«A parte mais interessante de toda a visita foi o contacto com os utentes, que se realizou da parte da tarde.
Pessoalmente, a primeira interação foi muito difícil para mim, pois o paradigma das pessoas com quem falei era muito diferente do meu, uma vez que essas pessoas estão a passar por um processo de reabilitação e que sofrem de uma doença que os faz ver as coisas de forma diferente e reagir a situações de forma diferente. Sendo, para mim a primeira vez em contacto com pessoas com doenças mentais, ao início tive algum receio de interagir com os mesmos, pois não sabia como era a sua forma de reagir, falar e interagir com desconhecidos. O que ao início mais que assustou foi o facto de nós sermos os intrusos no espaço deles e eles não nos conhecerem e por isso não sabia como seria o modo deles de reagir.
Foi uma experiência pesada, no sentido em que é difícil ouvir as histórias de vida destas pessoas, o modo como se sentem e saber que têm de passar por muito para voltar a integrar-se na sociedade, sem serem julgados. Foi uma experiência enriquecedora, apercebi-me um pouco do estigma que estas pessoas passam, aprendi que estas pessoas são vistas por muitos como estranhos e perigosos e que é nosso dever tentar mudar a mentalidade das pessoas para que a comunidade possa ajudar estas pessoas (doentes mentais que já estejam reabilitados).
Aprendi, também, que uma pessoa que sofre com uma doença mental necessita de reaprender várias coisas como,
aprendizagens cognitivas, motoras e sociais. Têm de aprender a interagir com outras pessoas, a trabalhar em grupo, a respeitar os colegas de trabalho. Por via da arte, da jardinagem ou da agricultura desenvolvem as capacidades
motoras e cognitivas. Usam a arte como meio de comunicarem e exprimirem aquilo que sentem e que não
conseguem exportar por palavras. Aprendi a importância das palavras e o modo como as usamos. Aprendi isto através da interação que tive com um determinado utente que tinha muita dificuldade em falar e foi através da paciência e de usar um tom de voz calmo que consegui que ele tivesse algum à vontade para falar comigo. Uma pessoa que ainda não está à vontade para falar, precisa que o estimulemos calmamente, pacientemente e com as palavras certas. O doente precisa do seu tempo para ganhar coragem e falar.
Apesar de ter sido uma experiência enriquecedora eu não voltaria a fazer uma visita de estudo a uma Casa de Saúde.
Isto porque é uma experiência forte que apesar dos seus pontos positivos, tem pontos negativos que não sei até que
ponto estaria disposta a passar outra vez. Todavia, não deixa de ser interessante perceber o paradigma das pessoas que por motivos de doença mental têm de ser internadas para poderem voltar a ter uma vida autónoma e saudável.
Relativamente ao tópico que gostaria de aprofundar o meu conhecimento em aula, seria a discriminação social existente perante uma pessoa que tem uma doença mental. Visto que com toda esta experiência apercebi-me que muitos sofrem deste estigma, apesar de já estarem reabilitados, terem a sua vida e alguns até terem um curso de formação numa determinada área. A discriminação no mercado de trabalho e no dia-a-dia de uma pessoa reabilitada é difícil e gostava de aprofundar o meu conhecimento neste tópico de modo a perceber como se pode tentar diminuir o estigma existente na sociedade perante estas pessoas.»
C.P, 12º I
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