas possibilidades de viver são reduzidas, eu considero perfeitamente compreensível que seja praticada em pacientes nestas condições. Há quem interprete a prática da eutanásia como o ato de matar uma pessoa ou ajudá-la a cometer o suicídio, utilizando argumentos éticos para defender a sua posição, mas será que evitar a dor de uma pessoa pondo um fim ao seu sofrimento não pode ser considerado moralmente mais correto do que deixar a pessoa viver os poucos dias que lhe restam e acabar por ter uma morte dolorosa? Sim, eu defendo que seria moralmente mais correto a prática da eutanásia em pacientes em estado terminal. Qual a razão de adiar uma morte tão próxima e dolorosa quando se pode simplesmente acabar com o sofrimento sem ser dessa forma? Para a pessoa viver mais um pouco até morrer de tanta tortura imposta pelas circunstâncias da sua vida? Há pessoas que consideram esta prática como uma violação dos direitos humanos, nomeadamente o direito à vida, mas na minha opinião acaba por ser mais humano recorrer à eutanásia a pedido do doente, a chamada  morte digna, do que obrigá-lo  a viver o resto da sua vida em intenso sofrimento.
Em segundo lugar, cada pessoa tem o direito de decidir por si próprio e aceitar o seu pedido da eutanásia seria respeitar a autodeterminação de cada um. É claro que a decisão de recorrer ou não à eutanásia tem de ser muito bem pensada pelo paciente e não pode ser uma escolha irrefletida. O estado de saúde mental do paciente teria de ser avaliado assim como outras componentes, como as biológicas, sociais, culturais e económicas, de forma a que o indivíduo tenha total consciência das suas decisões, assegurando, assim, a autonomia da pessoa que não deve ser influenciada por motivos exteriores a si. Desde que este protocolo fosse seguido, não haveria razões para recusar o pedido de um doente para recorrer à eutanásia. Ainda assim, com base em crenças religiosas, há quem defenda que retirar a vida a alguém é uma prática que apenas a Deus é permitido realizar, já que acreditam que foi este que deu a vida aos Homens. Se isto for verdade, seria necessário referir que Deus não só criou o Homem, como o criou como ser inteligente e livre. Daqui resulta a liberdade do doente poder escolher a forma como deseja morrer, assim como a possibilidade de antecipar o dia da sua morte, sendo assim respeitados os seus direitos, tal como Jorge Torgal, médico e professor catedrático, defende que “esta situação tem a ver com os direitos individuais dos cidadãos. É por isso que defendo que deve haver uma despenalização da eutanásia”.
Sendo a eutanásia um último recurso, uma última liberdade, um último pedido, eu defendo que o pedido a este recurso não deveria ser recusado a quem está plenamente consciente da sua condição. Afinal, a legalização da eutanásia não a tornaria obrigatória, apenas a disponibilizaria como uma escolha legítima, assim como não excluiria o acesso e investimento em cuidados médicos. Só que nem sempre os cuidados médicos eliminam por completo o sofrimento do doente assim como também nem sempre impedem que este chegue a um estado terminal. Nestes casos, deveria caber ao doente, em perfeita condição de saúde mental, tomar a decisão de recorrer ou não à eutanásia, sendo assim respeitados os seus direitos. Em muitos países as pessoas julgam que respeitar os direitos individuais de cada pessoa, nesta situação, seria respeitar o seu direito a vida, o que acaba por tornar a eutanásia ilegal em certos países. Mas assim como o direito à vida é um direito universal e legal, eu defendo que também deveria ser legal e universal ter o direito de optar por uma morte com dignidade e menos sofrimento.

Inês Lucas  Nº10  11ºA

1 comentário:

  1. Olhe Inês, concordo em absoluto consigo. E como você pegou em tudo e esgrimiu muito bem os argumentos, pouco me ficou por dizer além de lhe dar parabéns por ter pegado o problema assim, de caras. Escreva mais que virei cá ler. Promised!

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