segunda-feira, 13 de julho de 2020

Visita de Estudo à Casa de Saúde do Telhal - sobre a doença mental (2)

Nesta publicação apresentamos excertos do conteúdo da brochura distribuída na altura aos nossos alunos.

Quadro atribuído a Hieronymus Bosch (entre 1475 e 1480, data provável).
A inscrição do quadro é "Mestre, tira-me depressa essa pedra, meu nome é Lubber Das" (Lubber Das era um personagem satírico da literatura holandesa que representava a estupidez) 

Perturbação Mental em Números



  • Mais de um quinto dos portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica (22,9%).
  • Portugal é o segundo país com a mais elevada prevalência de doenças psiquiátricas da Europa, sendo apenas ultrapassado pela Irlanda do Norte (23,1%).
  • Entre as perturbações psiquiátricas, as perturbações de ansiedade são as que apresentam uma prevalência mais elevada (16,5%) seguida pelas perturbações do humor, com uma prevalência de 7,9%.
(dados da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental) 






"Antes, os loucos tinham de ser separados da sociedade e a doença mental grave não tinha muito tratamento. Melhorou muito, mas um dos grandes problemas da psiquiatria continua a ser o estigma.Havia enfermeiros especializados em levar as pessoas à força para hospitais onde ficavam a vida inteira. Hoje não é assim, felizmente, mas temos de trazer a psiquiatria para o dia a dia. E, sobretudo, ajudar as famílias. Há psicofármacos muito importantes mas não são suficientes, é preciso fazer um trabalho de psicoeducação junto das famílias. Dar-lhes apoio porque as pessoas vão viver mais, terão a doença controlada durante mais tempo, mas se não dermos apoio às famílias, os doentes não vêm ao tratamento e os familiares não sabem lidar com a situação.A Júlia [Pinheiro] teve uma filha internada no nosso serviço em Santa Maria, assumiu e foi útil para o tratamento das anoréticas. É fundamental tirar a vergonha dos temas da psiquiatria. A ideia do louco ainda é muito estranha.[O que me fez escolher a Psiquiatria foi tentar compreender o amor e o ódio, a guerra e a paz. […] Nisso, a psiquiatria não me ajudou, mas tornou-me mais humano."



Excertos da entrevista a Daniel Sampaio,  Jornal Expresso de 23 de out. 2016, disponível em https://expresso.pt/sociedade/2016-10-23-Daniel-Sampaio-A-psiquiatria-nao-me-fez-entender-o-amor-mas-tornou-me-mais-humano. Consulta a 27 de janeiro 2020



1 comentário:

  1. Os dados apresentados da "Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental" parecem-nos bastantes importantes e interessantes porque acabam por refletir um pouco para onde a nossa sociedade está encaminhada, sendo Portugal um mau exemplo no que consta a saúde mental da população. Estes números, especificamente os portugueses, revelam o estigma que ainda está muito prevalente na nossa sociedade, que acaba por afetar, não só as pessoas que batalham todos os dias contra as mesmas, mas também as que são afetadas indiretamente.
    Com o acesso à informação nos dias de hoje, pessoas com variadas doenças mentais já não são tão vistas como "loucas", mas, infelizmente, o nosso país apresenta uma população envelhecida que, por vezes, recusa a modernidade, facto que apenas contribui para o lugar no pódio de Portugal em relação à prevalência de doenças mentais.
    Como referido na entrevista, "é preciso fazer um trabalho de psicoeducação junto das famílias", de modo a que este estigma desapareça rapidamente, permitindo a criação de um ambiente saudável para o tratamento destas doenças, que são tão válidas como quaisquer outras.

    Cristiano Santos nº9 e Maria Ferreira nº24 12ºH

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