sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Parabéns, Aristóteles (2)


A UNESCO declarou 2016 como o ano de Aristóteles


…e aqueles que por obras valerosas se vão da lei da Morte libertando…




Há cerca de 2400 anos, Aristóteles escreveu assim sobre a AMIZADE

«Posto isto, analisemos agora a amizade. De facto, trata-se de uma certa excelência, ou algo de estreitamente ligado à excelência; além disso, é do que mais necessário há para a vida. Pois ninguém há-de querer viver sem amigos, mesmo tendo todos os restantes bens. E até os ricos, os que têm posição e poder, têm uma necessidade extrema de amigos. Que vantagem haveria numa tal prosperidade se lhes tivesse sido retirada a possibilidade de fazer bem, sobretudo quando fazer bem aos amigos é o melhor e mais louvável que há? Ou de que outro modo poderá ser cuidada e preservada a prosperidade assim sem amigos? Pois quanto maior for a prosperidade, tanto maior é a insegurança que se sente. Assim, tanto na miséria como nas desgraças, pensa-se sempre que os amigos são o nosso único refúgio. Os amigos são uma ajuda para os mais novos, ao evitarem que façam disparates; e para os mais velhos, por cuidarem deles e por suprirem à perda crescente de autonomia que resulta da sua fraqueza. Mas para os que estão na força da vida, os amigos são uma ajuda para a realização de ações excelentes. (…) Na verdade, com amigos, somos capazes de pensar e de agir melhor. A amizade encontra-se, como fenómeno natural, tanto na relação do progenitor a gerado, como na relação de gerado ao seu progenitor, e assim é não apenas entre Humanos, mas também entre as aves e a maior parte dos animais. A amizade manifesta-se assim entre os seres de um mesmo género, sobretudo entre os seres Humanos. (…) A amizade não é, então, apenas uma das coisas necessárias à existência humana, mas é também bela. Assim, louvamos os que são amigos dos seus amigos, pois ser amigo de muitas pessoas parece uma das coisas belas que existem. Muitos pensam ainda que é a mesma coisa, ser um bom homem e ser um bom amigo.»

Aristóteles, Ética a Nicómaco, Livro VIII, 1155 a 1-30, tradução de António C. Caeiro, Lisboa, Quetzal Editores, 2004

Distribuímos este texto pela escola...

2 comentários:

  1. "...é do que mais necessário há para a vida". Grande, grande Aristóteles. Lá onde estás - e tens de estar em algum lado que uma cabecinha dessas não se apaga, não me venham cá falar de morte e fim e essas coisas que agora não me apetece que sejam verdade -, lá onde estás dizia eu, recebe os meus mais sinceros agradecimentos por teres nascido e portanto mil obrigados por também teres escrito - que isto, sem escrita pouco sabíamos, não há um Platão escriba a cada canto e são mesmo muito difíceis de encontrar que até hoje só houve um -. E pronto: PARABÉNS A VOCÊ:)

    ResponderEliminar
  2. só não se entende como é que Aristóteles conseguiu ser amigo de muitas pessoas. É que os amigos dão trabalho, gostamos de passar tempo com eles, discutir assuntos, conversar, festejar. Como é que poderemos fazê-lo se forem muitos?! Ou há vários graus de amizade e alguns são pouco exigentes e portanto já podem ser muitos...
    Ser um bom homem é igual a ser um bom amigo? Que é que vocês acham...

    ResponderEliminar