quarta-feira, 16 de novembro de 2016

DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA - UM POUCO DE HISTÓRIA


DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA

Desde a sua inauguração enquanto Dia da Filosofia na UNESCO em 2002 e particularmente desde a sua institucionalização em 2005 como Dia Mundial da Filosofia, esta celebração da filosofia inspirou muito entusiasmo. Criada com o fim de aproximar a filosofia de todos, professores, estudantes, assim como o grande público em geral, todos mostraram um grande interesse por esta atividade que oferece novas oportunidades e um espaço para a reflexão crítica e o debate.
A Filosofia na UNESCO: passado e presente
Desde a sua fundação, a UNESCO recorreu à filosofia para preparar os ideais que inspiram a sua constituição. Ideais eles próprios saídos da renovação da tradição filosófica.
Em 1942, quando o resultado da segunda guerra mundial estava ainda longe de ser certo, os ministros aliados da Educação reuniram-se a fim de fundar uma organização que, por meios morais e intelectuais, pudesse ajudar a construir um mundo liberto do ódio, do fanatismo e do obscurantismo.
Aquando da primeira conferência da nova Organização (Londres, 1945), Léon Blum, o seu vice-presidente, fez notar que a guerra era essencialmente «ideológica», e mostrou como a educação, a cultura e a ciência se podiam virar contra os interesses comuns da humanidade. O seu desenvolvimento e o seu aperfeiçoamento já não eram suficientes: elas deviam seguir no sentido da «ideologia» da democracia e do progresso, que é a condição lógica, o fundamento psicológico da paz e da solidariedade internacionais.
O preâmbulo da constituição da UNESCO, adotado a 16 de Novembro de 1945, reafirmava que «a negação dos princípios da dignidade, da igualdade e do respeito mútuo dos homens, tinha tornado possível a guerra», mas imputava a responsabilidade do conflito à ignorância e aos preconceitos, e não à deliquescência da educação, da cultura e da ciência.
Como é que, desde então, o libelo da primeira cláusula do Preâmbulo «As guerras nascem no espírito dos homens, é no espírito dos homens que devem ser criadas as defesas da paz», deve ser compreendido?
O meio de aí chegar e de desenvolver os contactos e as trocas de tal modo que progridam o conhecimento e a compreensão mútuas, pois o conhecimento favorece a compreensão, e abre a via à solidariedade moral e intelectual da espécie humana, que é a única garantia para uma paz durável e autêntica.
Aí se encontra talvez o espírito utópico que inspirou os fundadores da UNESCO.
Uma tarefa moral e política
O estado da filosofia exigia uma ação efetiva da UNESCO. A guerra interrompeu os contactos entre os filósofos dos diferentes países; as universidades e os seus estudantes tinham-se encontrado frente ao vazio; as publicações tinham cessado de circular.
E, sobretudo, os conceitos filosóficos tinham sido desviados e recuperados para fins de propaganda pelos estados totalitários; mesmo no seio das nações democráticas, os princípios da dignidade humana tinham sido relegados para segundo plano, erradicados pela necessidade de eficácia.
Por consequência, a UNESCO esforça-se por propagar, por pôr em prática, e mesmo por popularizar uma cultura filosófica internacional, na suposição de reforçar o respeito da pessoa humana, o amor da paz, o ódio ao nacionalismo estreito e ao reino da força, a solidariedade e a ligação a um ideal de cultura.
A UNESCO fixou como fim tornar acessível a todos os valores da sua filosofia moral e política, mas também favorecer o progresso dos estudos filosóficos enquanto tais. Os seus dois objetivos são então:
·        Implementar instrumentos intelectuais ao serviço da educação internacional das nações
·        Colocar a Filosofia ao serviço da educação internacional das nações.
Para os fundadores da UNESCO, a filosofia não se reduz ao domínio especulativo da pura metafísica, à ética normativa e teórica e à psicologia individual: ela estende-se às fronteiras não somente do conhecimento humano, mas também de toda a atividade humana.
O seu alcance é então análogo ao da UNESCO. A ação da UNESCO consiste então em:
·        Encorajar os estudos internacionais de filosofia […].
·        Assegurar-se que a filosofia desempenha um papel no despertar da opinião pública, aprofundando os conceitos que estão na raiz dos direitos humanos  - particularmente os direitos do indivíduo no mundo moderno; estudando o estado presente da civilização e as incertezas da consciência moderna, e certamente as soluções que se podem obter […].

«La philosophie à l’UNESCO», consultado em http://portal.unesco.org a 16 de Outubro 2009, tradução do francês da responsabilidade do Grupo Disciplinar de Filosofia da Escola Secundária de Madeira Torres, Torres Vedras. A 21 de outubro, 2016, acesso parcial em http://www.unesco.org/new/fr/social-and-human-sciences/themes/most-programme/humanities-and-philosophy/philosophy-at-unesco-past-and-present/

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