DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA
Desde a sua
inauguração enquanto Dia da Filosofia na UNESCO em 2002 e particularmente desde
a sua institucionalização em 2005 como Dia Mundial da Filosofia, esta
celebração da filosofia inspirou muito entusiasmo. Criada com o fim de
aproximar a filosofia de todos, professores, estudantes, assim como o grande
público em geral, todos mostraram um grande interesse por esta atividade que
oferece novas oportunidades e um espaço para a reflexão crítica e o debate.
A Filosofia
na UNESCO: passado e presente
Desde a sua fundação, a UNESCO recorreu
à filosofia para preparar os ideais que inspiram a sua constituição. Ideais
eles próprios saídos da renovação da tradição filosófica.
Em 1942, quando o resultado da segunda guerra mundial
estava ainda longe de ser certo, os ministros aliados da Educação reuniram-se a
fim de fundar uma organização que, por meios morais e intelectuais, pudesse
ajudar a construir um mundo liberto do ódio, do fanatismo e do obscurantismo.
Aquando da primeira conferência da nova Organização
(Londres, 1945), Léon Blum, o seu vice-presidente, fez notar que a guerra era
essencialmente «ideológica», e mostrou como a educação, a cultura e a ciência
se podiam virar contra os interesses comuns da humanidade. O seu
desenvolvimento e o seu aperfeiçoamento já não eram suficientes: elas deviam
seguir no sentido da «ideologia» da democracia e do progresso, que é a condição
lógica, o fundamento psicológico da paz e da solidariedade internacionais.
O preâmbulo da constituição da UNESCO, adotado a 16 de
Novembro de 1945, reafirmava que «a negação dos princípios da dignidade, da
igualdade e do respeito mútuo dos homens, tinha tornado possível a guerra», mas
imputava a responsabilidade do conflito à ignorância e aos preconceitos, e não
à deliquescência da educação, da cultura e da ciência.
Como é que, desde então, o libelo da primeira cláusula
do Preâmbulo «As guerras nascem no espírito dos homens, é no espírito dos homens
que devem ser criadas as defesas da paz», deve ser compreendido?
O meio de aí chegar e de desenvolver os contactos e as
trocas de tal modo que progridam o conhecimento e a compreensão mútuas, pois o
conhecimento favorece a compreensão, e abre a via à solidariedade moral e
intelectual da espécie humana, que é a única garantia para uma paz durável e
autêntica.
Aí se encontra talvez o espírito utópico que inspirou
os fundadores da UNESCO.
Uma tarefa
moral e política
O estado da filosofia exigia uma ação efetiva da
UNESCO. A guerra interrompeu os contactos entre os filósofos dos diferentes
países; as universidades e os seus estudantes tinham-se encontrado frente ao
vazio; as publicações tinham cessado de circular.
E, sobretudo, os conceitos filosóficos tinham sido
desviados e recuperados para fins de propaganda pelos estados totalitários;
mesmo no seio das nações democráticas, os princípios da dignidade humana tinham
sido relegados para segundo plano, erradicados pela necessidade de eficácia.
Por consequência, a UNESCO esforça-se por propagar,
por pôr em prática, e mesmo por popularizar uma cultura filosófica
internacional, na suposição de reforçar o
respeito da pessoa humana, o amor da paz, o ódio ao nacionalismo estreito e ao
reino da força, a solidariedade e a ligação a um ideal de cultura.
A UNESCO fixou como fim tornar acessível a todos os
valores da sua filosofia moral e política, mas também favorecer o progresso dos
estudos filosóficos enquanto tais. Os seus dois objetivos são então:
·
Implementar
instrumentos intelectuais ao serviço da educação internacional das nações
·
Colocar a
Filosofia ao serviço da educação internacional das nações.
Para os fundadores da UNESCO, a filosofia não se reduz
ao domínio especulativo da pura metafísica, à ética normativa e teórica e à
psicologia individual: ela estende-se às fronteiras não somente do conhecimento
humano, mas também de toda a atividade humana.
O seu alcance é então análogo ao da UNESCO. A ação da
UNESCO consiste então em:
·
Encorajar os
estudos internacionais de filosofia […].
·
Assegurar-se que
a filosofia desempenha um papel no despertar da opinião pública, aprofundando
os conceitos que estão na raiz dos direitos humanos - particularmente os direitos do indivíduo no
mundo moderno; estudando o estado presente da civilização e as incertezas da
consciência moderna, e certamente as soluções que se podem obter […].
«La
philosophie à l’UNESCO», consultado em http://portal.unesco.org a 16 de Outubro 2009, tradução do
francês da responsabilidade do Grupo Disciplinar de Filosofia da Escola
Secundária de Madeira Torres, Torres Vedras. A 21 de outubro, 2016, acesso
parcial em http://www.unesco.org/new/fr/social-and-human-sciences/themes/most-programme/humanities-and-philosophy/philosophy-at-unesco-past-and-present/
Sem comentários:
Enviar um comentário